Tamirez | @resenhandosonhos 23/08/2018RANGERS #1: Ruínas de GorlanMeu primeiro contato com o John Flanagan e sua obra foi através do prequel A Origem – O Torneio de Gorlan, que é uma nova série em que o autor volta alguns anos atrás para contar uma história prévia à presente na série original. A leitura desse livro, apesar dos alertas de spoiler, pra mim serviu como um teste para saber se eu iria me entender com a escrita do autor e, claro, a própria história. Depois de ter tido uma experiência super divertida conhecendo Halt e Crowley naquele livro, me senti super confiante para começar a ler a série Ordem dos Arqueiros em seus 12 volumes.
Tendo dito isso, afirmo aqui que sim, caso você tenha dúvidas sobre se quer começar ou não a série e não quer se arriscar com tantos livros logo de cara, Torneio de Gorlan pode ser uma ótima oportunidade para que o leitor tire a temperatura da história antes de mergulhar logo de cabeça.
Algo super importante de se ressaltar é que a escrita do autor é bem simples, assim como sua construção de mundo. Não espere de Rangers um mundo vasto e cheio de detalhes únicos, pois não é essa a realidade. John Flanagan trabalha com elementos da fantasia, mas prefere caminhar sobre algo mais simples e plausível. Porém, mesmo com o world building não muito explorado, ele consegue conduzir e sustentar de forma muito fácil a sua história. Tudo em Rangers funciona muito bem, a narrativa, a história, o carisma dos personagens, os capítulos curtos e a simplicidade da trama.
“Acenda o fogo para coar café – Halt recomendou – e isso pode ser a última coisa que vai fazer.”
Will é um personagem muito genuíno. Ele consegue ser inocente e cheio de malícia ao mesmo tempo. Ele não sabe direito quem é, de onde veio e o que será de sua vida, mas usa sua cabeça inteligente e todas as suas habilidades pra dar sempre o seu melhor. Ele é atento, gosta de perguntar e não perde a oportunidade de aprender algo novo. Sua curiosidade chega a ser engraçada, pois ele por vezes mal consegue controlar a língua.
A relação que vai se criar entre ele e Halt também é bem interessante. Aquele que ele via como algo até mítico, vira seu mestre e é preciso que eles se conheçam e confiem um no outro para que essa parceria dê certo. O Halt que conheci nesse livro, num primeiro momento, parece bem diferente de sua versão mais jovem de A Origem. Ele era brincalhão e tinha uma relação divertida com Crowley, enquanto aqui ele é sério e nunca brinca. Porém, ao decorrer do livro descobrimos que tudo isso faz parte de sua técnica enquanto mestre e que por baixo da aura de durão, o Halt mais solto que vi no outro livro acaba por se mostrar, mesmo que brevemente
Acho que o livro cumpre bem a proposta de ser introdutório, mesmo curto. Fiquei pensando que poderia haver mais, mas depois me dei por conta que por ter começado pelo outro já estava dentro do mundo e talvez por isso as informações não tivessem o mesmo peso, o que não diminui de forma alguma o quanto aproveitei a leitura. Há spoilers de A Origem em Ordem do Arqueiro e vice versa, independente de onde que você vá começar, chegará ao outro sabendo um pouco mais que o necessário, e não há mal nisso se você for daqueles leitores que gosta de saber todos os detalhes.
Rangers – Ruínas de Gorlan é um livro infanto juvenil mas que tem um protagonista maduro para a sua idade. Mesmo com 15 anos, Will apresenta comportamentos mais adultos e isso é sempre positivo para não infantilizar demais a história. Para os fãs de fantasia que curtem histórias mais simples, porém encantadoras ao seus próprios termos, fica aqui a dica. E, aos já fãs da série, tenham paciência comigo, estou começando agora a desbravar o mundo que há 7 anos (ou mais) vocês já habitam.
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