PorEssasPáginas 11/03/2020
Drauzio Varella merece o título de “melhor pessoa” e isso não é um meme. Em um mar de insanidade, ele é o homem mais sensato desse Brasil, tão insano ultimamente. Vê-lo falar em seu canal do Youtube me traz paz (além de informação, é claro). Já ler seus livros me traz reflexão – sobre a sociedade brasileira tão doente, sobre a nossa triste desigualdade social, sobre a vida nas periferias e sobre a vida dentro das cadeiras, principalmente. É curioso, mas estou lendo sua série sobre as prisões brasileiras de trás pra frente – comecei com o indispensável Prisioneiras (resenha) e agora li Carcereiros, tão bom quanto, mas essa ordem maluca não compromete a leitura, fiquem tranquilos (para quem é rebelde como eu ~risos~). Esse último, uma obra com histórias de agentes penitenciários, é mais uma obra rica em histórias de homens anônimos que arriscam suas vidas diariamente e conhecem o que há de mais terrível na humanidade.
Fascinado desde criança por histórias de bandidos, Drauzio cresceu para se tornar um médico dedicado, que há muitos anos atende dentro de cadeias de São Paulo em um trabalho humanitário importante e dificílimo. Ali, ele vê muita tristeza e violência, o pior da humanidade, mas também vê o melhor dela; a solidariedade, a amizade e o desprendimento – tanto de agentes penitenciários quanto até mesmo de presos. Mas seus livros nunca são sobre ele mesmo: o autor fica à vontade sendo apenas o contador das histórias dos verdadeiros protagonistas, esses personagens anônimos, que se arriscam, ganham pouco, fazem bico, mas todos os dias são encarcerados mesmo sem terem cometido nenhum crime.
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Ler esse tipo de crítica social, nas palavras embasadas e pacientes do autor, nos faz refletir sobre como nossa sociedade está doente, em como estamos fechando os olhos para as questões mais cruciais da situação do nosso país. Construir um Brasil menos desigual, preocupar-se com as camadas mais humildes e também com os presidiários, além de ser uma questão de direitos humanos também afeta o modo como todos vivemos. Já passou da hora de acordarmos para o fato de que é exatamente a desigualdade social que gera tamanha violência e infelicidade. Não há progresso em um país onde todos não tenham as mesmas condições de terem uma vida digna.
Resenha completa no blog!
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