Paula1735 04/06/2021O amor e suas convenções sociaisUau, nasceu uma nova fase na minha vida de leitora! Na primeira vez que tentei ler esse livro fiquei muito confusa e desisti, eram muitos nomes diferentes para uma pessoa só, e isso me deixava perdida... Mas agora foi! Embarquei na viagem desse calhamaço e me envolvi completamente na história.
Ana Karênina é ambientado na Rússia do século 17 e é um livro de contrastes: cidade x campo; homem prático x intelectual; Moscou x São Petesburgo. O diferencial do romance, para mim, foi a fidelidade à vida real. Os pensamentos e as atitudes das personagens refletem exatamente o que faríamos se estivéssemos na situação deles. A habilidade do escritor consiste nisso, de nos apresentar uma realidade muito distante da nossa e ainda assim nos fazer sentir conectados a ela, de alguma forma.
E falando nos personagens, não posso deixar enaltecer o melhor casal do livro (e que por mim poderia ter levado o título do romance): Kitty e Liêvin! São pessoas por quem a gente se apaixona pela alma.
A parte mais dolorosa é encarar a situação de que o amor, assim como outros aspectos humanos, estão subjugados a convenções sociais inflexíveis. Não cabe a nós julgar as atitudes de Ana, adúltera que, abrindo mão de seu santo marido e filho, se entregou a um romance fadado ao sofrimento com um homem desconhecido. Que faria ela, se não isso? Seria esse amor dela menos vivo e puro quanto o que sentia pela família? E seu marido, Karênin, que podia fazer diante dessa situação, que nada mais era que um fato consumado? O amor é difícil de entender, e considero felizes aqueles que se aventuram em seus mistérios.
Livro espetacular, rico, altamente reflexivo e imersivo.
“Se há tantas cabeças quantas são as maneiras de pensar, há de haver tantos tipos de amor quantos são os corações.”
"Ele não podia estar enganado. Não havia outros olhos como aqueles no mundo. Havia apenas uma criatura no mundo que poderia concentrar para ele todo o brilho e significado da vida. Era ela. Era Kitty."