Amanda 28/01/2022
4 estrelas
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Que coisa mais curiosa é ler sobre como era a vida de um local pelo qual ando (ou andava, até antes da pandemia) todos os dias! O centro do Rio é meu velho conhecido, sim, até mesmo minha creche era por lá! E não é muito difícil acessar a história do Rio antigo, da época em que a família real se mudou para cá, nos idos de 1808. Mas descobrir o que se passava por aqui mais de 200 anos antes? Personagens que até hoje dão o nome por ali, figuras como Villegagnon, Estácio de Sá, Cristóvão de Barros, Salvador Correia de Sá e Antônio Salema, figurões do velho Rio (ou São Sebastião do Rio de Janeiro) e todos os Sás que passaram pelo governo do Rio, além de muitas curiosidades históricas, como a relação com os povos originários e eventuais povos invasores, como franceses e holandeses, o início do tráfico negreiro na cidade, a geografia local. Incrível, aliás, imaginar mato, rios, pântanos, açudes, o morro do Castelo! Gente, quando eu era criança me lembro CLARAMENTE de sempre ter comigo a dúvida de ?porque RAIOS aquela área do centro é até hoje chamada de castelo se não tem NENHUMA Contrução REMOTAMENTE parecida com um castelo na história do local?? E não é que minha dúvida foi finalmente respondida? Kkkkkk O nome se deu em razão de ficar o morro de frente à ilha de Villegagnon (que, por sinal, também guarda uma história interessantíssima e bem louca! Kkkkkk), onde os franceses se encontravam. Permitindo uma visibilidade do mar (e da Baía, porta de entrada da cidade), que também era palco para estruturar uma defensiva capaz de, pelo menos, intimidar minimamente, os invasores marítimos. Claro que, o morro que foi eventualmente derrubado, não existe mais, mas sua história marcou pra sempre aquela porção da cidade.
É impossível enumerar todas as histórias interessantíssimas que o livro me apresentou, mas preciso destacar uma informação assustadora, que complementa outra informação assustadora que obtive visitando Ouro Preto (que apenas uma parte pequena do outro das minas foi extraído na época da corrida do ouro e que, hoje em dia, não se exploram mais as minas pois, tendo que pagar pela mão de obra, o preço do ouro NÃO COMPENSA A EXTRAÇÃO), nesse livro descobri que, no início da exploração das minas, a expectativa de vida dos escravos mineradores era de meros OITO MESES DE VIDA. Ou seja, pagar por pessoas, como quem paga por maquinário, a cada OITO MESES, para extrair ouro das minas, fazia seus compradores enriquecerem de uma forma que, jamais seria possível, se esses trabalhadores(olha que coisa elementar) recebessem pelo seu trabalho! Que conta mais trágica a se fazer! E isso, porque o tráfico negreiro na época da corrida do ouro NEM DE PERTO se comparava ao que viria a ser o tráfico negreiro alguns poucos anos depois? Quão surreal e desumano? Nem consigo mensurar! Que páginas tragicamente marcadas da nossa história!