Coruja 19/12/2013Esse é mais um volume da minha lista de mestres da fantasia antes de Tolkien – um título que quase se perde entre outros mais vistosos e épicos no meu rol de leituras... especialmente porque eu consegui uma edição dele em português bem antiga, num sebo e o cheiro de livro antigo acabou por me deixar longe dele durante inúmeras crises de alergia...
Mas, enfim... está na lista, lá vamos nós ler. E vou dizer que Hilton vale bem à pena um ou dois espirros – ou ler em inglês, numa edição nova ou ebook. Uma pena isso porque Horizonte Perdido é um título que gostei de conhecer e que me prendeu do início ao fim. Ele me fez lembrar muito alguns dos meus romances de aventura favoritos quando mais nova - As Minas do Rei Salomão e A Ilha do Tesouro em especial.
Hilton tem um estilo muito fluido, uma linguagem simples, clara, mas que te prende, deixa você aflito para saber o que vem a seguir. A história, em si, é um tanto prosaica – um grupo de ingleses (e um americano) fugindo de uma revolução às vésperas da Segunda Guerra, acabam tendo seu avião seqüestrado e levado para um lugar paradisíaco e de difícil acesso entre as montanhas do Tibete.
Esse lugar é Shangri-Lá, uma vila e um mosteiro em que se prega a moderação acima de tudo; em que se cultiva a sabedoria e o bom gosto, o estudo e o prazer. É um lugar que apela à essência do protagonista, Conway.
Há alguns mistérios em torno do lugar e da forma como nossos relutantes aventureiros chegaram até ali e boa parte do primeiro encanto com a obra é justamente tentar entender o que está acontecendo.
Ao terminar de ler, contudo, dei-me conta de que Horizonte Perdido era bem mais que uma aventura juvenil. A introspecção de Conway, sua experiência na Primeira Guerra Mundial, suas reações, sua forma de se relacionar com os outros personagens – do ansioso Mallinson ao Grande Lama – são algo que nos faz pensar, especialmente quando se consideram os paralelos e contrastes que os personagens estão constantemente traçando entre sua sociedade ocidental e o modo de vida oriental que os cerca.
Mais que isso, pela própria forma como a história nos é contada, vamos do início ao fim questionando se tudo aquilo que está acontecendo é ou não realidade. E, se realidade, se a mágica e os anseios que Shangri-Lá representam justificam os atos feitos em seu nome.
É, em fim, um livro surpreendente, que se permite a muitas leituras e interpretações, capaz de prender a atenção do começo ao fim, com uma linguagem elegante e sucinta que faria inveja a muitos autores atuais.
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