Terra sonâmbula

Terra sonâmbula Mia Couto




Resenhas - Terra Sonâmbula


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Amanda 11/05/2022

Acredito que para quem esteja conectado de algum modo com o maravilhoso universo literário o nome Mia Couto não seja de todo estranho. Acontece que, por vezes, mesmo ouvindo tanto sobre um autor e sabendo que seus livros devem ser incríveis, acabamos por adiar a leitura. Até que chega o momento em que aquele nome tão familiar passa a fazer parte do nosso cotidiano de modo mais ativo e, no meu caso, foi através do espetacular Terra Sonâmbula.

Escolhi começar por esse porque pesquisei a ordem cronológica dos romances do autor e descobri que esse foi seu primeiro. E vejam só: esse livro é considerado um dos dez melhores livros africanos do século XX. Recebeu uma série de prêmios literários e, no ano de 2013, foi vencedor do prêmio Camões, o mais prestigiado da língua portuguesa. Realmente comecei com o pé direito e não me arrependi da escolha.

Numa terra assolada pela guerra, o menino Muidinga e o velho Tuahir caminham numa fuga a essa realidade. Desde então, eles só têm um ao outro e a constante e difícil busca pela sobrevivência. No caminho, Muidinga acaba por encontrar uns cadernos manuscritos dentro de uma mala ao lado de um cadáver: é o diário de Kindzu, uma pessoa que, supostamente, também teria sido vitimada pela guerra.

A partir de capítulos intercalados, vamos conhecendo, desse modo, as histórias tanto de Muidinga e Tuahir, quanto de Kindzu através dos cadernos que o menino Muidinga vai fazendo a leitura. A narrativa é mesclada em terceira e primeira pessoas, respectivamente.

O que o leitor precisa saber é que, em Terra Sonâmbula, Mia Couto deposita um grande arsenal de material místico e de cultura africana; desse modo, em meio ao sofrimento, dor, fome e todos os horrores de uma guerra, há algo de mágico que dá vias ao sonho e que mostra algo de profundo e misterioso naquele lugar, e essa mistura de realidade e fantasia faz toda a diferença. Ao final do livro, há um glossário que dá um ótimo suporte durante a leitura, pois o autor utiliza, em alguns momentos, um vocabulário mais regional. O simbolismo posto na trama e a forma como o autor retrata a realidade moçambicana são incríveis e pode surpreender qualquer leitor que não esteja adaptado ou que nunca tenha lido algo do autor; para mim, surpreendeu muito positivamente.

A escrita de Mia Couto é incrivelmente poética, criativa, envolvente, cativante e admirável. O modo como as histórias acabam se cruzando é simplesmente formidável e esse é um daqueles livros que dão gosto de ler, por ser tanto notável o talento do escritor que está por trás, quanto o seu esforço, dedicação e cuidado em escrever uma obra tão digna e que marcará para sempre o legado da literatura africana e mundial. Vale muito à pena conhecer, senão esse, outros livros do autor.
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Selma 06/05/2022

História espetacular
"Terra sonâmbula" é uma narrativa muito envolvente, que nos prende do início ao fim, apresentando um realismo fantástico, escrita numa linguagem poética, apresenta tema que envolve um misto de guerra e sonho.
Mia Couto nos presenteia com duas histórias que se entrelaçam de uma forma espetacular e nos faz querer ler mais e mais, iniciando com a história narrada em terceira pessoa de Tuahir e Muidinga, dois sobreviventes da guerra civil que devastou Moçambique e que ocorreu em meados da década de 70, pouco tempo após findar a Guerra pela Independência do país.
Os dois juntos viajam por sua terra morta, procurando por um lugar tranquilo para se reestabelecerem enquanto fogem da destruição e da fome. Então encontram um autocarro carbonizado e decidem se refugiar nele, mas também encontram alguns corpos e, junto a um deles, Muidinga encontra uma mala que contém alguns itens pessoais e no fundo vários cadernos. A partir daí que começa a segunda história, narrada em primeira pessoa por kindzu em forma de diário e nessa história, que traz tranquilidade e prazer a Tuahir e Muidinga, que toda a magia acontece.
É uma história tão dolorosa de tanto sofrimento, mas que traz a mensagem que a leitura pode acalentar nossas tristezas e nos levar para um mundo de sonhos.
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mary 06/05/2022

?Gaspar!?
Ainda bem que continuei a leitura, o final é incrível!

A única coisa que me travou enquanto lia foi que eu não estou acostumada com o português de Portugal e com as fantasias de Mia Couto, então foi mais difícil de ler.
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Clara 04/05/2022

+-
Não detestei, mas não amei.
É um livro confuso, um tanto surrealista, que aborda questões importantes, mas algumas delas eu me pergunto se foram abordadas com a crítica necessária. Me pareceu normalizado, em algum grau, alguns ?abusos? ocorridos.
Marina 07/06/2022minha estante
Sim, é um realismo fantástico! Quando eu li, alguns trechos me chocaram muito também, mas creio que a normalização seja justamente porque isso era normalizado nesse contexto de guerra civil e miséria que os personagens se encontram. Creio que o choque acontece justamente porque, de fora, percebemos a brutalidade das ações consideradas rotineiras.




Raquel 01/05/2022

“Naquele lugar, a guerra tinha morto a estrada”
O velho Tuahir e o menino Muidinga andam pela estrada devastada pela guerra civil em Moçambique, sobreviventes, famintos, sem rumo e sem esperança. O menino foi salvo da morte pelo velho, mas sofreu amnésia e não se lembra de sua vida antes disso. O velho tenta criar uma nova vida pra o menino, lhe ensinando novamente tudo sobre o mundo. Eles encontram um ônibus destroçado, corpos carbonizados e um cadáver cravejado de balas próximo a uma mala. Dentro dela, um conjunto de diários do jovem Kindzu, que se tornarão companhia da dupla nas noites angustiantes ao redor do ônibus abandonado.

O livro alterna capítulos com a história de Tuahir e Muidinga e capitulos do diário de Kindzu, ambos misturando realidade com surrealismo. O autor fala das ruínas que a guerra deixou, dos escombros materiais e espirituais que ficaram pelo país e com os quais a população tem que lidar. Fala sobre como a guerra foi tão profunda que arruinou a relação do próprio povo moçambicano com suas tradições.

Para mim a história é sobre reviver a memória, reconstruir a história do país e romper o sonambulismo que se instalou depois de tantos anos de guerra (de Independência, entre 1964 e 1975, e Civil, entre 1977 e 1992).

“Antes fosse uma guerra a sério. Se assim fosse teria feito crescer o exército. Mas uma guerra-fantasma faz crescer um exército-fantasma, salteado, desnorteado, temido por todos e mandado por ninguém. E nós próprios, indiscriminadas vítimas, nos íamos convertendo em fantasmas.”

Achei fantástico o uso de palavras que acredito serem comuns no vocabulário do português falado em Moçambique (canção de nenecar, parecenças etc.), além das palavras criadas pelo autor (neologismos) que fazem todo sentido e dão um tom engraçado à história: tremedroso (com medo), larapilhar (roubar), marmulhar das ondas, sonhambulante, redemoníaca (se referindo à agua do rio), abismaravilhado, brincriação (brincadeira de faz de conta), miraginações (miragem+imaginação).

“Eu circulava por ali, divagante, devagaroso”
“Neguei, veementindo”
A velha assentava toda em ossos: magra, escãozelada”

Já tinha lido outro livro do autor, mas Terra Sonambula me agradou muito mais. Gosto do jeito que ele escreve, que as pessoas chamam de poético: fala de coisa tristes de uma forma bonita. Talves não agrade a todos, mas acho que vale a pena ler para conhecer autores de outros países que também escrevem em português, principalmente os africanos que falam também da influência e consequências da colonização portuguesa em seus países.
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Matheus656 30/04/2022

"Não é a estória que o fascina mas a alma que está nela"
Meu primeiro contato com o escritor moçambicano me deixou pasmo, sua prosa é fenomenal, o tempo inteiro escreve de forma metafórica e sinestésica.

Percebe-se também que Mia couto bebeu muito das fontes de Guimarães Rosa devido a incrível gama de verbetes criados pelo autor para ambientar a história. 

O título "Terra sonâmbula" é um nome que já explica a narrativa, pois esta é marcada pelo fantástico, pelo sobrenatural e pelo inexplicável, um banho de Realismo Mágico.

O livro também possui uma grande bagagem cultural moçambicana, junto a ela temos a descrição de um país descrição imerso em uma guerra civil, são relatos fortes e impactantes que nos os choca e nos atordoa.

Por fim, é um livro que trata sobre sonhos, esperança, luta e tanto mais que fica impossível relatar aqui, ótima experiência
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bella 30/04/2022

Terra Sonâmbula.
A obra conta a história de Muidinga E Tuahir, entrelaçada de uma maneira linda e surpreendente a de Kindzu. Se passa em cenário moçambicano pós-guerra de Independência, onde os horrores maltrataram um povo e sua terra.

O jovem Muidinga e o velho Tuahir fogem de um campo de refugiados e encontram abrigo em um automóvel queimado na beira da estrada, lá são encontrados restos carbonizados de corpos, mas um em especial chama a atenção. O jovem corpo teria morrido baleado e jazia ao seu lado uma mala com comidas e cadernos. Se apossando da mala do falecido, Muidinga E Tuahir passam a ler os cadernos.

Logo descobrimos que os cadernos pertencem ao jovem Kindzu. Os diários narraram a história dele em busca de sua identidade naquele país. Filho de Taímo e irmão de Junhito, Kindzu deixa a mãe em casa e parte pelo mar após perder o irmão e o pai, procurando seu propósito de vida e encontrando pelo caminho diversas personalidades que refletirão Moçambique.

Toda a narrativa é tocante, repleta de metáforas e realismo mágico. Mia Couto retrata a destruição de uma maneira poética e melancólica, bonita e torturada.

Ao final, descobrimos como o destino prega peças da maneira mais inesperada possível.
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Rafael V. 27/04/2022

Chato
Livro muito comentado e indicado, mas o pior dele que já li, isso que gosto muito do escritor.

Não recomendo, principalmente se já leu outras coisas, vc sente muito a afetação do estilo.
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Rafa 24/04/2022

Terra sonâmbula
Esse livro não conseguiu me prender, foi muito difícil ler ele porque não estava achando interessante. A única coisa que gostei foi o final, que teve um acontecimento não esperado.
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Lenlen 20/04/2022

Um livro rico na questão cultural e em metáforas. Rica fonte de repertório legítimado. O plot final de como td se interliga é incrível.
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Ana Brison 19/04/2022

O sonho é o olho da vida. Nós estávamos cegos
Essa obra está na lista de livros da Fuvest 2022 e graças a esse fato tive meu primeiro contato com o trabalho fantástico do autor.

Recomendo muito o livro, de uma sensibilidade sem tamanho. Merece todo o reconhecimento.
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Apenas Evelim 15/04/2022

Terra sonâmbula
A história se passa pós independência de Moçambique, na devastadora guerra civil. Os personagens são sonhadores dos sonhos que nunca sonharam. Buscam a liberdade de uma vida que não é possível viver sob a guerra. Estão presos a sua terra. Uma terra sonâmbula. De fins e de desolação.
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Giuliane.Souza 15/04/2022

Uma obra prima
Eu fui ler esse livro por obrigação e me apaixonei. Que livro lindo. Que escrita poderosa a do Mia Couto. Terminei esse livro arrepiada com a história de Muidinga e Kindzu.
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Daniel.Prattes 15/04/2022


Mia Couto escreveu um livro sobre estradas. A estrada na narrativa do homem e do menino atravessa um terreno desolado e despovoado, com veículos incendiados e bandos de saqueadores.

A estrada nos cadernos que eles encontram é o caminho entre as linhas escritas à mão em direção ao amor e ao seu significado, em parte em um mundo espiritual por um jovem chamado Kindzu.

O caos e o sofrimento causados pela Guerra Civil Moçambicana revelam o quanto muito de sua população se encontra desolada em sua própria terra. As sequências de sonhos e momentos do mundo espiritual elevam esta história acima da dura realidade do mundo, mas não removem os personagens dela, assim como o sono não apaga a dor que o corpo ainda guarda.

É um livro bonito, mas melancólico.

A história, neste caso, nem sempre é tão importante quanto a forma como é contada. Acho que esse pode ser o erro de quem acha o livro monótono. No universo etéreo do livro, alimentado pela tradição oral, a racionalidade da palavra escrita é deixada de lado para favorecer uma abordagem mais imediata - a da sensação, não do pensamento -, a do gosto pela palavra ainda na boca.

É um livro cujo enredo é formado pelas sensações que causa, no movimento etéreo de mostrar o elemento antes dele dissolver-se no próximo parágrafo.

Mia Couto não deve ser lido pela complexidade e entretenimento de uma história coesa e sequencial, mas sim pela qualidade contemplativa que está presente em cada página, evitando os adjetivos, mas exemplificando o coser de sua arte através do uso de verbos.

É uma escrita traumática, esvicerada por poesia.
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enzopalacio 10/04/2022

Terra Sonâmbula é uma ótima leitura até para quem não está acostumado com termos do português moçambicano (assim como eu). É um livro denso mas muito bem construído.
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