Nath 24/07/2014Resenha do blog Pobre Leitoraontinuando a história de Herdeiros de Atlântida, Anjos da Morte se definiu como meu preferido do Eduardo Spohr até o momento. É uma obra tão esplêndida que não sei por onde devo começar a falar.
Denyel caiu nas águas do rio Oceanus e desde então está perdido, Kaira, mesmo contra as ordens de seu comandante supremo, resolve ir atrás do exilado a todos os custos. Urakin, que veio a se tornar um valoroso amigo da Centelha, acaba embarcando nessa missão também, junto com Ismael, um hashmalim que curiosamente faz parte das tropas rebeldes. Acompanharemos o trio em sua busca por Denyel, passando por diversos lugares para poder encontrar Egnias, uma das colônias de Atlântida. Ao mesmo tempo, acompanharemos a trajetória de Denyel como anjo da morte, num período de 1944 a 1989, quando prestava serviços a Sólon, o Primeiro dos Sete.
A trajetória de Denyel é longa, conturbada e extremamente interessante. Sendo um exilado, ele é convocado para integrar um esquadrão de anjos que teriam por missão tomar parte nos conflitos terrenos na própria Haled, acompanhando-os sem interferir, para que os Malakins, casta de anjos estudiosos, pudessem saber tudo o que acontecia em primeira mão. Depois de um tempo, infelizmente, as missões deixaram de ter a ver com nossas guerras e passarem a ter um caráter mais a ver com espionagem, tornando os anjos em assassinos.
Podemos dizer que esse livro é todo focado no personagem Denyel. Aqui, vamos compreender o seu passado, o que ele era, o que aconteceu para que ele se tornasse o que é hoje, e devo dizer que é extremamente estimulante esta parte. Como agente na Haled, Denyel participa de diversas guerras como a Primeira e Segunda Guerra Mundial, a Guerra do Vietnã e etc. Através dos olhos do personagem e de um pouco de fantasia, Eduardo Spohr nos da uma verdadeira aula de história, discorrendo sobre os lugares, sobre as batalhas, sobre as intenções e sobre as épocas. É notável como o autor pesquisou e estudou para escrever esse livro e esse é um dos fatores que tornam a obra tão brilhante. Para mim, que gosto muito de histórias de guerra, esse livro foi um elixir de alegria e êxtase, ainda mais por focar num personagem tão bom.
Denyel é um querubim, um anjo guerreiro, movido pelos preceitos da sua casta que colocam a honra acima de tudo. Mas, com os anos passados entre os terrenos e sensível as sensações da carne, Denyel de certa forma, evolui. Ele passa a contestar as coisas, passa a refletir sobre a razão de tudo, passa a ter vícios, aprende a malícia e truques humanos. E acho que é justamente isso, essa caracterização tão humana dada a um anjo que me conquistou, que me fez amar o personagem. Já gostava dele no primeiro livro, mas neste volume, todo o amor se elevou. Suas dúvidas e dores, suas perdas, seu sarcasmo e ironia... tudo o tornam um personagem admirável mesmo com suas ações consideradas ruins. Até que ponto a alma de alguém pode ser destroçada? Denyel pode responder.
Deixando o exilado um pouco de lado, não podemos nos esquecer do coro formado por Kaira, Urakin e Ismael. É um trio muito bom e fico muito feliz com a amizade formada entre Kaira e Urakin, a lealdade do Punho de Deus é muito bonita. Ismael é um personagem muito interessante, principalmente por sua casta ser tão mal compreendida pelos outros anjos. Ele e Kaira protagonizam discussões interessantes e filosóficas, que fazem não só a Arconte pensar, como nós também. Eles tem um foco menor no livro, mas nem por isso esse ramo da história deixa de ser bom.
A narrativa de Spohr continua fantástica. Somos muito bem ambientados nas épocas e lugares. Um fato interessante, é que o autor utiliza muitas músicas para poder nos ligar com a época narrada.
Digo e repito: a leitura não é coisa mais rápida do mundo. É um livro grande, com quase 600 páginas, uma história densa com muitas características a se processar, mas não deixe que isso te desanime! Por mais informações que nos sejam dadas, a leitura flui de uma maneira muito boa e você sempre quer mais e mais.
O trabalho do livro continua impecável. Não há erros e a qualidade do livro é ótima. A capa tem muito a ver com a história e adoro-a. Ao final, temos um apêndice interessantíssimo onde o autor fala sobre alguns acontecimentos históricos que permeiam a história, além de trazer as músicas que se encontram no livro.
Trago essa resenha hoje depois de uma releitura deste livro. Reli os dois primeiros volumes da trilogia para poder finalmente ler Paraíso Perdido, que é o último volume. E como já disse anteriormente, mesmo sabendo a maioria dos acontecimentos, não deixei de me surpreender. Por isso é tão interessante fazer a releitura de algum livro, você nota coisas que não havia notado, enxerga situações com outra visão, tira um proveito diferente da leitura e foi isso que aconteceu comigo. Se eu já gostava do livro antes, passei a ama-lo e admira-lo imensamente. É um dos meus preferidos da vida toda. Com esse livro, o Eduardo teve o poder de me ensinar, me fazer pensar, de me divertir e de me fazer chorar. Foi uma leitura maravilhosa, apenas.
site:
http://pobreleitora.blogspot.com.br/2016/02/resenha-anjos-da-morte-eduardo-spohr.html