Daniel 03/04/2013Emocionante e reflexivoEu adoro este livro. Li antes do filme ser produzido, e gostei muito da fiel adaptação cinematográfica um caso raro em que pode-se dizer que o filme é tão bom quanto o livro.
Com certeza ele será mais apreciado depois da leitura de Mrs. Dalloway, por muitos considerado a obra prima de Virginia Woof.
O que mais me impressiona é a engenhosidade com que as três histórias são conduzidas, de um dia decisivo na vida de três mulheres em épocas diferentes:
- As três estão ocupadas com preparativos de uma recepção: Virginia vai receber a visita da irmã e sobrinhos para o chá; Laura vai preparar um bolo de aniversário para o marido; Clarissa vai homenagear Richard pelo prêmio literário recebido com um jantar.
- As três mulheres têm receito de falhar nessas tarefas, e soma-se a isso um sentimento de fuga e inadequação com a situação atual que vivem: Virginia questiona sua literatura; Laura sua vida familiar; Clarissa também questiona seu relacionamento com sua companheira e com sua filha.
- As três recebem visitas inesperadas, que de certa forma ajudam a deflagrar as crises, aparentemente por um motivo banal...
Além, é claro, da onipresença de Virginia Woolf nas três histórias.
Não concordo com outras resenhas que disseram ser este livro de difícil entendimento. Complexo sim, mas complicado não. Ainda mais que cada capítulo alternadamente corresponde a uma história, sempre nomeado pela protagonista em questão. Nesse ponto alias, o livro tem o entendimento mais fácil do que o filme, com suas idas e voltas no tempo.
Me admirou a quantidade de leitores aqui no skoob que abandonaram a leitura, ainda mais de um livro pequeno, no sentido de poucas páginas! Será o tom reflexivo e intimista da narrativa? Sua melancolia? Os questionamentos da vida, dos momentos perdidos, dos relacionamentos em geral? Ou ainda os temas, pesados sem dúvida suicídios, abandono do lar, perda? Pois foram exatamente essas reflexões e impressões que mais me comoveram.
Não sei não, mas acho que as pessoas estão mal acostumadas com o descartável, com o consumo fácil, que não leva a nenhuma reflexão, e tudo o que sai dessa linha é considerado difícil e deprimente. Uma pena. Sorte dos privilegiados que conseguem se comover e enxergar a beleza desse livro emocionante.