A elegância do ouriço

A elegância do ouriço Muriel Barbery




Resenhas - A Elegância do Ouriço


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Márcia Almeida 03/07/2017

Grata surpresa!
Personagens marcantes com reflexões das coisas cotidianas que deixamos passar. Lindo capítulo real e dolorido que trata da velhice.
O uso de referências literárias pela personagem nos deixa aguçados por ler sempre mais, aquele tipo de livro que dá vontade de tomar uma xícara de chá com
os personagens...
Garantia de boa leitura...
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Mari 14/06/2017

Maravilhoso!
Não consigo descrever o quanto amei este livro e seus personagens.
Esta é uma leitura que indico para todos! Um texto que ao mesmo tempo te emociona e faz rir...
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Arcan 11/06/2017

Inspirador
Esse é o tipo de livro que te faz refletir sobre o sentido de tudo, te fazendo sonhar com os pés no chão. Me surpreendi com as histórias e reflexões de Paloma e Renneé,como se as duas fizessem parte de mim e dos meus pensamentos. Mais surpreendente são as referências que a autora usou, que me tocou mais ainda.
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Nádia 02/05/2017

#resenhapomarliterario A elegância do ouriço
"A sra. Michel tem a elegância do ouriço: por fora, é crivada de espinhos, uma verdadeira fortaleza, mas tenho a intuição de que dentro é tão simplesmente requintada quanto os ouriços, que são uns bichinhos falsamente indolentes, ferozmente solitários e terrivelmente elegantes."
Há muito tempo que não me deleito com uma obra tão estética e ao mesmo tempo tão filosófica e profunda. Que riqueza de vocabulário, a cada página era tomada por um prazer inenarrável, por sentimentos maravilhosos de condescendência, êxtase e plenitude. A concierge de 54 anos escondendo sua inteligência por trás de supostos hábitos ordinários, num prédio de moradores abastados. A pequena Paloma de 12 anos e meio, que também tenta mascarar todo seu fascinante intelecto tentando se passar por uma reles pré adolescente tonta prestes a cometer suicídio. Um japonês milionário, simpático e sensível capaz de enxergar os seres humanos incríveis que elas são. Uma amiga portuguesa, faxineira com alma de princesa e comportamento aristocrático. Essa é a fórmula que me fascinou, me deixou boquiaberta a cada pensamento profundo, a cada movimento do mundo. Me deixou com vontade de não mais olhar, mas VER verdadeiramente as coisas, as pessoas, VER a vida e sua incrível dialética. A leitura trás à tona questões que nenhuma vida vivida a fundo deveria evitar: o tempo e a eternidade, a justiça e a beleza, a arte e o amor. A morte como destino inevitável e a consciência da finitude tratadas de forma tão natural só aumentaram meu encantamento pela obra. Ainda estou em busca de um adjetivo que consiga expressar a perfeição literária que é essa obra. Sem dúvida número 1 no meu ranking atual. ♥♥

site: https://www.instagram.com/p/9ryqYKmv4y/?taken-by=pomarliterario
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Desireé (@UpLiterario) 15/04/2017

A elegância de um livro impecável. (@UpLiterário)
Existem livros e existem Livros. Este é um Livro em todas as suas formas: nos personagens incríveis, na narrativa impecável, na fluidez da história, no bem desenhado cenário, nas aventuras e desventuras das protagonistas e nas lições que ele lhe proporciona. É um Livro completo e mágico, para ler e reler.
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Nele vamos conhecer duas histórias: da zeladora e da garotinha moradora de um prédio chique em Paris. O livro intercala ambas as narrativas, vivências e experiências delas com os demais moradores do prédio, evidenciando às semelhanças entre as duas, pessoas de idades, criações e vidas completamente diferentes. A beleza está na falta de sutileza e na ironia de suas falas, no modo como veem a vida e nos atos mesquinhos e pequenos de seus vizinhos, burgueses caricaturados pela óticas das duas protagonistas.
A garotinha está decidida, no dia do seu 13° aniversário irá botar fogo no apartamento da família e tirar a própria vida. Ela quer que seus pais percebam que podem viver sem estarem cercados de bens inúteis e fúteis e que o mundo lá fora tem muito mais problemas do que aqueles que eles conseguem enxergar com seus pequenos olhos e mentes.
Renée, por outro lado, quer apenas passar a vida toda despercebida. Interpretar o papel de zeladora ignorante e rasa, enquanto desfruta dos grandes prazeres intelectuais, artísticos e culinários do mundo. Sempre escondendo de todos a sua real identidade.
E é quando um novo morador chega ao prédio que a vida das duas se aproxima e um final arrasador irá mudar o destino de todos.
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As denúncias sociais dão um toque leve e açucarado à história, a partir dos relatos das protagonistas, tão semelhantes e, ao mesmo tempo, tão distantes. A forma como ambas narram suas vidas e o contato com os demais personagens é feito de maneira irônica e sarcástica, tirando boas risadas do leitor e encantando-o com a escrita lírica da autora. As palavras dançam pelas páginas sob lindos e diferentes sons, conforme o presente ou o passado são narrados, cada um entoando a sua própria melodia. É belo, mágico, você não vai conseguir parar de ler e, ao mesmo tempo, não vai querer que ele termine nunca.
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Livro mais que recomendado, é leitura obrigatória!

site: www.instagram.com/upliterario
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Carla.Gomes 09/04/2017

A crueza da vida
Muito, muito bom! Os nossos preconceitos são escancarados e o que mais me deixou impressionada foi o choque com a crueza da vida, apesar de saber que é o que temos de mais concreto e que não temos como mudá-la.
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Franco 02/04/2017

Comédia romântica afrancesada
Livro que assusta um pouco no início.

Apostando em reflexões teóricas bem teóricas e bem reflexivas, a leitura pode cansar quem busca parágrafos mais digestíveis e temas mais corriqueiros. Filosofia, política, psicologia, sociologia: as ideias dos personagens transitam frequentemente por esses campos, exigindo certa disposição do leitor para não se cansar com elas.

Mas não, não é um livro chato ou acadêmico. De suas páginas vão brotando um humor ácido e sarcástico, salpicados com boas sacadas da nossa vida cotidiana, e isso vai tornando a leitura bem gostosa.

E o fato de serem duas narradoras-personagens alternando os capítulos, e o fato de serem capítulo curtos, dá um dinamismo legal e agradável, com justas pausas para absorvermos as reflexões sobre fenomenologia ou sobre o sentido da vida.

As narradoras-personagens, por sua vez, são adoravelmente ranzinzas, azedas e desiludidas, o que torna aquelas reflexões divertida e criativas.

Entretanto, o livro peca ao tentar construir uma 'moral da história'. Toda sua carga filosófica é rendida no desfecho, se aproximando muito de livros comuns e sem criatividade. Na verdade, conforme a história progride, fica mais e mais com ares de comédia romântica
(só que afrancesada e intelectualizada). O que é uma pena, pois parece perder bastante do que construíra até então.

Ainda assim a leitura vale a pena.
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Luana Alcântara 02/04/2017

Elegante, sensível e filosófico
Este livro a meu ver é incrível. Sensível, profundo, filosófico mas sem ser enfadonho. Apresenta duas personagens de classes sociais diferentes, mas que por uma razão quase em comum, optam por se esconder e omitir quem são na realidade. Até que um terceiro elemento é introduzido na trama e altera o rumo de suas percepções sobre a realidade, a vida, proporcionando mudanças profundas em suas visões sobre a humanidade.
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mardem michael 10/03/2017

Muita reflexão!
Esse livro foi uma grata surpresa. Quer um livro que aborda literatura clássica, filosofia e arte de um forma mais leve? A elegância do ouriço traz isso. Nessa obra, Muriel Barbery, nos traz a rotina de moradores de um prédio de luxo na cidade de Paris. Acompanhamos duas narrativas - a de Renée a zeladora ranzinza e inteligente do prédio. Adora alta literatura, arte, filosofia e sociologia, mas não deixa que ninguém saiba disso. Prefere viver no anonimato do trabalho proletário longe das artimanhas da classe rica como ela define. Outra narrativa é constituída pelo ponto de vista de Paloma, uma jovem inteligente e rica que mora no mesmo prédio em que Renée trabalha, mas que não gosta de sua vida e tem um pouco de antipatia por sua família burguesa e esnobe. Paloma pretende se matar e colocar fogo no apartamente de sua família (sem eles lá dentro, claro!). Ao longo dos capítulos vamos conhecendo diversos personagens que moram no prédio em questão de uma forma filosófica e divertida. Apesar de Renée não ser tão bonita e pouco vista pelos moradores do prédio vai se tornar fundamental na vida de alguns personagens. Não gostei muito do final do livro, pois não acaba de forma alegre (que era a forma que eu esperava). Mas literatura é assim! Gostei muito do livro!
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Ruh Dias (Perplexidade e Silêncio) 08/03/2017

Já Li
A literatura francesa me atrai, de tempos em tempos, pois acredito que os escritores deste país costumam ter narrativas mais existenciais e filosóficas, em comparação com escritores americanos ou ingleses, por exemplo. Por isso, quando vi que Muriel Barbery é uma escritora naturalizada francesa, me interessei em conhecer mais sobre sua obra.

Mas, antes de falar sobre "A Elegância do Ouriço", um pouco mais sobre Barbery: nascida no Marrocos, sua família mudou-se para a França quando ela ainda era um bebê. Ela é formada em Filosofia e viveu dois anos no Japão, antes de decidir tornar-se escritora. A formação em Filosofia é notória logo no primeiro capítulo do livro e o tom de "estudo existencialista" irá permear a obra até o fim.


"As pessoas creem perseguir as estrelas e acabam como peixes-vermelhos num aquário. Fico pensando se não seria mais simples ensinar desde o início às crianças que a vida é absurda. Isso privaria a infância de alguns bons momentos, mas faria o adulto ganhar um tempo considerável - sem falar que, pelo menos, seríamos poupados de um traumatismo, o do aquário." (A Elegância do Ouriço, de Muriel Barbery)

O livro é contado a partir do ponto-de-vista de duas protagonistas: Renée e Paloma, ambos em primeira pessoa e em capítulos alternados. Elas representam os dois opostos da sociedade francesa: Renée é a zeladora de um prédio de alto padrão em Paris e Paloma é a filha de uma das famílias burguesas. No entanto, ambas não correspondem aos estereótipos de suas respectivas classes sociais.

Renée, 54 anos, embora seja do protelariado, é muito intelectual. Ela leu todos os filosófos, conhece profundamente o trabalho de Karl Marx e Kant e gosta de assistir filmes alternativos e conceituais. No entanto, ela evita contar seus hobbies para as pessoas, pois ela teme que ninguém vá acreditar que ela, uma pessoa de origem pobre e humilde, possa ser culta. No prédio, nenhum morador lhe dedica particular atenção, afinal, "ela é apenas uma zeladora" e sua invisibilidade perante os moradores acentua ainda mais as diferenças sociais.

Paloma, 12 anos, é muito madura para a sua idade e é a filha mais velha de uma família rica extremamente tradicional e conservadora. Ela despreza seu pai, um parlamentar, sua mãe, uma "madame fútil", e sua irmã mais nova, mimada. Assim, Paloma se refugia na cultura japonesa e nos seus diários, onde registra, em um, pensamentos profundos e, em outro, os movimentos do mundo ao seu redor. Ela decide que cometerá suicídio quando completar treze anos, a não ser que encontre algo no mundo que realmente valha a pena experienciar.

"Em suma, acho que o gato é um totem moderno. Por mais que se diga, por mais que se façam grandes discursos sobre a evolução, a civilização e um monte de palavras em "cão", o homem não progrediu muito desde seus primórdios: continua a crer que não está aqui por acaso e que deuses em sua maioria benevolentes zelam por seu destino." (A Elegância do Ouriço, de Muriel Barbery)

Em um determinado momento, Reneé e Paloma começam a se relacionar, a despeito da diferença de classe social e de idade entre elas.

O livro trata, predominantemente, dos estereótipos que a classe social determina. Os demais moradores do prédio tem aparições pontuais ao longo da narrativa e tais aparições, de forma geral, servem para reforçar estes estereótipos. A questão social é tratada de forma filosófica, o que pode cansar alguns leitores que esperam ação e conflito. A escrita de Barbery é cheia de alegorias, ou seja, o uso de expressões que significam além do literal, e esta é outra característica do livro que pode torná-lo maçante para alguns.

Particularmente, o que me manteve entretida na estória foi saber, a final de contas, se Paloma cometeria suicídio ou não. Ela é uma personagem bastante cativante e Barbery a escreveu com louvor. No entanto, o restante do enredo não me prendeu e as discussões filosóficas, interessantes no início, tornaram-se repetitivas ao longo do livro.

Ainda pretendo ler outro livro de Barbery, chamado "A Vida dos Elfos", para formar uma opinião mais embasada sobre a escrita dela.

site: http://perplexidadesilencio.blogspot.com.br/2017/03/ja-li-37-elegancia-do-ourico-de-muriel.html
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@livrodegaia 07/03/2017

Reflexivo, com humor sarcástico e cheio de referências culturais. Muito bom!

“A SRTA. MICHEL TEM A ELEGÂNCIA DO OURIÇO: POR FORA, É CRIVADA DE ESPINHOS, UMA VERDADEIRA FORTALEZA, MAS TENHO A INTUIÇÃO DE QUE DENTRO É TÃO SIMPLESMENTE REQUINTADA QUANTO OS OURIÇOS, QUE SÃO UNS BICHINHOS FALSAMENTE INDOLENTES, FEROZMENTE SOLITÁRIOS E TERRIVELMENTE ELEGANTES”.

A história de “A Elegância Do Ouriço”, romance da escritora francesa Muriel Barbery, publicado no Brasil pela Companhia das Letras, se passa em um edifício residencial de alto luxo em Paris e é narrada em primeira pessoa por duas personagens: de um lado temos Paloma, uma jovem de 12 anos de idade com inteligência acima da média, rica herdeira de uma das oito famílias moradoras do prédio, que desiludida com as pessoas e com a vida decide colocar fogo no apartamento e se suicidar assim que completar 13 anos; do outro lado temos Renée (sra. Michel), 54 anos, há 27 trabalhando como concierge desse edifício, viúva, que se autodefine como sem estudo (ela não teve educação formal), pobre, baixinha, feia, gordinha, discreta e insignificante.

Embora Renée faça questão de corresponder ao estereótipo de zeladora que mora no imaginário coletivo (velha, feia, rabugenta, que assiste TV o dia todo enquanto seu gato gordo cochila no sofá), ela é na verdade uma senhora culta, autodidata, leitora voraz, entendedora de arte, apreciadora da boa gastronomia, da boa música e do cinema (o livro tem muitas referências), além de ser possivelmente mais instruída do que todos os que arrotam erudição naquele prédio. Mas quem se preocupa em olhar duas vezes para uma pobre concierge? A história ganha novos ares com a chegada de um novo morador que vai, entre outras coisas, ligar os caminhos de Renée e Paloma.

A obra aborda diversos assuntos de cunho filosófico, deixando a narrativa por vezes densa – apesar da linguagem simples e bela –, mas ao mesmo tempo é o que a torna tão interessante. Fiz várias marcações ao longo da leitura, que por sinal, gostei bastante. Conforme acompanhamos o monólogo interno das narradoras (o livro não tem muitos diálogos), percebemos o quão parecidas elas são, não só por serem inteligentes ou por preferirem a invisibilidade social, mas principalmente pela percepção de mundo. Ambas têm um olhar bem crítico e o sarcasmo é constante no fluxo de pensamento das duas, o que dá um toque de humor que diverte o leitor.

Apesar de eu ter gostado MUITO, sei que não é um romance que vai agradar a qualquer pessoa, por ter um enredo simples e não trazer grandes acontecimentos. Mas para quem gosta de livros introspectivos, que incitam a reflexão e que levantam questões importantes, fica aí a dica de uma excelente leitura.

Instabook: livrodegaia
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Ju 14/02/2017

Quando comecei o livro não fazia idéia do que se tratava e já nas primeiras páginas o livro me ganhou. A autora tem o tipo de escrita que me atrai, profunda, metafórica e divertida. Me envolvi muito neste livro porém achei que a história demorou muito a desenrolar e realmente o final me pegou de surpresa. Ainda estou absorvendo toda esta história ma posso descrever este livro como elegante, filosófico, delicado, tocante, suave e de ensinamentos marcantes.
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helmalu 31/01/2017

Melhor livro da minha vida

"[...] pensei que, afinal, talvez seja isso a vida: muito desespero, mas também alguns momentos de beleza em que o tempo não é mais o mesmo." (p. 350).

O texto de hoje não pode nem ser considerado uma resenha. Vai ser algo próximo a uma ode, uma homenagem, ao livro A elegância do ouriço. Existem alguns livros que eu leio e os coloco na categoria life changing book, ou seja, aqueles livros que, de um modo ou de outro, me fizeram refletir muito e que me deixaram uma profunda impressão. Esse é o caso deste livro maravilhoso:

Nunca havia lido nada da autora e agora quero ler tudo!
Toda a narrativa é ambientada num condomínio de luxo, no qual as duas protagonistas moram. Uma é Paloma, uma menina de doze anos proveniente de uma família rica. Paloma é uma menina muito, MUITO inteligente, mas seus pais e sua irmã sequer notam isso e acham que ela é esquisita. A verdade é que ela é uma menina muito consciente da podridão do mundo, digamos, e sabe muito bem que a vida não é um mar de rosas, baseada nas observações comportamentais que faz das pessoas próximas a ela. Sendo assim, ela decide que, no aniversário de treze anos, vai cometer suicídio e incendiar o apartamento. Dramático? Sim. A única coisa que a impediria de por em prática esse seu plano seria se ela encontrasse um sentido para a vida antes.

"Fico pensando se não seria mais simples ensinar desde o início às crianças que a vida é absurda."(p. 20)

A outra protagonista é Renée Michel, a concierge (porteira, zeladora) do condomínio, uma senhora viúva, baixinha, gordinha e que os moradores tratam como é de se esperar que os ricos tratem os subalternos: com desprezo. Renée sabe de sua condição de invisibilidade no ambiente em que vive, o que ninguém sabe é que ela é uma verdadeira intelectual: lê alta literatura e aprecia arte e música. Tem até um gato chamado Leon (em homenagem a Tolstói). Ela constrói um disfarce para que todos acreditem que ela é uma medíocre concierge, aproveitando o estereótipo da sua profissão e classe social:

"A Sra. Michel tem a elegância do ouriço: por fora, é crivada de espinhos, uma verdadeira fortaleza, mas tenho a intuição de que dentro é tão simplesmente requintada quanto os ouriços, que são uns bichinhos falsamente indolentes, ferozmente solitários e terrivelmente elegantes."(p. 152)

Eu achei essa comparação feita por Paloma muito sublime, poética demais! E pelo visto vocês podem perceber que a identidade secreta de Renée foi desvendada! Esta é uma das reviravoltas da estória, quando Paloma e o novo e misterioso morador do condomínio, o Sr. Ozu, unem suas suspeitas e chegam à conclusão de que Renée não é uma simples concierge. A partir daí, uma amizade, à primeira vista improvável, surge entre os três, e é lindo!

***

Toda a escrita do livro é feita em forma de romance epistolar, o que faz com que o leitor sinta-se íntimo das protagonistas e consiga entender seus dilemas, o contexto de suas vidas e o que motiva suas decisões. Quero dizer que Paloma e Renée são duas personagens muito cativantes - não vou nem citar o fato de que elas gostam de gatos, literatura e gramática - e, apesar de diferentes entre si, uma rica e criança, outra pobre e adulta, possuem muitas coisas em comum. E essa perspectiva que o livro traz, para mim, é a mensagem mais importante: ricos ou pobres, todos nós somos iguais. Aquilo que somos não é ditado pelas aparências. Não importa se moramos em um apartamento de 400 metros quadrados ou em uma casinha de porteiro, os problemas e as angústias são inerentes ao ser humano e não escolhem classe social, cor, nacionalidade... A felicidade é uma quimera a qual todos nós corremos atrás. Quem nunca se perguntou qual é o sentido de tudo o que vivemos, e porque estamos aqui, qual o propósito de tanto sofrimento e luta se a existência nessa Terra é finita!?
De início o leitor pode até questionar: "Do que essa menina mimada está se queixando? Muitos sonham em ter a vida que ela tem!" ou "De que adianta estudar e ler tanto se ninguém se importa com isso, se ninguém repara?". Eu digo que a leitura vale a pena cada vírgula!

A edição que li foi gentilmente emprestada pela Paula, do blog Caçando ouriços, que depois de muitos argumentos me convenceu que esse é um livro incrível. Agora eu quero comprar uma edição para mim e guardá-la num potinho ❤

Dentre as reflexões que o livro propõe, uma delas é a crítica a uma sociedade que vive de aparências, principalmente à classe "nobre", cujos modos de vida são superficiais. Paloma, em certo momento, justifica a vontade de deixar este mundo, pois já sabe o destino que a aguarda: casar com um homem rico, de família, e levar uma vida muito parecida com a da sua própria mãe, que é escrava dos antidepressivos e que mascara sua infelicidade servindo chás às amigas e cuidando das plantas. É compreensível que Paloma sinta-se insatisfeita com a vida diante do que ela relata ao leitor.

"Não se deve esquecer que o corpo definha, que os amigos morrem, que todos nos esquecem, que o fim é solidão. Esquecer muito menos que esses velhos foram jovens, que o tempo de uma vida é irrisório, que um dia temos vinte anos e, no dia seguinte, oitenta." (p. 138).

Esse é mais um livro que eu leio por indicação (da Paula que escreve no Caçando ouriços e que ama tanto o livro que batizou o blog assim!) e que vai direto para minha lista de favoritos da vida. O dilema da minha leitura foi querer saber o desfecho e se Paloma se suicidaria, mas, ao mesmo tempo, não querer que a estória chegasse ao fim, pois eu previa um final pesado e triste, afinal, toda a narrativa se encaminhava para isso. Mas eis que ao fim, quando tudo estava quase um mar de rosas... bom, não revelarei o que acontece, só digo que terminei a leitura aos prantos e que o fechamento da estória me deixou completamente surpresa e desidratada. Se você gosta de drama e se gosta de livros que são reflexivos, filosóficos e que utilizam metaliteratura, que é quando a literatura fala da própria literatura como elemento da narrativa, ou seja, livros que falam sobre livros ❤, esse é o livro certo para você! Se resolver embarcar nessa leitura linda, prepare os post-its, afinal são muitas citações memoráveis, e uma caixa de lencinhos, porque vai precisar! Posso dizer que o livro tem uma temática pesada, e que muitas vezes, enquanto lia, me senti triste e melancólica, mas, mesmo assim, é desse tipo de livro que gosto. Gosto de livros que cutucam a ferida, livros que me fazem pensar e que me tiram da zona de conforto. E A elegância do ouriço é tudo isso e muito mais; é poético, é belo, é emocionante, faz rir e chorar, é irônico e também provocador. É meu mais novo livro favorito! Depois de tudo isso eu preciso dizer que eu recomendo esse livro?


BARBERY, Muriel. A elegância do ouriço. (Tradução de Rosa Freire d´Aguiar). São Paulo: Companhia das Letras, 2008. 350 p.


site: http://leiturasegatices.blogspot.com.br/
vanessa 24/02/2018minha estante
Adorei sua resenha,deu vontade de ler,adoro livros que "tocam a ferida".


helmalu 24/02/2018minha estante
Vanessa, leia! Vc não vai se arrepender!


vanessa 25/02/2018minha estante
Comecei a ler e estou gostando muito, visto que sempre tive crises existenciais haha. Você disse que gosta de livros que "tocam a ferida", tem mais algum para me indicar?


helmalu 26/02/2018minha estante
Tenho sim! A metamorfose do Kafka é um deles, muito mais cru que esse da Muriel. A cor púrpura de Alice Walker. A desumanização de Valter Hugo Mãe é uma obra prima da melancolia. Além de todos os da Clarice Lispector né


vanessa 26/02/2018minha estante
A metamorfose eu li, realmente causa um incômodo na gente. A desumanização tentei ler, creio que não era a hora pois achei a narrativa um pouco cansativa pela forma que é escrita, mas vou tentar novamente em outra ocasião. Vou baixar "a cor púrpura" para ler. Obrigada pelas recomendações!




Andy 17/01/2017

Indignada!
Só não vou revelar as causas da minha indignação porque seria um baita spoiler.
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Glauciany.Santana 03/01/2017

Livro super sensível e emocionante. Contado do ponto de vista de duas pessoas que moram em um prédio em Paris, a concierge desse condomínio, que guarda um segredo muito interessante, Renné e uma das moradoras, Paloma, uma menina de 13 anos com uma inteligência e sensibilidade acima da média, suas inserções são feitas por meio de seu diário que é divido em Pensamentos Profundos e Diário de movimento do mundo. As duas são unidas por um terceiro personagem, Kakuro Ozu, um senhor muito carismático e que aprendemos a amar como se fosse um velho amigo. Com vários questionamentos filosóficos e humanos, somos levados a pensar sobre o que é realmente importante na vida. Foi uma das leituras mais importantes que fiz em 2016 e na minha vida inteira, com certeza vou reler em outro momento da vida. É aquele tipo de livro que terminamos com um calorzinho no coração e a sensação de esperança em tempos melhores.
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