eibarba 15/05/2013http://www.restaurantedamente.com/O Lado Bom da vida, romance de estreia de Matthew Quick, adaptado para o cinema e concorrendo em oito categorias no Oscar 2013. Não tinha como o livro chegar ao mercado brasileiro de forma mais avassaladora não é mesmo? A história conta a vida de Pat Peoples, um cara que acredita no lado bom de tudo, e com essa filosofia de vida acredita que irá recuperar a sua ex-mulher, Nikki, depois que sai do “Lugar Ruim”, a clínica psiquiátrica em que esteve internado durante quatro anos. Mas, infelizmente a vida real não é como nos filmes, e Pat aprende isso da pior maneira ao longo de sua narrativa. Com a ajuda de seus familiares e amigos, principalmente da Tiffany, Pat descobre o lado bom da vida, talvez não do jeito que ele imaginava, mas isso não é importante, pois ele, assim como o leitor, tira lições muito preciosas.
“Se as nuvens estão bloqueando o sol, sempre tento ver aquela luz por trás delas, o lado bom das coisas, e me lembro de continuar tentando (...)”.
Desde quando eu vi pela primeira vez o trailer da adaptação cinematográfica, fiquei intrigado, afinal, o que estaria um romance, aparentemente simples, concorrendo ao Oscar de melhor filme? A história tem que ser muito boa, e fiquei bastante curioso para ler o livro, e agora que finalizei a leitura, posso dizer com toda a certeza que a história de superação de Pat Peoples merece ser lida.
Logo de cara levei um susto, pois o livro é narrado em primeira pessoa. Em forma de diário, o personagem mantém esses relatos para caso um dia volte com a ex-esposa, ela possa saber tudo o que ele fez nos “tempos separados”, como diz o personagem; a linguagem é muito simples, parece que uma pessoa está conversando com você e te contando os problemas pelo qual está passando. De certa forma, me lembra uma sessão de terapia, no caso, nós leitores somos os psicólogos do Pat (Pegando um pouco do que o Thyeri comentou sobre “As Vantagens de ser Invisível”). Depois do susto inicial a leitura flui muito bem, e você quer cada vez mais descobrir o que aconteceu com o personagem e como ele mudará a sua vida.
E foi daí que eu vi o primeiro problema no livro, demora muito para a história de fato chegar a algum lugar, parece que estamos dando voltas no mesmo ponto e quando finalmente a história engata um pouco, aí começa a dar voltas e mais voltas novamente. Eu entendo que essa velocidade é essencial para a narrativa seguir de forma convincente, afinal, nenhum problema é resolvido de uma hora para outra, nenhuma mudança na vida é feita como um passe de mágica, principalmente quando entramos em um mundo só nosso, como foi o caso do Pat. Mas, em alguns momentos dava para dá uma acelerada na história ou colocar um pouco mais de ação.
É muito fácil nos identificarmos com o Pat, afinal, quem nunca passou por um problema enorme (talvez não nas mesmas proporções do personagem) e tudo o que queria era uma oportunidade para ver a vida de uma maneira diferente e recomeçar do zero? Em diversos momentos, ao longo da leitura, eu sentia como o Pat estava se sentindo, apesar que em outros diversos momentos achava-o muito infantil, e mesmo aberto a mudanças, estava preso ao seu pequeno mundo.
O Lado bom da Vida, além de nos divertir, nos coloca para pensar sobre várias questões, principalmente na vida romântica, será que estamos olhando para a outra pessoa na relação e não só para o nosso umbigo? Isso se estende nas demais relações da vida, quando Pat fala que “está treinando ser gentil e não ter a razão” soa um pouco egoísta, mas às vezes é exatamente isso que precisamos fazer: parar e olhar para o outro e deixar um pouco de olhar para nos mesmo; claro, não sejamos radicais a ponto de nos esquecermos, mas isso é só uma questão de equilíbrio de sentimentos. Se o Pat encontrou o lado bom da vida, porque nos também não poderíamos?