Portal Caneca 15/08/2014
Se você gosta de livros românticos, com reis, princesas e castelos, com certeza vai ter uma leitura muito boa com esse livro de Marina Carvalho. Escritora brasileira, faz questão de colocar nas páginas desse romance vários elementos culturais e linguísticos únicos do nosso Brasil, como quando a personagem principal, Ana, cozinha pratos típicos ou quando ela introduz no vocabulário de sua família krosviana a palavra “saudade”. Mas você deve estar se perguntando: quem é Ana e o que tem a ver o Brasil com esses krosvianos?
Bom, Ana Carina é uma universitária mineira de Belo Horizonte (mais brasileira impossível!) filha de Olívia, mãe solteira e dona de um buffet. Um dia Ana abre seu perfil do Facebook e se depara com uma mensagem: “Acho que eu sou seu pai”. O QUE? Um pai? Pois é, seu pai que não quis assumir a gravidez de sua mãe quando os dois estavam em intercâmbio na Inglaterra, 20 anos atrás, resolveu aparecer agora! Quando conversou com ele, Ana descobriu que sua mãe mentiu para ela todos esses anos: foi ela quem fugiu de seu pai, assustada com a gravidez. Ok, até aí as coisas podem se acertar… Só que seu pai, Andrej Markov é nada mais, nada menos que um rei. O rei da Krósvia, um pequeno país europeu! Chocante não?
Separados por toda a vida, Andrej pede que Ana vá com ele para seu país a fim de conhecer sua família krosviana e ser apresentada à todos como a princesa oficial. Andrej não tivera filhos, mesmo tendo sido casado com a falecida Elena, que já tinha um filho, Alexander. Ao chegar em Krósvia, Ana tem um período de adaptação e anonimato, sai para fazer compras, para conhecer a capital do país e os arredores. Seu guia turístico é o enteado do pai, Alex. Já deu para ter uma noção do que vem adiante?
Alex primeiramente se mostra bem chatinho, fazendo brincadeiras sem graça e pegando no pé de Ana sempre que surgia uma oportunidade, mas aos poucos isso foi mudando. A cada passeio ele se mostrava mais gentil e atencioso e a opinião de Ana sobre ele também foi se modificando. Será que estou sentindo cheirinho de uma paixãozinha? Pena que Alex tem uma namorada, Laika. Mas bem que ele e Ana podiam ficar juntos…
Quase um “O Diário da Princesa” brasileiro , “Simplesmente Ana” é narrada pela própria Ana, tendo uma história que prende e leitura que flui muito bem, uma vez que a linguagem é bem jovem, com expressões bem brasileiras e também algumas gírias, o que me fez lembrar um pouco dos livros da Thalita Rebouças. Tem muitos clichês de romance infanto-juvenil que combinam com o texto de uma forma natural. Só achei que a inserção de elementos culturais brasileiros foi muito intensa, parece que a todo momento a autora sente a necessidade de citar algo tipicamente brasileiro e chega a cansar um pouco…
Também confesso que gostei mais do personagem Alex do que de Ana, apesar de ter me identificado com algumas de suas paranoias ao longo da história. Ela reage de maneira bem inesperada às grandes mudanças que acontecem na sua vida: primeiro porque, além de descobrir que tem um pai, ele é um rei; segundo, que muito rapidamente ela logo viaja para o país dele. Tudo aconteceu muito rápido e esperava que Ana demonstrasse mais medo e insegurança e agisse menos como se aquilo fosse uma mudança a mais em sua vida, apesar de, ao longo da narração, ela descrever a situação como “difícil”. Mas Alex conseguiu me cativar bastante com sua personalidade descontraída, sempre parecendo despreocupado – ainda que não tenha como saber o que ele pensa – e calmo, tentando manter tudo em ordem.
Por fim, se você se identifica com a pessoa descrita lá no início, pode correr encontrar esse livro para ler porque vai devorá-lo em dois dias, como eu. E também vai se pegar desejando ser uma princesa – mas só de vez em quando, né?
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