Codinome 24/11/2022
Um pouco sobre "O que há de errado com o mundo?"
Dando continuidade à obra de Chesterton, um escritor que venho gostando bastante, conclui a leitura de “O que há de errado com o mundo?” – um livro de viés ensaístico, em que trata sobre os problemas vislumbrados pelo autor na época moderna (início do séc. XX), contemporânea ao mesmo.
São vários os tópicos abordados, em que o núcleo geográfico central é sua pátria inglesa. Aqui vale uma primeira observação: a Inglaterra e sua cultura são ingredientes essenciais no texto de Chesterton, algo que eu já havia percebido em “Tremendas trivialidades”. No presente livro, toda a política de sua terra natal, a língua, as manias, a economia... Se evidenciam em cada frase e parágrafo. De fato, temos em mãos um escritor clássico, que das várias definições que podemos dar a esse adjetivo, uma já o define muito bem: algo que sobrevive há uma releitura, digo mais, que melhora. Chesterton é sim alguém que o leitor pode retornar aos mesmos textos daqui um ou dois anos e sentir algo que continua vibrante e revigorante naquelas páginas.
Como comentei ao início, a grande preocupação do livro é apresentar o quadro de problemas que Chesterton se vê e vê sua sociedade imersos ao início do século XX, em várias esferas: política, cultura, sociedade e ideais. Um texto que por mais que seja saboroso de ser lido, percebemos que são temas profundos sendo tratados e, é comum, o leitor se perder um pouco na leitura; daí a importância de uma leitura lenta e atenta: precauções fundamentais quando lidamos com um clássico. A capacidade de síntese de Chesterton nos ajuda bastante nessa empreitada de leitura e nos encanta com dezenas de frases excelentes; aquele tipo de livro que você pode arrancar certas frases e sair citando por aí, sem perder em profundidade; pois são trechos que geram faíscas para fazermos uma série de reflexões. Claro que ler o trecho dentro do próprio contexto da obra é sempre mais enriquecedor.
Pensando em não-ficção, Chesterton já é meu escritor favorito (Observação final: mesmo ele colocando histórias e personagens fictícios de vez em quando, em "O que há de errado com o mundo" isso serve, entre outras coisas, para dar um caráter mais leve ao seus ensaios, pois o tema principal não se perde em nome da história literária, ela serve de ilustração para o problema apresentado, caracterizando maravilhosa e profundamente o estilo do autor).