Venenos de Deus, Remédios do Diabo

Venenos de Deus, Remédios do Diabo Mia Couto




Resenhas - Venenos de Deus, Remédios do Diabo


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Daniel 12/11/2016

Venenos e Remédios da Palavra de Mia Couto
Mia Couto consegue inserir em sua narrativa uma forma única de narrar: cheias de neologismos, de jogos de palavras, de poeticidades. Vemos em Venenos de Deus, Remédios do Diabo uma narrativa que acompanha uma saga de um médico português que vai atrás de sua amada na Vila Cacimba. Porém, o que ele não sabe é que encontrará um povoado coberto de uma extensa névoa que se materializa, como se mostrasse ali os pormenores que ele, enquanto morador de outra região, nunca será capaz de entender. Vemos assim, um personagem angustiado e necessitado de encontrar sua amada e poder sair daquela terra que não o reconhece como habitante. Mia Couto constrói uma narrativa bastante leve e capaz de nos apresentar os enredos e figuras existentes na África, através de uma linguagem crivada de delicadeza e bom trato com a palavra e a arte do narrar.
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Cilmara Lopes 10/09/2016

Meu primeiro Mia Couto
De literatura africana eu só conhecia Chimamanda.
"Venenos de Deus, Remédios do Diabo" é um livro curto, tem apenas 186 páginas, porém devo ter anotado umas 15 palavras novas, originárias da miscigenação em Moçambique.
O português Sidónio Rosa parte para a enevoada Vila Cacimba em busca de Deolinda Sozinho, ao chegar descobre que sua amada está desaparecida.
A fim de permanecer na Vila e se aproximar dos pais de Deolinda, Sidónio inventa que é doutor (ainda não é formado) e que veio curar uma epidemia de meningite viral.
Neste meio tempo o "Doutor" conhece inúmeras versões de histórias sobre o sumiço de Deolinda.
Tudo é narrado com uma grande persuasão, me senti deslizando na história, sendo levada a ver tudo de vários ângulos diferentes, pois o leitor é levado a crer e descrer o tempo todo, até o final fiquei tentando raciocinar tudo, mas percebi que o ideal é apenas imaginar e à partir transpor para o raciocínio.
Mia Couto é um fidedigno contador de histórias, em vários momentos me lembrou Gabo, essa genialidade narrativa é inerente em ambos.
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Iza Carla 26/08/2016

Surpreendeu
Ótima trama, o leitor é guiado a crer num caminho e depois enganado o tempo todo, sem mencionar as metáforas poética que os personagens usam o tempo todo.
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Felipe 16/06/2015

Esse não é bom...
Flávia 24/07/2016minha estante
Talvez essa "resenha" cairia melhor num livro de contos.




Cristiano.Vituri 10/03/2015

Mandingas de Deus, conflitos do Diabo...
Primeiro livro do Mia Couto que leio, primeiro livro com temática africana! A trama, o enredo é magnifico. A história do pobre médico português Sidônio, que viaja à Africa para rever um grande amor e se vê envolvido nas mandingas e superstições de uma comunidade tipicamente africana, Mia Couto escreve com maestria todos os pormenores da região, e a visão de um europeu dentro do contexto de Dona Munda e Bartolomeu Sozinho.
Várias cenas lembram histórias de Garcia Marquez, tantos cheiros, sabores e conflitos sociais e sobre costumes...não bastasse isso, o final é surpreendente!
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DIRCE 30/08/2014

Nada é o que parece. Tudo é o que parece
As primeiras páginas do romance Venenos de Deus, Remédios do Diabo me sugeriam uma leitura muito divertida, não só pelos diálogos - eu que fico um tanto quanto desmotivada, quando me deparo com uma escrita na qual prevalecem os travessões, me deliciava com os diálogos ali existentes-,como também pela brincadeira feita com os nomes das personagens.Abro aqui um parêntese para dizer que já havia me chamado a atenção como Mia Couto nomeia as personagens dos seus livros- a criação dos nomes retratam o que elas carregam na alma, mas, neste romance, Mia Couto brinca" com a ocupação das personagens em suas casas (não dá para dizer lares) ou na comunidade em que vivem na fictícia Vila Cacimba, localizada no coração da África-, mas por trás dessa brincadeira percebe-se a ironia como no nome da Dona Esposinha que retrata a subserviência da mulher, do Suacelência- o poder da autoridade mor, para não dizer a única do lugarejo- e no dos Sozinhos Bartolomeu,Dona Munda e Deolindasozinhos por serem fruto da aculturação?
Antes de prosseguir no meu comentário, deixo meu pedido de desculpa a Mia Couto: peço desculpa pela visão simplista que eu tive inicialmente e que me levou ao riso. Não precisei de muitas páginas para entender que ler Venenos de Deus, Remédios do Diabo é se embrenhar em um texto sério que trata questões inerentes à identidade, à condição da mulher, a AIDS (que assola grande parte dos países Africano),ao preconceito e ao incesto. Para abordagem desses temas, Mia Couto se inspira no sentimento que faz com que o homem seja capaz até a se expatriar o Amor.
O romance se abre com uma citação do Mário Quintana: A imaginação é memória que enlouqueceu,e é dele,do Mário Quintana, o verso que me veio à mente para relatar a atitude do médico Sidónio Rosa:AMAR É MUDAR A ALMA DE CASA. Sidónio deixa Portugal e vai ao encontro da sua alma, haja vista que ela encontrou nova moradia -ela se mudou para Deolinda, quando os dois jovens se conheceram em Lisboa.
Enquanto espera por Deolinda, Sidónio cuida dos doentes da Vila Cacimba, dentre eles, do esvaído - da saúde e da vida Bartolomeu, o ex-mecânico, o ex-sonhador e o ex-habitante do navio Infante D. Henrique até o fim do Regime Colonial. E é Bartolomeu que começa a delinear uma trama que, em dado momento, começa dar reviravoltas e que me deixou cada vez mais mais confusa. Deparei-me com verdades contadas ao "médico por Bartolomeu, por Dona Munda e por Suacelência - diferentes "verdades" se faz ouvir pelas vozes dessas personagens.
Mas as confusões não se limitam as tramas, as personagens também nos confundem: afinal, elas se amam ou se odeiam? E que dizer sobre o significado do título: Venenos de Deus, Remédios do Diabo? Em minha opinião, a VERDADE é o veneno e a MENTIRA, o remédio. Mentira - o remédio que as personagens lançam mão para não se deixarem sucumbir diante da atroz realidade. Cheguei a essa conclusão porque a MENTIRA permeia toda a trama, e por ter sido me ensinado, desde a minha tenra idade, que MENTIR É PECADO, e que sendo pecado é coisa do diabo.
Quem já leu algum romance de Mia Couto sabe que o surrealismo neles se faz presente, e este não foge à regra. No final me pareceu que Nada é o que parece e que Tudo é que o que parece.Impressão reforçada pela diabólica Dona Munda (o que é dado perceber logo na primeira página - por meio do diálogo entre ela e o doutor: (...)Diz que se ele é diabético, eu sou diabólica), quando ela se oferece e oferece ao (a esta altura ao também confuso, ou não) Sidónio Rosa, pétalas da flor conhecida como beijo- da- mulata a flor do esquecimento - que contém uma espécie de alucinógeno e faz com que ele a mastigue. E é assim: sob o efeito desse alucinógeno, quando tudo parece ser tragado por um nevoeiro, que Sidónio consegue visualizar sua amada. O despertar de Sidónio parece sinalizar que sua alma voltou à sua antiga moradia.
Venenos de Deus, Remédios do Diabo é uma obra de apenas 188 páginas que condensado (há espaços em branco entre um capítulo e outro) teria bem menos, mas de valor inestimável pela profundidade existente em cada diálogo e pelas inúmeras leituras possíveis de se fazer.
AMEI. Não poderia ser diferente em se tratando de uma obra de um escritor inconfundível como Mia Couto. Mais um que vai para os meus favoritos.
Renata CCS 01/09/2014minha estante
Mia é sempre sedutor com as palavras, e provoca reação imediata.
Adorei a sua resenha!


DIRCE 01/09/2014minha estante
Obrigada, Renata.
Toda vez que termino uma leitura do Mia Couto,penso: quero mais, muito mais.
bjs




Thais 01/07/2014

Catárse imagética
Primeiro livro que li do Mia Couto. Não podia acreditar nas imagens que esse homem criar apenas com palavras, nas metáforas... Deleite puro e simples, além de história e cultura da África - e do homem!
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Aninha 24/06/2014

"O tempo é o lenço de toda a lágrima."
"As pessoas demoram a mudar. Quase sempre demoram mais tempo que a própria vida."

Dr Sidónio Rosa veio de Lisboa atender no posto de saúde de Vila Cacimba, em algum lugar escondido da África.

Lá, ele se aproxima do mecânico reformado Bartolomeu Sozinho e de sua esposa, dona Munda, com o objetivo de reencontrar Deolinda, filha do casal e seu grande amor.

"O suficiente é para quem não ama. No amor, só existem infinitos."

"Que o amor acontece para a gente desacontecer..."

"Amar é estar sempre chegando..."

Porém, Bartolomeu está doente e vive trancado em casa; Deolinda não está em Vila Cacimba e a cidade padece com vários doentes perambulando pra cima e pra baixo.

Aos poucos, Sidónio passa a conhecer a história da família Sozinho nas suas diversas versões: a contada pelo maior oponente de Bartolomeu, o administrador Suacelência, a contada por Munda e a que Bartolomeu conta.

A realidade se mistura com as fantasias de cada um até que o doutor recebe uma notícia que o abala e aí ele não sabe mais em quem acreditar.

"O tempo é o lenço de toda a lágrima."

Não dá para contar mais sem estragar, mas a trama de Mia se desenrola com muito lirismo, poesia e, claro, alegorias, como sempre!

Boa leitura!

site: http://cantinhodaleitura-paulinha.blogspot.com.br/2014/06/venenos-de-deus-remedios-do-diabo.html
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Arsenio Meira 19/03/2014

IDENTIDADE E POESIA
O romance conta uma história no pós 75 de Moçambique. Adeus, Salazar:agora é que são elas... A Vila Cacimba vive um tempo em que os soldados adoecem de meningite e perambulam como cadáveres ambulantes. É um tempo posterior à presença da Companhia Colonial de Navegação.As relações de força do antes e do depois da independência se misturam, revelando os resquícios da ideologia colonial ainda presente nas relações cotidianas. O que ilustra muito bem esta permanência pode ser lido no enfrentamento entre o mecânico e o administrador. A inimizade tem raízes desde o dia em que o navio português encalhou na proximidade da Vila, ficando sem mecânico devido à doença que arrasa a tripulação. Um velho mecânico conduz seu neto a exercer o ofício, de modo que o jovem se torna mecânico da embarcação, e segue viagem a outros lugares.

"Venenos de Deus, remédios do Diabo," assenta definitivamente a grandeza de Mia Couto, porquanto dá continuidade a um tema que o grande autor contemporâneo, explora desde "Terra Sonâmbula" : a faceta híbrida e conflituosa da identidade moçambicana e, por extensão, africana. Fazendo jus ao paradoxo expresso no título, o livro realiza a fusão de memória individual e história, de mito e fato na sondagem dos vestígios da colonização portuguesa sobre o ser e a história moçambicanos. O enredo gira em torno da viagem do português Sidónio Rosa a Moçambique em busca de seu amor, a mulata Deolinda. Como a moça desaparece misteriosamente, resta a Sidónio cuidar de uma estranha epidemia que infesta Vila Cacimba e dos pais de Deolinda, Munda e Bartolomeu Sozinho.A partir deste escasso entrecho, o autor desdobra uma narrativa repleta de reflexões inquietantes sobre a condição pós-colonial de Moçambique.Ao realizar essa indagação através da expressão romanesca, Mia Couto evita que sua narrativa restrinja-se a uma peça acusatória sobre os lusos. Ver-se-á que o escritor impõe o olhar desapiedado sobre o fato colonial, mas nem por isso maniqueísta.

Fica claro que o processo colonizador não foi unilateralmente um projeto europeu nem que ele prejudicou por igual a todos os moçambicanos, como prova a personagem Bartolomeu Sozinho, saudoso dos tempos coloniais. Outra personagem, Suacelência (corruptela óbvia do pronome garboso que nos legou o léxico camoniano), prova que o sonho de um Moçambique livre e justo requer mais que o fim do colonialismo. De certa forma, persiste em Mia Couto, um substrato universalista que o faz tomar tanto um personagem português, como Sidónio Rosa, quanto um moçambicano, por exemplo, Munda Sozinho, como seres que partilham de uma mesma condição humana, irremediavelmente solitária e melancólica.

Isso, porém, não nega a Mia Couto uma consciência histórica privilegiada, atenta à relação centro/margem e às sequelas que dela ficou. O contraponto entre poesia e história oferece outras imersões nas atitudes primitivas retratadas no signo-texto deste excepcional "Venenos de Deus, remédios do Diabo". A cena do capítulo 12 (vide p. 110), onde o médico e o mecânico iniciam uma prosa sobre identidade, revela a força do processo colonizador, quando Bartolomeu muda de nome, colonizando-se a si mesmo, por vergonha de seu nome original e não acreditar que um mecânico pudesse se chamar Tsotsi,como fora batizado. Esse mutilação incutida à pele, o desabafo represado dos que se subordinam à força do cutelo, encontram voz, feição e uma compreensão redentora graças à Poesia que Mia Couto espalha generosa e espontaneamente em todos os seus escritos.
19/03/2014minha estante
bela resenha Arsênio, gostei!


Arsenio Meira 19/03/2014minha estante
Nanci,

Ainda vou rastrear esse Flamingo, e o "Fio das Missangas" é inimaginável de tão poético. Li e reli. Parei, senão seria leitor de um autor só, rsrsrs. Obrigado pelo seu olhar atento, e generoso.
Sú, Obrigado pelo carinho. Leia, vale demais!
Obrigado a ambas pela presença. Um beijo
Arsenio


Renata CCS 21/03/2014minha estante
Minha recente estreia com Mia Couto (terminei à pouco A Confissão da Leoa) já havia me convencido que outras obras deste incrível escritor tomarão lugar em minha estante. Sua bela resenha somente veio confirmar isso!


Arsenio Meira 21/03/2014minha estante
Vá sem medo, Renata. É um escritor imenso, digno da sua sensibilidade. Obrigado, e vamos em frente!
Abraços
Arsenio


DIRCE 27/03/2014minha estante
Excelente resenha.
Quando leio Mia Couto, penso tal qual quando leio Drummond: Se todos fossem no mundo iguais a você que maravilha viver. Adoro Mia Couto.


Arsenio Meira 27/03/2014minha estante
Valeu, Dirce. O Mia é um gigante. Desde o dia em que li "Terra Sonâmbula",me dei conta da poesia que ele escreve. É, talvez, o maior prosador poético contemporâneo. Abraços


Pat 27/04/2015minha estante
To super ansiosa pra ler essa coisa linda. Li Terra Sonambula, e foi de arrepiar. Virei fã do Mia Couto na faculdade de Letras e acredito que qualquer leitura vinda dele é no mínimo, boa.




Glaucio Cardoso 11/10/2013

Espera Eterna
Morte, partida, distância, esquecimento. O livro fala principalmente da ausência em suas múltiplas faces e de como os seres humanos procuram meios de lidar com elas.
Mia Couto desenvolve uma narrativa fascinante onde nada é o que parece e as mentiras guardam em si uma verdade mais forte que a realidade. Somos levados num verdadeiro caleidoscópio de imagens e sentidos, não sendo exagero afirmar que a narrativa se encaminha do sensorial para o extra-sensorial.
O leitor brasileiro apreciará a semelhança com Guimarães Rosa no discurso dos personagens bem como as revelações ocultas em seus nomes (Bartolomeu Sozinho, Dona Munda, Suacelência).
Servindo como porta de entrada para a narrativa do autor moçambicano, temos uma epígrafe do brasileiro Mário Quintana: "A imaginação é a memória que enlouqueceu."
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Cris 13/03/2013

Da saudade que fica
Nossa, que leitura gostosa!
Difícil expressar de outra forma a poesia em prosa de Mia, é sempre muito leve, muito sutil... Enfim, fiquei maravilhada desde a história aos neologismos que me cabiam, como o "desarrumário", nada poderia descrever melhor o significado das minhas bagunças.
Alguns trechos me chamaram muita atenção, segue alguns poucos:

"Rir junto é melhor que falar a mesma língua". Ou talvez o riso seja uma língua anterior que fomos perdendo à medida que o mundo foi deixando de ser nosso". É muita filosofia. Cada frase dá espaço pra uma série de reflexões e associações para com a vida.

"Talvez seja a espessura desse céu que faz os cacimbeiros sonharem tanto. Sonhar é um modo de mentir à vida, uma vingança contra um destino que é sempre tardio e pouco."

"As pessoas demoram a mudar. Quase sempre demoram mais tempo que a própria vida."

"As asas da borboleta não são a borboleta toda inteira?"


E aqui fico eu agora, com saudades de Vila Cacimba, de Sidonio, de Bartolomeu com a sua rabugentice...
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rosahelena 17/01/2013

Muitos mistérios...

Quando o médico Sidonio chega a um vilarejo em busca de um amor que encontrou em Lisboa, ele se depara como pessoas misteriosas e cheias de segredos.

Porém ele não encontrou Doalinda, e sim seus supciosos pais que também não sabiam onde sua filha se encontrava, e talvez nem quisessem saber.

A narrativa é um mistério do inicio ao fim, porém o autor consegue envolver o leitor durante a história, e mesmo deixando algumas questões sem repostas, o livro induz ao leitor a tirar suas próprias conclusões.



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