Ander 28/07/2012Apenas um jeito de desabafar! Na real, apenas uma admiração pela autora!-Resenha terminada em 03/07/2012, fiz uma bagunça aqui e acabei excluindo tudo sem querer, Skoob me "trollando". rsrs
~ Talvez tenha alguns pequenos spoiler, nada tão exagerado... ~
Vamos lá, serei mais um de muitos a fazer mais uma resenha sobre esse incrível e lindo livro, que creio eu, mexeu muito com a cabeça de muitos que puderam apreciar essa obra.
Mais uma vez, digo e repito que é mais fácil fazer uma resenha de um livro que você odiou ao invés de um livro que você se apaixonou! Sinto-me completamente incompetente! Sinto que não consigo passar todo o verdadeiro sentimento que senti ao finalizar esse livro. Uma autora fantástica e sem igual como Lionel Shrivre adoraria saber que ela conseguiu, sim, ela conseguiu deixar mais do que metade de seus leitores com a cabeça louca e com um sentimento que domina nosso ser, domina nosso sentido de pensar, domina tudo que imaginávamos que não seria possível! Realmente não dá simplesmente você não consegue fazer uma resenha perfeita que chegue perto da grande história que esse livro conta! É algo impossível a se fazer, por tamanha é a perfeição do mesmo.
Confesso que demorei muito pra fazer essa resenha, que está mais pra um desabafo, algo que raramente acabo fazendo, mas com esse livro, eu me senti na obrigação de me jogar por completo e conseguir soltar algo que ficou engasgado ao terminar o livro. Estou em um impasse, estou travado, minha cabeça está girando pensando em cada pedaço desse livro, talvez Lionel tenha feito algo surpreendente comigo, sua historia não é apenas um relato de alguma imaginação, mas algo que beira ao realismo, algo que nos toca, que nos faz acordar, que nos deixa extremamente angustiado consigo mesmo!
Não tem como deixar de relatar que esse livro não foi escrito para qualquer pessoa, pois para o ler você precisa estar preparado e ao mesmo tempo, aceitar uma leitura diferente de vários outras!
Sabe, não é uma leitura fácil de início, cheguei a me sentir decepcionado com o mesmo, cheguei a odiar Eva, ainda não sei como isso foi possível, ou quer dizer, acho eu sei sim como foi possível! Mas talvez seja outro ponto que a autora quis passar.
Eva não é uma personagem que se apegamos de cara, ela não é uma protagonista bonitinha, simples e simpática que você encontra por ai, ela é o oposto de tudo que imagina: Egocêntrica, chata, antipática, e vive só pensando no seu mundinho, em suas riquezas e conquistas, nas suas viagens e se gabando de quem se tornou. Isso chega a te deixar doido! Pensando o pq daquilo tudo? Achando que a autora estava desperdiçando tempo, achando que nada daquilo fazia sentido!
Só que não, sinceramente é ai que tudo realmente começa literalmente, onde somos obrigados a conhecer cada detalhe de Eva, tudo pra fazer sentido mais pra frente, então é normal se sentir frustrado com a leitura de inicio, ela realmente parece ser arrastada e cansativa, mas eu te garanto pode ficar sossegado se voce estiver preparado pra ler esse livro tudo vai clarear e fluir muito bem à medida que você vai lendo.
O casamento de Eva é diferente, bonito e confuso de inicio, mas depois do nascimento de Kevin, vira uma bagunça e talvez eu esteja indo além , mas senti que o ódio vai tomando conta do casamento e tudo começa a desandar entre o casal.
Alias, o amor e ódio estão presentes a cada momento do livro, é mais que notável sentir raiva e compaixão a cada passo dado dos personagens, até mesmo sobre o Kevin!
Confesso, eu odiei Eva por vários motivos, eu ficava pensando comigo mesmo, que talvez ela tivesse merecido tudo aquilo, que a humilhação que ela passava era pouco,"ok", eu posso ter feito um julgamento cruel sobre ela, mas creio que não tive escolhas, ela se autodestruía e me fazia pensar diversas coisas, só que depois foi como se o jogo tivesse virado e se apaixonar por Eva foi mais fácil, mais compreensivo, a compaixão sobre todos sentimentos que ela passava me deixava aflito, houve momentos em que eu só queria dar a ela um sorriso ou um pequeno abraço, onde eu poderia confortá-la ou deixá-la se sentir bem, dizer que tudo aquilo ia passar, que o tempo ia curar, mas todos sabemos que isso chega a ser impossível para a personagem, a dor e a culpa que ela carrega chega a dominar seu ser, dominar tudo que ela jamais imaginou.
Fiquei doido com Kevin, a certo momento eu o achava um garotinho forte e ameaçador, isso me deixava vibrado, eu perdi as contas de quantas vezes eu ficava tenso com cada palavra que saia da sua boca, e olha que ele só tinha 6 anos!!! Era algo de se admirar ou não, só que depois as coisas passaram do limite e o ódio tomou conta de mim, era impossível não odiar o personagem! Simplesmente Impossível. E sinceramente não tem como, ele sempre será odiado por mim, ainda não aceito tudo que ele fez, são coisas absurdas e malucas demais, um psicopata por completo.
E finalmente quando começamos a entender quem é realmente a personagem Eva, a leitura te fisga por completo, onde você quer descobrir o porquê de tudo, se questionando em diversos momentos, como se o livro te puxasse, te deixasse desajeitado, como se algo em sua cabeça estivesse faltando, meio doido, mas eu imagino que é essa a intenção da autora, deixar o leitor confuso e maluco ao mesmo tempo.
Todos os momentos de Eva grávida foram importantes pra entender mais a personagem, seus desejos de ao mesmo tempo querer o filho, outros pensamentos tomavam conta de sua cabeça tambem, pensamentos como não querer mais ter o filho, a insegurança tomando conta de si. E ai quando passamos por um parto completamente fora do normal, já sentimos um ar de mudança, tanto na trama como na vida de Eva, e assim de cara vemos Kevin apresenta sua pequena "performance" maquiavélica ao recusar o próprio leite de sua mãe, nao como qualquer bebe normal, mas com um ar de sentir nojo do leite e raiva de Eva! Nos fazendo pensar que talvez Eva tenha parido um `pequeno monstro` e que daqui pra frente só será turbulência atrás de turbulência e é ai que percebemos o quanto estamos certos, agora o bichinho vai mostrar suas garras! E que garras, todo desenvolvimento do Kevin bebezinho já me intrigava, onde ele não parava de berrar e foi ai que Eva começou a sofrer pra valer, ele era um duas caras com apenas alguns anos de vida! Como isso é possível? Perto do pai era uma coisa e sozinha com a mãe era outra completamente diferente!
E ai entra os momentos que eu mais fiquei maluco com Franklin, o pai, o que queria ser o centro de tudo, o impasse de Eva, o motivo dela às vezes não ter feito o que sempre quis! Talvez Franklin tenha sido o abrigo seguro e descarado de Kevin. Ainda fico me perguntando o quanto ele foi cego, o quanto se deixou levar por um simples sorriso falso de seu filho!
Creio eu, que foi ai que a autora começou a trabalhar no realismo, percebemos o quanto existem pais que são cegos e desconhece seu próprio filho, onde o filho pode facilmente manipular seus pais de uma forma simples e traiçoeira! E isso para Kevin era como parte de si, digamos que até um dom, um poder de persuadir seu pai de um jeito sinistro e nos fazendo ficarmos aflitos e com vontade de querer tirar a fenda dos olhos de Franklin, pensando que só assim ele poderia entender que seus atos só iam o levar ao abismo e tudo poderia ser diferente!
Cada momento de Kevin na infância foi pesado, seus movimentos eram imprevisíveis, mas não para Eva, a própria mãe sabia quem era seu filho, ela nunca queria demonstrar que estava contra seu filho, só queria que as outras pessoas entendessem que nada daquilo era o que parecia ser e sim, que tudo tinha seu pequeno lado sombrio e Kevin jamais fora um bom menino. Relatar aqui todos os momentos marcantes de sua infância é demais pra mim, mais só pelo fato dele dominar tudo ao seu redor com poucos anos de vida já me deixava intrigado. Não dá pra não ter um pouco de orgulho por Eva em certo momento que ela perde a paciência com Kevin, não sei como ela conseguiu ter tanta paciência por tantos anos, só que vemos ali pela primeira vez o que Kevin sentia quando sua mãe se descontrolava. Ele se sentia bem, feliz consigo mesmo, era como se fosse mais uma vitoria conquistada! Lamentável. Percebemos também o quanto Kevin era inteligente, e sabia sempre quando e onde falar algo insano, sua maneira de pensar e manipular estava acima de qualquer um, estava à frente de tudo que imaginamos!
E quando eu menos esperava a história me traz a menininha mais linda que jamais esperava ver nessa obra, sim, estou a falar da nova filhinha de Eva, toda sua vontade agora de ter um novo bebê é aceitável e mostra o quanto ela quer se mostrar forte, o quanto ela ainda quer ter esperanças de que as coisas vão mudar para melhor um dia, e não há motivos para não se apegar a uma princesinha linda como Celia, e o medo que temos de Kevin acabar com essa felicidade de Eva é inevitável!
O ciúme de Kevin sobre a Irmã é mais que medonha, é monstruosa! Eu me apeguei tanto em Celia que quando algo de ruim aconteceu, eu só imaginava na vontade de poder enfiar uma faca no olho de Kevin! Ainda não acredito que ele foi capaz de tal atrocidade, brutalidade em certo momento, mais isso não chega a ser pior do que ele faz mais pra frente...
O jeito que o livro é narrado, mostrando o passado e o temido presente dos acontecimentos da historia, foi outro ponto positivo para a escritora, ela soube pegar elementos geniais e trabalhar de um jeito diferente. Onde vemos que apesar de tudo que Kevin aprontou, Eva é a única que ainda consegue visitá-lo na penitenciaria, ainda querendo respostas de tudo aquilo que ele foi capaz de fazer!
O amor de mãe por seu filho é bem realista ai também, quem mais que a mãe para ser forte o bastante e enfrentar essa barreira de frente! E ai onde os dois ficam frente a frente pro outro, que a autora nos recheia de diálogos épicos e bem construídos, nos deixando intrigados com tudo, e desejando momentos assim do começo ao fim!
"Você nunca quis me ter, não é mesmo?"
"Eu achava que sim", falei." E seu pai, ele queria você...desesperadamente."
"Você achava que sim", disse ele. "Depois mudou de ideia"
"Eu achava que precisava de uma mudança. Mas ninguém precisa de uma mudança para pior." (...)
" Alguma vez já lhe ocorreu pensar", disse ele, de um jeito capcioso, "que talvez eu não quisesse ter você?"
Eu estou doido comigo mesmo, por não ter marcado diversas frases como essa no decorrer da leitura, foi tudo tão impactante, a autora não tem medo de escrever, é como se ela quisesse nos torturar, sendo cruel com seu leitor e sem censurar nada, um livro muito mais que adulto!
Sinceramente? Eu não consigo mais achar adjetivos bons para prestigiar esse livro! Ele mexeu tanto comigo que fico perdido na minha resenha mais confusa e desnorteado que cheguei a fazer! A minha vontade é de contar cada detalhe que senti ao ler essa obra, cada momento chocante e maravilhoso que jamais imaginei passar! Precisamos falar sobre o Kevin não é apenas um livro qualquer, é uma obra-prima, que não só me surpreendeu por completo, como também me deixou mais maluco ainda, mas que sim, me tirou do sério de um jeito diferente! Fazendo-me questionar sobre tudo ao meu redor:O valor do amor entre pais e filhos. Onde percebemos até que ponto um ser humano pode ser mau, ou será possível uma mãe odiar seu próprio filho? O pensamento de que pra chamar a atenção de algo que amamos precisamos ser tão cruel e não pensarmos nas conseqüências. Ou talvez o fato de sim, podemos pensar que estamos fazendo algo que achamos que é certo, mas que daqui um tempo, realmente vamos ter a incerteza de que queremos a grande resposta que procuramos!
O sentimento da dor que carregamos por algo que somos julgados sem ter como nos defender.
Eva sofreu muito depois de todas as coisas ruins que Kevin fez, afinal de contas Kevin foi digamos que um "Serial Killer", as pessoas que ele matou tudo de uma vez nos deixa pensar alto!
Sempre pensamos nas mães que perder seus filhos por mortes assim, mas nunca imaginamos pensar na própria mãe que criou o assassino! Outra parte que a autora trabalhou muito bem nesse livro: sobre como a culpa vem tudo em cima da mãe, é algo que Eva sabe que vai carregar para o resto de sua vida, algo que Kevin sempre quis deixar registrado, o prazer dele era atormentar a mãe, a deixar descontrolada, querendo que ela perdesse a força que tinha em si mesma, querendo que ela perdesse tudo o que possuía! E olha, o 'fdp' conseguiu!!!
A vida de Eva depois do ocorrido é completamente uma tortura por completo, ela não tem mais ninguém ao seu lado, e seu único jeito de se consolar é escrevendo as cartas para o marido, onde ela conta tudo que Kevin a fez passar, onde ela consegue contar toda trajetória ate ali, com sua total sinceridade, relatando seus erros, seus medos e sua dor.
E não tem como, toda seqüência final foi completamente de tirar o fôlego, jamais esperava um final surpreendente como esse, fez jus à trajetória do livro.
O melhor livro do ano sem dúvidas! E ainda um dos melhores livros que já li até agora! Magnífico é a palavra certa no momento!
Enfim, ficar aqui relatando sobre todos os momentos terapeutas que esse livro trouxe pra mim, pode chegar a ser clichê demais! Exagerado para muitos, e compreensivo para poucos, juro, serio!Eu juro que tentei escrever um pouco menos ou fazer uma resenha mais explicativa, que desse pra entender o que eu quis passar ao terminar esse livro, mas não da, vai ficar uma resenha que me define: Completamente uma pessoa incompreensiva!
Só ainda acho que falta MUITA, mas MUITA coisas pra falar sobre o Kevin, literalmente! E ainda posso afirmar, que não consegui passar nenhum pouco do que eu queria aqui, queria uma resenha mais digna e forte como o livro, mas nada se compara a uma obra-prima como essa.
Termino essa coisa que podem chamar do que for. Só não sei se encaixaria como uma resenha bonita e bem feita, pq esta longe disso rs... Com essa trecho épica :
"Depois de quase 18 anos...Posso finalmente anunciar que estou exausta demais e confusa demais e sozinha demais para continuar brigando e, nem que seja por desespero, ou até por preguiça, eu amo meu filho."