TiagoHelmer 21/11/2018É um livro agradável, com muita informação sobre o assunto. O excesso de personagens faz parecer que a história é corrida no início, mas com o passar dos capítulos isso melhora. O livro conta a história da criação da cidade do Rio de Janeiro, sua importância, dificuldades e conflitos.
O mais interessante no livro é a constante participação dos Tupi nos eventos. Simplesmente foram os indígenas que construíram essa parte do Brasil. Eles se aliaram aos europeus para combater tribos inimigas. Basicamente Tupiniquins contra Tupinambás. Os primeiros sempre leais aos portugueses enquanto os segundos se aliaram aos franceses que criaram uma pequena colônia, a França Antártica, no território onde hoje é o Rio de Janeiro. Portugueses e tupiniquins venceram os franceses, porém os tupinambás formaram uma aliança com outros povos indígenas, a Confederação dos Tamoios, vem da palavra tamuya, que significa avô, ou os mais velhos na terra. Os tamoios dominavam a região e a fundação do Rio de Janeiro serviu, a princípio, apenas para acabar com esses indígenas, pois sua força representava ameaça para toda a colônia, em especial a recém-fundada cidade de São Paulo. Com muito esforço, tempo e luta os portugueses e tupiniquins venceram.
O autor cita a saga dos jesuítas e da família Sá nos momentos iniciais da cidade. Entre os diversos personagens, alguns chamaram a atenção. Dos jesuítas, os padres Nóbrega e Anchieta que eram diplomatas com os nativos e lutavam para a não escravidão dos mesmos. E da família Sá o Salvador de Sá, o último Sá a governar o Rio. Salvador foi um dos maiores personagens da história do Brasil. Além de governador, defendeu o Brasil contra o ataque holandês – os mesmos que saquearam a mais protegida esquadra da Espanha – o que mostra a grandeza do feito. Também reconquistou a Angola que os portugueses tinham perdido após a aliança de holandeses e a rainha angolana. Ele falava mais tupi do que português, seus filhos, soldados e escravos eram tupi. Parte do ataque aos holandeses foram flechas e maças dos tupiniquins, liderados por Salvador.
Esse livro mostra como foi o inicio do Brasil e quebra a visão eurocêntrica que os nativos americanos e nativos africanos eram passivos. Os tupiniquins usaram os portugueses para confrontar os seus eternos inimigos tupinambás. Da mesma forma a rainha angolana N’Zinga negociava com portugueses e holandeses seus escravos que adquiriu em guerras contra outros povos africanos. Mesmo, talvez sem a intenção do autor, a visão homogênea dos povos americanos e africanos cai por terra, apenas organizando e contando os fatos.