Danniki 28/07/2023
O QUE ERA PARA SER SCI-FI VIROU UM ROMANCE FILOSÓFICO
A história foi publicada nos anos 60 pelo russo Stanislaw Lem (1921 - 2006), e tenho curiosidade para compartilhar com você! O próprio autor expressou a decepção após ler sua obra traduzida para inglês, ele era fluente no idioma e afirmou que o trabalho da tradução estava longe de ser fiel à história dele. Somente em 2014, sua obra foi traduzida fielmente, e a família do autor agradeceu pelo respeito!
Não se brinca com tradução, criatura!
Acho que o fato de eu querer ler esse livro há uma década afetou o meu julgamento da trama. O livro começa como sci-fi e termina como um romance filosófico, algo que eu não esperava. Ironicamente eu leio a sinopse, sinto que li um outro livro. O protagonista ser um psicólogo é um detalhe irrelevante, já que no enredo ele não atua como um. Ele é um cientista também, mas não o vejo como um. É estranho ele chegar no local e ter uns comportamentos contraditórios com as profissões dele, e em nenhum momento há uma comunicação externa para reportar relatórios, exceto quando chega o desfecho, que é quando alguém lembra de reportar um relatório após uma experiência estranhamente fracassada. Por isso acredito que a minha expectativa se foi com o meu julgamento do enredo.
A obra foca no Kris que chega em Solaris, o planeta. Lá, ele se depara com dois cientistas que aparentam estar perturbados até acontecer o mesmo com ele: ele vê uma pessoa que faleceu há anos, essa pessoa está viva e conversa com ele como se nunca tivesse morrido. Não se trata de uma aparição fantasmagórica, mas um possível monstro que Solaris criou para ele.
Juro que a história é interessante! O autor era um médico, então é comum a ciência questionar a existência de um Deus, assim foi entendido no livro. O questionamento sobre a existência de um alienígena, os humanos querem respostas que nem sempre terão.
Vou parar por aqui, senão desânimo a galera que quer ler. É fundamental que leia o livro para tirar as próprias conclusões, pois cada um tem sua experiência com leitura, ainda mais quando se trata de um romance filosófico com ficção científica. É um assunto muito pessoal e depende do seu entendimento da história e seus princípios de vida.
A história é fluida, mas acaba sendo arrastada na metade até o final por ser confusa, e não gostei por não ter plot twist. Também há um questionamento existencial que não achei interessante, entende?
Antes de encerrar a resenha, você sabia que a obra serviu de inspiração para cinema, teatro e rádio? Sobre a adaptação para cinema, são três versões! De 1968, 1972 e 2002, sendo a versão de 1972 ganhadora do prêmio de Grand Prix no Festival de Cannes, dirigida por Andrei Tarkovsky.
Para ser sincere, eu prefiro a versão de 2002, pois a história faz sentido e tem plot twist muito legal!
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