Jana 13/08/2013
Comam eles, zumbis!
Apocalipse zumbi. Luta pela sobrevivência. Humanos escrotos. Sangue, matança, ação. Como essa mistura pode ser ruim? Não é possível, certo?
Ah, é sim. O Caminho para Woodbury está aí para provar.
Acho que se eu tivesse lido esse livro como uma história independente - apenas uma narração que envolvesse zumbis - não ia ter achado tão ruim assim. Mas como essa coisa estava relacionada ao empolgante e muito bem escrito "A Ascensão do Governador", não posso perdoar. Não haverá clemência.
A história desse segundo volume se concentra em Lilly Caul, garota que vive numa espécie de aldeia improvisada por diversos sobreviventes. Ela passa por desastres e perdas, se desgarra do grupo maior e forma um grupo menor, seguindo com eles numa jornada capenga e sem qualquer emoção até que, finalmente, chega a famigerada cidadezinha. Literalmente, é mesmo o caminho para Woodbury.
No entanto, esse segundo livro é mal escrito, entendiante e repetitivo. Os personagens são chatos e superficiais e, ao contrário do que ocorre no primeiro, estes novos não nos despertam vontade de conhecê-los ou torcida para que não virem papinha de zumbi.
Lilly é pouco explorada para uma personagem central, mas o pouco que conheci dela já me fez odiá-la. Josh, seu protetor e possível enlace romântico, é bobo e bonzinho demais. Bob, bêbado inveterado, também não apresenta muitas aparições consideráveis. Megan, a lasciva melhor amiga de Lilly, é a única que merece alguma atenção, mas infelizmente, o personagem foi desperdiçado.
A escrita do livro também decaiu, como no exemplo das frases manjadas de romance que fizeram meu estômago revirar e que de forma alguma deveriam estar num livro desses. Tem uma que, inclusive, sou obrigada a transcrever: " - A única coisa que nunca vai mudar, amor, são meus sentimentos por você". BLÉÉÉH. COME ELE, ZUMBI! Outro exemplo da declinação da escrita são as repetições de expressões: "Mas ele não percebeu que..." - sério, quantas vezes isso apareceu na narrativa? Basicamente, sempre antes de alguma cena tensa acontecer, tinha esse "não percebeu" ou algo semelhante como introdução.
E o pior é que são poucos os ataques que empolgam. O conflito do início é bem legal e foi o que me iludiu, porque eu realmente acreditei que muita correria e emoção estava por vir. Mentira. Propaganda enganosa. Esperança falha. E no fim, pouco se salvou nesse livro pra mim.
Afinal, depois de tantos fluídos e hordas "zumbísticas", chegou um momento em que o meu único desejo fosse que todos os zumbis do mundo se reunissem e comessem os personagens centrais. A situação só melhorou um pouco quando nosso querido Governador aparece, já mandando a desmandando na sua pequena "Roma" distorcida. Os trechos que se concentram exclusivamente nele salvam o livro da desgraça total e alguns personagens, como Martinez e Stevens, fizeram com que eu desejasse que o livro tivesse mais páginas. Porém, Lilly ainda está lá para manter o equilíbrio: com sua raivinha histérica, atitudes forçadas e superficialidade que a tornaram uma das personagens mais sem sal que tive o desprazer de conhecer, essa garota fez apodrecer um livro que tinha todos os ingredientes para repetir o sucesso de seu antecessor.