13marcioricardo 03/05/2022
Livro de Altos e Baixos.
O livro já começa mal pelo título. Quanto pedantismo. O que há de errado com o mundo, em pouco mais de duzentas páginas... O autor mal consegue sair de Inglaterra, fala apenas para os seus e não consegue ver um palmo á frente do seu tempo. Como golpe de marketing é ótimo, mas de resto é lastimável.
Ao percorrer as páginas encontramos temas como o homem, a mulher, o feminismo, a sociedade, política, imperialismo, religião, história, educação, etc. . Como já faz um tempo que vejo este autor sendo recomendado por diversas pessoas que acompanho, não pude deixar de sentir decepção. Sim, o autor tem bagagem e é culto, sim tem tiradas de génio e apontei algumas de suas palavras no meu caderno, mas teve uma visão muito estreita de mundo.
Passa boa parte do livro falando de mulheres e o que fica é que não sabe de nada sobre elas. E sobre homens não é muito diferente. O que não falta no mundo são homens génios que foram cruéis nos seus textos com mulheres. Eu sei que não podemos dissociar os tempos, apesar de que há coisas que estão erradas, seja hoje ou há dois mil anos atrás. Chesterton com frequência encaixa o ser humano em algum padrão. Os homens isto, as mulheres aquilo, e raramente acerta.
É uma infeliz ironia, ver um cristão achar que as execuções públicas de criminosos converterem-se em privadas, ser um retrocesso na civilização. E, ao contrário de outros homens misóginos ou misantropos que desprezam os outros por se acharem ou sentirem superiores, a impressão que fica é que Chesterton tem medo de mulheres. Não há nada mais desprezível que isso, com ou sem razão.
Advogar mil e um artifícios para provar que o voto faz mais mal à mulher do que bem, que é estapafúrdio uma mulher usar calças, ou que o poder e a vida que uma mulher tem ao cuidar de casa é tão ou mais valoroso que o do homem que constrói o mundo cá fora, e pra quê ? Pra lhe cercear a liberdade, pra a manter dentro daqueles poucos metros limitada, dourando a pílula com paleativos sofistas. Quanta covardia, me fez sentir até um pouco feminista, aff.
Esse trabalho para exaltar a mulher ao mesmo tempo que a convence a não crescer não passa de um insulto escabroso que lhe faz. E insulta os homens também, por arrasto. Quanto à educação o livro também apresenta altos e baixos. Dizer que o Séc. XII dificilmente será superado pelo Séc. XX, é coisa que está mais próxima de ser escrita por um pateta do que por um intelectual. Existem boas criticas ao socialismo, mas o autor manifesta agruras em deixar a religião de lado, a meu ver um ponto fraco.
O autor não consegue moldar, alterar, forjar o futuro, como alguns daqueles que ele critica o fizeram. Talvez eu ainda romantize muito a ideia do intelectual, mas a verdade é que Chesterton não só não conseguiu influenciar, como não logrou sair da sua época, nem demonstrou capacidade para pelo menos prever o que vinha pela frente, agarrado às saudades do passado. De outra forma, não teria escrito tanta baboseira.