Adriano 16/02/2024
Deveria ter lido esse livro antes! ? quando tinha 15 anos
Após meses de coerção psicológica e constantes ameaças, finalmente terminei de ler O Orfanato da Srta. Peregrine para crianças peculiares e digo de antemão que não foi um exercício tão fácil quanto o gênero se propõe a ser.
Na trama, acompanhamos Jacob, um adolescente rico e mimado que, depois de testemunhar a morte trágica do avô, decide ir em busca de respostas no seu passado. Ao se deslocar na companhia do pai para uma pequena ilha localizada no País de Gales, nosso protagonista descobre fendas temporais, crianças com poderes peculiares e, sobretudo, entende melhor a si mesmo dentro deste universo mágico que vive sob continua ameaça.
Pela breve sinopse pode-se esperar um livro de fantasia e aventura com pinceladas de mistério que se propõem a prender o leitor à jornada de Jacob e de seus amigos. Tal objetivo foi alcançado, mas a duras penas. A história começa de forma bastante lenta e arrastada o que, inclusive, me fez parar de lê-la durante algumas semanas e me permitiu conhecer outros livros antes de retornar para esta saga. Em torno de três capítulos longos que abrem o enredo, o autor fornece uma introdução longa e com alguns passagens desnecessárias que deveriam ser excluídas ou resumidas. A trama aumenta sua velocidade quando Jacob finalmente desembarca na ilha onde fica o orfanato onde seu avô cresceu e de onde ele lhe contou tantas histórias. No presente, o lugar está devastado e decrépito desde a queda de uma bomba no local durante a Segunda Guerra Mundial, mas quando o protagonista encontra e atravessa uma fenda temporal ele volta para 1940 quando o orfanato ainda estava de pé e todos os seus peculiares moradores ainda estão vivos, porém não longe de perigos!
Jacob demorou para encontrar a fenda assim como o livro demora a ficar, de fato, interessante e um pouquinho mais cativante. Temos personagens novos que são um alento diante da construção simples e monótona do protagonista. Temos a exploração de um universo parcialmente original e particularmente atraente por misturar fatos históricos com magias e superpoderes. No entanto, se antes o autor se perdeu com cenas descartáveis, ele continua a cair no mesmo erro ao embarcar na tentativa de construir um romance entre Jacob e Emma (ex-namorada de seu avô), o que, ao meu ver, é problemático, totalmente dispensável e mal executado. Vale mencionar que o livro é permeado por fotografias atrativas para os olhos, mas meramente ilustrativas para a trama restando-lhe apenas a função de acessórios visuais.
Antes de encerrar, o livro fornece uma reviravolta chocante acompanhado de um clímax agradável marcado por confrontos entre peculiares, acólitos e etéreos que prendem o leitor até o última página para saber o desfecho do vilão. Esta primeira parte finaliza com problemas a serem resolvidos e pontas a serem amarradas o que, evidentemente, fará o leitor continuar na saga por interesse genuíno ou por desencargo de consciência (como no meu caso).
Por fim, O Lar das Crianças Peculiares é um livro cansativo e gradual que constrói tensões instigantes e que cativa o leitor a médio prazo com uma trama permeada de lições sobre amizade e resistência tal qual um X-Men infantil com direito a fotos.