Fernanda631 29/08/2023
Uma Prova de Amor
Uma Prova de Amor foi escrito por Emily Giffin.
Quando crianças, as pessoas costumam idealizar o que serão um dia: médico, professor, engenheiro, porém, esses ideais vão mudando à medida que vão crescendo, tendo novos objetivos de vida.
Porém, para Claudia, a resolução que tomou de nunca ser mãe, ainda quando criança, nunca mudou e isso permeou toda sua vida. Imediatamente pode-se pensar: qual o trauma que a levou a decidir nunca enfrentar a maternidade? Aparentemente, nenhum. Apesar de não ter tido um exemplo materno em sua mãe, não considera isso como uma influência para a sua decisão. Simplesmente traçou planos e objetivos em sua vida que não incluem um filho.
Aos trinta e um anos, solteira, sente que a sua decisão contribuiu de certa forma para seu atual estado civil, pois deixa claro, em todos seus relacionamentos, que não tem vocação para a maternidade. Diante disso, desistiu de encontrar sua alma gêmea, aquela pessoa que iria compartilhar suas aspirações e suas decisões na vida.
Até que um dia, através de um encontro arranjado entre amigos, ela conhece Ben, e diante da declaração dele de não querer filhos, pretender aproveitar a vida ao máximo sem recorrer à paternidade, ela pensa ter encontrado o homem ideal. Afinal, os dois compartilham a mesma opinião em vários aspectos.
E hoje aos 35 anos, Cláudia é independente, bem-sucedida e tem uma certeza na vida: não quer ter filhos. Casada com Ben, ela vive uma relação sólida, feliz e à prova de bebês, já que o marido também não almeja ser pai. Mas, quando um casal de amigos conta que está esperando o primeiro filho, Ben muda de opinião e tenta convencer Cláudia de que, no fim, ter um bebê não é uma ideia tão ruim. Irredutível, ela mantém a convicção de sempre, o que abre as portas para um caminho que pode não ter mais volta.
Ben quis mais do que somente uma vida a dois: ele passa a sentir desejos de construir uma família com ela, algo que é totalmente rejeitado.
E mesmo que Claudia mostre todos os contras de se terem um filho, razões que achei, como leitora, sem noção e egoístas, Ben não muda suas ideias, o que faz com que o casamento dos dois entre em conflito.
A partir daí, Claudia passa a seguir sua vida, de forma a ir adiante provando sua opinião, negando o amor que tem por Ben, e aceitando a ideia que, afinal, almas gêmeas não existem. Se existissem, um faria o que o outro queria, não? Ou, na verdade, seria abrir mão de algumas coisas para fazer o outro feliz, sem negar a si mesmo?
A história não se concentra somente em Claudia e Bem – este, aliás, fica em segundo plano na maior parte do livro –, envolve dramas familiares, medo de arriscar, assumir o que sente e enfrentar os medos.
Em Uma Prova de Amor, Emily Giffin apresenta, mais uma vez, uma história que poderia acontecer de verdade e, livre de vilões ou mocinhos, mostra os personagens exatamente como as pessoas reais são: cada uma com suas questões, cheias de dúvidas, sentimentos conflitantes e medos e nem 100% boas ou 100% ruins. Ou seja, humanas.
Além da história principal, Uma Prova de Amor traz uma série de tramas paralelas que, de alguma forma, estão ligadas ao dilema de Cláudia e Ben. E esses casos não servem apenas para “engordar” o livro e, sim, para mostrar, ainda que de forma indireta, os outros lados da história. Diferente de outros livros de Emily, como Questões do Coração e Laços Inseparáveis, Uma Prova de Amor é narrado em primeira pessoa apenas por Cláudia. E a situação e escolha o funciona muito bem e enriquece a narrativa, pois o dilema principal é dela e é interessante saber como ela reage aos diferentes acontecimentos.
Quando comecei a ler Uma Prova de Amor, tive receio de que a trama terminasse da forma mais simples e previsível possível. Mas Emily não decepcionou: o final é, como todo o resto da história, coerente, realista e desprovido de forçações, mas sem perder aquela dose de emoção.