Jorge Henrique 22/04/2016Melhor Mundo Fantástico de Autoria NacionalO carioca Affonso Solano nos apresenta o mundo fantástico de Kurgala, que é cheio de criaturas mitológicas e é movido por uma crença de que há 4 divindades, os Dingirï. Filho de um dos quatro, Adapak é um jovem com a pele negra, da cor de carvão, tem os olhos brancos, e é um espadachim muito habilidoso, ele teve que se isolar do mundo exterior e viver em uma ilha sagrada junto com o seu pai, mas ao chegar a 19 ciclos de idade, o lugar acaba sendo atacado, e o jovem tem que fugir das criaturas que querem os 4 deuses e ele mortos. Já no começo da trama, Adapak nos mostra toda a sua habilidade com as espadas, derrotando algumas criaturas que o atacam, mas isso ocorre em quase todo o decorrer do livro, deixando-o mais emocionante e uma história de pura adrenalina.
Temos dois tempos de narrativa em O Espadachim de Carvão, o primeiro é o passado de Adapak, onde vamos ver a sua vivência com seu pai, as lições que seu amigo Telalec o passa para ele aprender a ser um espadachim, e aprender toda a história e técnica do Círculo de Tibaul. Também conheceremos um pouquinho do seu interesse amoroso, Tarish, mas que não tem um grande foco no enredo. No presente, Adapak está fugindo, e encontrará figuras importantes do seu passado em sua jornada, e muitas vezes o autor utiliza do recurso de dois tempos narrativos para explicar algumas pontas soltas sobre a vida do espadachim ou do mundo de Kurgala.
Por ter se isolado do mundo, não teve muito contato com as malícias e maldades das pessoas e das criaturas racionais, e ao decorrer do livro, vamos vendo o quanto Adapak é ingênuo, citando um exemplo, ele pergunta para algumas prostitutas a razão de elas venderem o seu corpo. Mas fica claro para o leitor que isso é só mais uma forma do autor criticar as ações das pessoas do mundo em que vivemos.
Sem querer ser machistas, acredito que o livro seja voltado mais para o público masculino, pelo fato de que, há mais cenas de ações e lutas do que romance, que é algo que é mais característico do público feminino, o único par romântico que existe na trama, é deixado de lado e pouco comentado. Nada que impede de algumas mulheres gostarem da história, pelo contrário, a obra tem potencial de agradar bastantes grupos diferentes de pessoas.
A linguagem da história é bem estilo medieval, com muitas descrições e muitos personagens mitológicos, o que dá um tom mais clássico ao livro, sem o deixar com uma linguagem densa e arrastada, pois achei a leitura bem fluída e rápida, também por se tratar de um livro curto, mas com uma história que valeria mais de 700 páginas, que leria sem problemas.
O autor conseguiu produzir uma fantasia, que arrisco dizer como o melhor mundo fantástico criado por um autor nacional, incrível, bem detalhada sem ser cansativa, com ótimas cenas de ações e lutas de espadas, criticando o racismo sem deixar isso transparecer muito, então se você ainda não leu, está perdendo a chance de apoiar nossos autores nacionais, e de ler um fantástico livro.
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