spoiler visualizarLucy 07/06/2021
Uma prova de paciência
Este é um livro que peguei por conta da sinopse com uma premissa interessante. Gosto de livros sobre relações já estabelecidas que estão em crise. Uma história de superação das adversidades. Mas, por mais que tenha sido essa a ideia passada pela sinopse, não foi o que encontrei.
A escrita me incomodou absurdamente. É prosaica e fria. É como ler um diário, onde a personagem conta o que aconteceu em seu dia, que tal pessoa disse algo divertido e tudo mais. Há poucos diálogos, principalmente no início, e mesmo as situações que não são apenas narradas ou recapituladas são sem muita emoção. Não me conte, me mostre!
Cláudia é uma personagem detestável. Assim como todas as mulheres. Todas elas são chatas e extremas. Cláudia é autocentrada, arrogante e muito julgadora. Adora apontar o dedo para os outros e não reconhece o quão nojenta é. É o tipo de pessoa que eu iria manter distância, já que só ler sobre ela e estar em sua cabeça foi o bastante para sugar meu bem-estar. Sua amiga Jess é uma boa bisca que adora ficar com homens casados, como se fosse a coisa mais certa do mundo. Suas irmãs, que não me dou ao trabalho de lembrar o nome, também tem problemas que as tornam chatíssimas. Uma é casada com um homem lindo, rico e traidor. A outra é casada com o namorado da faculdade, que é ótimo, mas a vida deles gira em torno de terem um filho. Jess joga na cara das duas que não é problema dela se a mulher traída não é suficiente para o marido traidor e que, sem querer, conseguiu engravidar, coisa que a irmã de Cláudia sonha a anos. Como alguém é amiga dessa mulher? É um mistério. E não me faça falar sobre Vera, a mãe de Cláudia.
Falando do plot: Cláudia não queria filhos. Ben também não. Eles eram perfeitos juntos; até não serem mais. Eu esperava um dilema maior, esperava vê-los lutando pela relação deles. Mas nada sobre eles é bem desenvolvido. Primeiro que temos apenas uma recapitulação de como eles se conheceram. É tudo muito rápido e sem graça. Não dá tempo de se envolver com eles como casal, diferente do que a Colleen Hoover (que não é uma autora que gosto muito) faz com primazia em Todas as Suas (Im)Perfeições. Com isso, seria muito interessante e mais emocionante acompanharmos seus conflitos. Outro ponto é o fato de que Ben mudou de ideia do nada. Simplesmente resolveu isso, e ter um bebê se torna mais importante do que manter a relação. Não fez o menor sentido e foi mal explorado. A separação também foi algo completamente abrupto. Vocês se amam, então como se separar diante da primeira adversidade se torna a ÚNICA opção possível?
A autora passou muito tempo estabelecendo sua relação com Richard, ao ponto de parecer que ela ficará com ele no fim, principalmente após a forma apressada que a autora nos apresenta Ben. Entretanto, apesar de preferir que ela voltasse com Ben e eles entrassem em um acordo, a maneira que Cláudia resolve que Ben merece uma segunda chance, depois de uma viagem (teoricamente) perfeita, foi muito estranha. Abrupta, mais uma vez.
Também não gostei como a autora deixou toda a responsabilidade da relação nas costas dela. Acredito que quando uma pessoa ama realmente, coisas antes impensáveis se tornam objetos de desejos ou de, no mínimo, indagação. Como, no caso, ter um filho. Assim como creio que quando se ama deve-se haver concessões. Ben, assim como Cláudia, deveria indagar-se sobre se ter ou não um filho é realmente crucial para eles. Imaginar se um bebê é mais importante do que estarem juntos. Se ele, por mais que venha tendo esse desejo, poderia abrir mão dele para ficar com sua mulher. E se ela, apesar de sempre ter sido irredutível, poderia se ver como mãe do homem que ama. Mas não. Passamos o livro todo com Cláudia convicta que ter filhos é enterrar sua vida no marasmo e na decadência. Que pais não podem ter uma vida animada, não podem crescer profissionalmente, não podem sonhar em um dia viajar para o exterior. E (de novo) abruptamente ela resolve que, por Ben, ela poderia fazer isso que ela a anos diz não ter interesse. Por mais que Ben tenha dito que a queria, apesar da falta de filhos, nunca houve uma conversa sobre o assunto, mesmo após um mês. Vocês se divorciaram por causa disso! Como podem simplesmente voltar e fingir que não há esse elefante na sala?
Enfim, foi um livro muito fraco, majoritariamente enfadonho, irritante e mal explorado. Não teve nenhum personagem que me agradasse e a protagonista é insuportável. Uma pena.