Juju 29/01/2022
Um livro surpreendente
Começo a resenha afirmando que achei que não fosse gostar de Mayombe. Peguei o livro para ler porque já o tinha ganhado há um tempo e estava na minha prateleira parado, então decidi colocar a leitura em dia.
Costumo gostar de conteúdos relacionados a guerras e suas implicações, mas achei os primeiros capítulos de Mayombe densos e assumi que seria uma leitura pesada.
A sinopse nos conta sobre o movimento do MPLA durante o processo de descolonização do continente africano, mas especificamente na região da Angola, onde o grupo atua. Por causa disso, achei que o livro abordaria, apenas, o cotidiano do movimento e as táticas de guerra.
O que eu não esperava é que Mayombe iria me apresentar muito mais que isso. Definitivamente, o contexto histórico é só um contexto para a escrita do livro.
O que verdadeiramente sobressai são os questionamentos acerca da vivência humana. Os estereótipos, preconceitos, crenças, o conceito de amor, a maturidade e a visão de mundo que cada pessoa, de acordo com sua vivência, carrega em si.
Muitas vezes, eu me identifiquei com as conversas entre os guerrilheiros sobre o que sentiam e até me senti aconselhada, da mesma forma que uns aconselhavam os outros.
A narrativa é envolvente ao ponto de nos fazer viver cada momento que se passa no livro.
Para mim, Sem Medo é o grande protagonista de toda essa história. Verdadeiramente, me identifiquei e permaneci presa aos seus feitos e contradições até o final porque ele nos mostra o que somos: humanos.
Mayombe me fez ter uma experiência literária muito, mas muito diferente do que eu esperava. Foi uma experiência única. Fiquei supresa e envolvida com tudo o que aconteceu. Me sinto, inclusive, um pouco órfã por ter terminado o livro. Espero me apaixonar por outras histórias e personagens novamente, e da mesma forma, em breve.