e-zamprogno 19/02/2024Um guia de viagem para se ler antes de viajarNo enredo deste livro o professor herói acorda com amnésia num hospital de Florença e logo descobre que está sendo perseguido por pessoas que querem matá-lo. A história quase toda é a narrativa de sua fuga, primeiro por Florença, depois por Veneza e ainda outra cidade de importância histórica, junto com uma bela médica que o atendia, tentando decifrar o que estava acontecendo. No meio do processo eles descobrem que não é apenas a vida deles que está em risco, mas de toda a população mundial. O vilão da história, verdadeiro cientista maluco, pretende disseminar um vírus geneticamente modificado para provocar uma pandemia com o objetivo de reduzir a população mundial, evitando um colapso matematicamente previsto causado pela superpopulação, que pode levar à extinção de nossa espécie. É uma discussão ética e moral bastante atual e séria que o livro deixa em aberto sobre a mesa após várias reviravoltas na trama ao final do livro.
A história vai ficando cada vez mais envolvente conforme se aproxima da conclusão, mas acho que gosto ainda mais da parte não-ficção que a ficção nos livros da série. Visitei a Europa pela primeira vez em 2007. Os primeiros livros das aventuras do personagem Robert Langdon haviam sido lançados no Brasil em 2004, alguns anos antes, porém eu fui lê-los logo depois de ter voltado da viagem, com lembranças ainda frescas dos lugares por onde havia passado. Depois de todo este tempo lembro poucos detalhes da história daqueles livros, mas me lembro claramente do arrependimento que senti por não ter lido os livros antes de ter viajado. “Passei por esta praça e não olhei para o detalhe que havia no chão!” Este sentimento foi reavivado agora ao ler “Inferno”. Naquela mesma viagem também fiz minha única visita até hoje à cidade de Florença, que é o cenário de cerca de dois terços deste livro. Minhas lembranças da viagem também já não são tão vivas, mas me lembro de ter reservado quatro dias só para visitar Florença e que, estando lá, achei que foi tempo demais. A cidade, berço da Renascença, é cheia de história e arte, mas boa parte da arte se encontra guardada dentro de galerias com filas enormes e entradas com preços em euro, que me mantiveram do lado de fora. Com o conteúdo de “Inferno”, porém, fiquei com impressão que os quatro dias talvez agora fossem poucos, pois eu teria muito mais coisa pra ver, certamente, e depois do grande intervalo entre os primeiros livros do Dan Brown que li e este, me lembrei que o que eu mais gosto nos livros dele é justamente esta oferta de detalhes históricos e curiosidades sobre estes lugares e peças de arte do Velho Mundo. Não que esses lugares e peças não tenham valor em si e precisam de um livro de ficção para ganhar importância. Muito pelo contrário! O autor usa justamente sua relevância histórica para criar as aventuras policiais do professor Robert Langdon, sempre acompanhado de belas mulheres, e ainda usa a profissão do personagem como desculpa para discorrer sobre o assunto. De tudo que há para ver nestes lugares, os livros são como uma curadoria do que há de interessante, indo desde o que é mais famoso até detalhes pouco conhecidos, servindo como um verdadeiro guia de viagem.