Puro

Puro Andrew Miller




Resenhas - Puro


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Só Sobre Livros 14/08/2013

Purificando Les Innocents
Confira resenha no blog http://sosobrelivros.blogspot.com.br/2013/08/purificando-les-innocents-carla.html
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Nica 01/07/2013

Puro
Puro de Andrew Miller, um Romance Histórico diferente. Ambientado na França de 1787, num período que antecedia a Revolução Francesa, embora o autor não se detenha nesse tema, alguns locais, incidentes e até clima de ansiedade prenunciam a sua ocorrência, como uma ave de canto agourento. Surpreendentemente, Andrew Miller desenvolveu sua trama em um ponto bem mais centralizado e específico, longe da amplidão que foi a revolução. Tudo acontece também no centro de Paris, mas em volta da histórica remoção do Cimetière des Innocents. O tema instigante num tom gótico e até macabro, não nos deixa esquecer a força da lamina da guilhotina que se avizinha.
O jovem, porém não muito jovem, Jean-Baptiste Baratte, engenheiro, foi convocado pelo ministro do rei Luiz XVI a uma desafiadora empreitada: remover, destruir, livrar-se de qualquer jeito, do Cemitério dos Santos Inocentes e a sua igreja conjugada. O famoso asilo de ossos, localizado no centro de Paris, já está fechado há cinco anos, mas cumpriu seu papel por algumas centenas de anos, e sua lotação se justifica, principalmente, por ter servido em seus últimos anos para valas comuns, chegando a ter até milhares de corpos para cada vala. Quando em épocas de guerras e pestes era lá o desembarcadouro. Agora a sua super lotação associado ao clima chuvoso da cidade contribuem para as insuportáveis condições insalubres, causada pelo mal uso do espaço, e pela decomposição incompleta dos cadáveres. Os mortos estavam matando os vivos. As pessoas que viviam na vizinhança do cemitério estavam sendo envenenadas pelo ar contaminado. Se não houvesse um fim rápido para esse problema, o envenenamento chegaria à Versalhes e o próprio rei e seus ministros seriam contaminados - O pior é que chegou e o rei não percebeu. O mau cheiro era insuportável, mas nada que não fosse habituado. Sim, as pessoas se habituam a tudo, até ao cheiro de podre de decomposição humana. O odor estava na roupa, na comida, no suar, no hálito, na urina, nas fezes. Tudo isso, se imaginarmos os maus hábitos de higiene e a nenhuma noção de sistema sanitário urbano, a cidade deveria ser um bolsão de podridão. Puxa! Quer ir a Paris, siga o seu nariz!
Apesar do clima grotesco e aparentemente cômico, o que temos em Puro é uma metáfora dramática, num tom irônico, de um período que serviu de combustível a uma sociedade à beira de uma explosão. O clima é tenso. Sempre há o que se esperar, seja pela peste de ratos, seja pela brecha no teto, pelas loucuras explícitas, sussurros, suicídios, estupros, incêndios... Muitos mistérios em volta das escavações e exumações de todo aquele espaço, sem contar com a destruição da igreja. Mas tudo é arte do narrador, ele desafia as convenções humanas e o bom comportamento moral, o seu desejo é criar um ar sinistro em volta de sua narrativa até às ultimas linhas. Com tudo isso não há grandes surpresas nem um grand finale e o romance vale pelo prazer da leitura, principalmente aos apreciadores de livros adultos que mistura de História, cultura e acima de tudo que seja provocador. Tenha certeza, aqui temos um romance humano. Humano em todas as suas frustrações, fragilidade, simplicidade e excrementos.

site: http://www.lereomelhorlazer.com/2013/06/puro-andrew-miller.html
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