Casagrande e Seus Demônios

Casagrande e Seus Demônios Walter Casagrande...




Resenhas - Casagrande e Seus Demônios


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Gleysson 16/03/2019

Um jogador acima da média
A história do Casagrande como jovem, pai, jogador e dependente químico está descrita de forma direta e sem rodeios. A relação de amizade e idolatria com o ídolo Sócrates também é relatada de forma muito emocionante. Vemos um homem que expõe suas glórias e falhas que o levaram do auge ao fundo do poço no abismo da dependência química. Vemos uma biografia escrita de forma sincera que cumpre o seu papel de criar empatia e aproximação com o Casagrande.
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Carla Martins 22/08/2018

Sincero e visceral
Mais em: https://leituramaisqueobrigatoria.blogspot.com/

Sinceridade. Para mim, essa é a palavra que mais resume essa biografia. Ela desnuda fatos, sentimentos e pensamentos do ídolo corintiano Casagrande, ex craque de futebol, comentarista aclamado da Rede Globo e dependente químico.

Eu torço para o Santos mas, mesmo assim, achei o livro muito bom. Para quem torce pelo Corinthians, é um prato cheio. Ele fala de várias passagens importantes do clube, incluindo a mais emblemática: a democracia corintiana.

Fora isso, tem toda a questão da dependência química, tudo o que ele passou e o quanto é difícil entender e aceitar que se é um dependente químico, e que essa doença não tem cura.

Outro assunto que é muito abordado no livro é música. Para quem gosta do tema, o livro traz muitas passagens bacanas, principalmente sobre rock, estilo musical preferido de Casão.

Há várias páginas com fotos de vários momentos do jogador. Dá pra viajar no tempo.

Super recomendo a leitura! Nua, crua, sincera, visceral. Assim como seu autor.
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Denize.Dias 13/02/2018

Caramba!
De novo: caramba! Outro livro de alguém da minha idade ( o outro foi de "Aha a U2 do Zeca de Camargo, também nascido em 1963), que viveu a adolescência e a juventude na época da Ditadura Militar, com o sexo pré-aids, muito rock n' roll e as drogas, neste caso, levado (quase) às últimas consequências. Pauleira. Desconforto. Desabafo. Vida passada a limpo. Fácil de ler e difícil de digerir. Necessário.
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BeatrizViana0 07/02/2018

Perfeito!
Uma biografia maravilhosa, em que Casagrande conta em detalhes o inferno por que passou e o melhor, não se julga melhor que ninguém e admite que está em constante tratamento. Lindo a sua atitude em assumir que errou com o filho e pretende reconquistar sua amizade. Linda a sua atitude em se reconhecer que é um depedente e precisa tratamento constante. Perfeito!
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Roberto.Proença 23/01/2018

Autêntico
Casagrande além de ter sido um grande jogador de futebol, em especial do meu corinthians e da seleção, mostra neste livro todo seu lado polemico que envolve sua vida com a rebeldia adolescente, o futebol,o rock, a democracia (a corinthiana e a militar), e claro a convivência com as drogas. Como, mesmo sendo famoso, conseguiu fugir desse mundo quase que discretamente, e agora conta, com detalhes, o pesadelo que viveu.
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Antonio Maluco 02/09/2017

Esporte
foi legal de ler a biografia dele e ver como ele deu a volta por cima em relação as drogas
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icaro 23/08/2017

Franco, corajoso e emocionante
Casagrande e seus demônios prende a atenção desde o início. Despe sem rodeios e sem censura tudo o que aconteceu na vida de Casagrande. Destrincha todo o caminho para onde suas experiências com drogas o levaram. A sinceridade e clareza dos detalhes dos momentos de crise, overdoses e problemas vividos no período em que permaneceu como usuário ativo de várias drogas aterrorizam e chocam aqueles que estão nas primeiras páginas.

Casagrande foi muito corajoso ao abrir seu coração e conseguir resgatar tudo o que passou. Alegrias, sofrimentos, angústia e momentos de prazer. Tudo aquilo que o levava a ter uma vida louca e intensa no início de carreira e que o acompanhou durante um longo período até que seu problema com drogas escancarassem as portas de todas as casas do Brasil. Coragem de olhar para trás, reconhecer os erros, lamentar escolhas, recordar bons momentos e tudo isso sem pensar naquilo que a sociedade poderia dizer sobre seus hábitos e o julgamento alheio.

Em meio às questões extra-campo, o livro é contado com ênfase em seus problemas com drogas, mas segue a ordem cronológica e trata sobre os momentos de Casão em sua vida. Como se fosse um confessionário, fazendo com que tudo que fosse contato seria automaticamente exorcizado. Casagrande também contra detalhes do período em que esteve nos clubes que defendeu ao longo de sua carreira como jogador. São 248 páginas que tratam de diversos e interessantes assuntos.

Entre esses temas estão: o surgimento da Democracia Corintiana, o pensamento crítico em relação aos momentos em que o país enfrentou nos anos 80, a convivência com grandes figuras do futebol como Sócrates, Telê, Leão e Renato Gaúcho. Em casa um dos 20 parágrafos é possível perceber o ex-atacante em sua forma mais sincera.

A humildade de reconhecer os erros, lamentar os problemas, mas encará-los de frente é de se tirar o chapéu. Casagrande caiu, mas conseguiu se levantar com o apoio da família, dos amigos, de tratamentos rigorosos, da empresa em que trabalha e principalmente por sua força de vontade em querer vencer, querer ter uma vida nova e seguir com ela da melhor maneira possível e sóbrio.

Leitura necessária para compreender a dificuldade que é lidar com a fama, lidar com as drogas e também mostrar o quão difícil é reverter esse jogo e seguir firme todos os dias lutando contra um vício.

site: http://valendoesportes.com.br/resenha-casagrande-e-seus-demonios-globo-livros-2013/
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Danilo Vicente 21/04/2017

Casagrande é transparente
Quem é corintiano, leitura obrigatória. Não sou. Mas mesmo assim gostei de Casagrande e Seus Demônios. Especialmente da parte de seu fundo do poço com as drogas, relatado com transparência. Mas também das passagens futebolísticas. É pra ler numa tirada só.
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Eduardo 17/03/2017

Vale muito a pena ler este livro com a história (parcial) de vida do Casagrande, herói e pilar da Democracia Corinthiana. Tudo nu e cru, gera momentos de amor e emoção e outros de raiva e inconformismo com a postura desse ser humano sujeito a erros e acertos.
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Kallel 07/09/2015

Drogas, drogas e rock n' roll
Casagrande é, sem dúvidas, o jogador mais louco da história.
Sem culpar ninguém e assumindo todos os seus erros ele expõe toda a sua vida sem medo.
Jogou muita bola, fez muitos gols, esteve pessoalmente envolvido no cenário do rock nacional, lutou pela democracia dentro e fora dos campos, viveu entre demônios, usou muita droga, mas muita mesmo, atingiu o fundo do poço e, como uma fênix, ressurgiu das cinzas.
Mais do que uma simples leitura, uma experiência, uma vivência. O melhor jeito de aprender uma lição é com o erro dos outros, e de um grande erro Casagrande fez um grande acerto ao se expor assim e transmitir todas as glórias e todo o inferno que viveu.
Leitura obrigatória para todos os fãs de futebol, Rock n' Roll ou de grandes dramas.
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Paulo 22/12/2014

Doido, muito doido...
Aborda a história de um personagem marcante na história do nosso futebol, um ser humano com personalidade forte e decidida. Sabia que ele era meio doido mas não sabia a profundidade da loucura a qual ele se entregou no mundo das drogas. Além das loucuras narradas existem passagens bastante engraçadas. Vale a leitura.
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vortexcultural 18/09/2014

Casagrande e Seus Demônios Casagrande e Gilvan Ribeiro
Por Filipe Pereira

Para quem está acostumado a ver Walter Casagrande Júnior comentando as partidas da seleção ao lado de Galvão Bueno e Júnior (antes, Falcão), talvez não conheça a história por trás do gigante em estatura e, por vezes, lento cronista, que costuma dar pausas imensas entre uma máxima e outra proferida. Desde a época como jogador da histórica e áurea fase da Democracia Corinthiana, ele já demonstrava um algo a mais, seja por sua óbvia qualidade como atacante (em um time que tinha enorme qualidade antes mesmo de sua estreia), seja pela parceria e amizade com o Doutor Sócrates tanto nas quatro linhas quanto fora delas; ou por sua destacada personalidade forte e comportamento completamente diferente do estereótipo do jogador de futebol, normalmente associado à pouca inteligência e afeito ao samba. Casão era diferente: roqueiro e muitíssimo instruído, considerado esquerdista e representante de uma das poucas formas democráticas de governo em plena ditadura militar. Uma boa definição para ele foi feita por Washington Olivetto, um dos publicitários mais importantes do país e vice-presidente do departamento de marketing da Democracia Corinthiana do Parque São Jorge: O Casagrande foi o jogador e é o comentarista mais rocknroll da história do futebol brasileiro.

Logo na orelha do livro Gilvan Ribeiro começa citando o que haverá nas páginas seguintes, nesta ordem: Drogas, futebol, política, rockn roll. A promessa é de que as palavras serão as mais sinceras possíveis, num tom de total confissão não dos pecados em si ou de arrependimentos por parte de Casão, mas dos tropeços e demônios que ele busca expulsar de sua própria vida até os dias atuais. O tom do início do escrito é tão docemente poético que dá para notar a simbiose entre Walter e Gilvan, ambos jornalistas, um ingressando por seu passado esportivo e outro por formação. A união dos dois traz à luz a primeira publicação de cunho literário de ambos. Curioso é que Casagrande, mesmo após o lançamento do livro, ainda não o havia lido por completo, ainda pesando se seria benéfico a ele revisitar tudo outra vez.

Há um contraste entre os relatos da vida do biografado e a ideia que seus amigos fazem de si e de sua luta contra o vício. Para Antonio Prata e Marcelo Rubens Paiva, existe uma enorme poesia na luta entre os antagonistas e o vencedor, contornos de uma narrativa épica. Casagrande humilha o adversário e até o rebaixa de divisão (utilizando um termo ligado ao esporte). No entanto, sem qualquer egocentrismo e sem subestimar a sua capacidade de autodestruição, Walter assume sua ponderabilidade diante do vício, e afirma que não se lembra de como era antes de provar a droga. Ela não o apequena, ao contrário, é homem o suficiente e tem tal coragem e ombridade para assumir que sempre perderá para o entorpecente. Sua luta diária é a de empatar com ele, não de ganhar. O ex-jogador não é um ex-adicto: viciado é a sua condição; a luta é para não lançar mão de seu vício. Ribeiro usa um paralelo com Salomão, que teve um embate com 71 demônios e que destes o único que sobreviveu era exatamente o mais forte, o qual retornaria. Casagrande também estudaria o caso e veria materializado o diabo em seu apartamento.

A escolha por iniciar a narrativa pelas tragédias é corajosa e pontual, mostrando uma das muitas crises de Casão, convencido de que um ser dos infernos invadirá a sua casa, até hoje sem a certeza absoluta de que aquilo foi causado somente pelo torpor da droga. A preparação da heroína que ele injetava é contada nos mínimos detalhes, inclusive expondo a espera pela solidão, quando sua mulher (atualmente ex-esposa) e filhos saíam de casa, apenas para fazer uso da substância. A excitação maximizava os efeitos e o uso era tão milimetricamente pensado que se assemelhava a um ritual dos mais metódicos. Os parágrafos são construídos entre fatos e falas de todos que cercam Casa, como na parte em que seu filho Leonardo diz ter notado algo estranho com o pai, escondido atrás da porta do banheiro e do fingimento do mesmo o episódio se caracterizou como uma das overdoses mais recentes que sofreu, em 2006, um ano antes do incidente com o demônio e do acidente automobilístico que causou. A injeção foi de 1 ml de speed, uma dose para dois, devendo ser aplicada em dois momentos distintos, mas que foi ingerida em uma única vez. Tal desventura foi o fator principal para o seu divórcio com Mônica: ela sentia-se traída e Casagrande tinha dificuldade em aceitar o litígio. Segundo o autor, o ex-jogador se encontrava em queda livre e tinha uma atração irresistível pelo abismo.

Nem mesmo se apegar ao trabalho fez Casão ter força o suficiente para parar de se autoflagelar. A cobertura que realizou na Copa do Mundo da Alemanha, em 2010, foi em um período entressafra do vício, quando estava limpo tal comissão só aconteceu graças a Galvão Bueno, que insistiu muito com a emissora para que o comentarista trabalhasse, a despeito de todo o receio do canal, deveras justificado, obviamente.

Uma vez, na clínica de reabilitação em Itapecerica da Serra, sofreu um forte choque com a rigidez do tratamento e do isolamento: não sabia para que lado ficava São Paulo. Lá ele era chamado somente de Walter. O intuito era livrá-lo da aura de fama que também colaborava para o descontrole de seu vício. Isso despertou nele a luz de alerta do quanto estava doente, fazendo-o passar a ser mais Walter e menos Casagrande. A ideia de morrer jovem sempre foi para si muito deliciosa, posta pela morte precoce de seus ídolos Jim Morrison e Jimi Hendrix, uma filosofia juvenil preconizada por Mick Jagger, que curiosamente envelheceu nos palcos mantendo sua energia. O esboçar da mudança aconteceu com um presente de amigo oculto organizado entre os pacientes da clínica: a autobiografia de Eric Clapton, seu ídolo, pessoa pública e, acima de tudo, um homem que enfrentou o vício nas drogas e que contou a sua própria história, assim como Casão faria junto a Gilvan.

A reinserção do comentarista na grade da Globo foi, aos poucos, milimetricamente pensada para chocar o mínimo possível de espectadores. A retomada começou em pequenas participações em programas de TV fechada como o Arena Sportv, e depois em uma longa entrevista a Fausto Silva e seu típico arquivo confidencial. No dominical ele abordou a questão da adrenalina perdida após a aposentadoria dos gramados e do grave erro de querer preencher um vazio com algo diferente, ao invés de tentar aceitar que certas coisas são finitas. Walter ainda viria a dizer que um dos efeitos da cocaína é o congelamento emocional decorrente do uso, que o torna um sujeito cínico, egoísta e insensível aos sentimentos alheios.

Para quebrar um pouco com a gravidade das situações, o biógrafo começa a falar da adolescência e juventude de Casão, desde a amizade com Wagner Magrão, com quem começou a usar maconha, passando pelo ativismo político, inclusive contando seu envolvimento numa arrecadação de fundos para a fundação do Partido dos Trabalhadores. A biografia não contempla todos os momentos da vida do ex-jogador, mas trabalha obviamente as partes mais lisérgicas e repletas de adrenalina de sua existência. Um ótimo escape dos problemas do homem Casagrande, elencados de acordo com seus próprios interesses.

O período histórico da Democracia Corinthiana foi um marco para o futebol e para a época, visto que dava voz aos atletas, além de ser um grito anti-repressão. O movimento sofreu tentativas de desmoralização ao ser associado a alguns episódios do clube, como o extensivo uso de cocaína por parte de Casagrande e outros escândalos que envolviam outros jogadores do Corinthians. Mais do que o poder de voto e de influência, para Walter o auge era dividir os vestiários e os gramados com os seus ídolos, além de vestir a camisa do seu time do coração, realizando finalmente um sonho de menino. Tudo na vida de Casão orbitava em volta de Democracia. A situação era de tamanha compreensão que ele ganhou a salvaguarda de poder beber sua cervejinha em um bar dentro do Parque São Jorge, regalia estranha até mesmo para os dias atuais. Tal conduta o faria se encontrar com Mônica, sua futura esposa e atleta de vôlei do clube, levando-o a pichar o muro das dependências do Parque pedindo-a em casamento.

A outra parceria matrimonial de Walter Casagrande foi com o Doutor Sócrates. A história pregressa do elegante meio-campista era belíssima, a começar pela decisão de só sair de Ribeirão Preto após sua formação no ensino superior, mesmo com propostas de cunho econômico elevadíssimo. Isso foi do caralho! Qual jogador recusaria uma oportunidade dessas com o propósito de terminar os estudos? Hoje, por qualquer euro, o cara larga tudo e vai jogar na Ucrânia. A admiração sempre foi grande. Em 1978, quando Sócrates passou a jogar no Timão, Casagrande estava nos juniores, e em 1981 os dois se encontraram, com Sócrates servindo a seleção em um amistoso contra a Caldense, onde o centro-avante estava emprestado. O mais experiente foi perguntar ao mais jovem como ia a sua carreira, pois lembrava dele nos juniores, e os olhos de Walter brilhavam ao saber da importância que ele lhe deu. Mesmo após o Magrão sair do Corinthians, dali pra frente eles se tornaram unha e carne, inclusive o Doutor foi convidado para ser padrinho do casamento de Casão. A relação esfriou após uma declaração de Sócrates de que Walter teria se vendido e ignorado seus ideais por começar a trabalhar na Rede Globo, como se ao aceitar o emprego ele abrisse mão de seu DNA transgressor. O divórcio aconteceu silenciosamente, nunca houve uma discussão pública entre os dois, somente um afastamento que os proibia até de se reconciliarem. Isso ocorreu até que Gilvan Ribeiro decidiu tornar público o desentendimento, fazendo com que o povo passasse a exigir a reconciliação, cuja oportunidade existiu em 2006, mas que não aconteceu graças a uma das muitas falhas de Sócrates. Pouco antes do Doutor falecer, entubado na cama do hospital, os dois deram as mãos e Casagrande desistiu do orgulho ferido, perdoando seu melhor amigo. Eles ainda gravariam uma reunião no ar no Arena Sportv, antes da derradeira internação. Walter Casagrande escreveu um belo texto sobre o amigo Magrão, declarando seu amor a ele e concluindo que não existia Casagrande sem Sócrates. A íntima relação tinha em comum a dependência no caso de Sócrates, era ao álcool. No fim do texto ele desabafa: Tínhamos uma estreita aliança Vou jogar meu anel fora. Fazer o quê com um anel pela metade?.

Casagrande já tinha um engajamento político antes de ser amigo de Sócrates, desde muito cedo. Com o tempo, passaria a ser voz ativa contra o militarismo dos anos 70 e começo dos 80, divergindo inclusive das ideologias de alguns outros jogadores, como a do goleiro Emerson Leão. Estas desavenças se enfraqueceram com o tempo, e apesar de ter sido acusado de amolecer, Casão acredita que conviver com as diferenças é a base da democracia. O ex-atacante foi totalmente contra a contratação do goleiro pelo Corinthians, quando perguntado sobre o assunto na época em que os membros do plantel davam opiniões sobre as admissões de outros jogadores. Casagrande seria afastado por 40 dias por contestar publicamente a decisão da maioria; seu receio era que a democracia ruísse graças ao forte temperamento de Emerson. A rivalidade aumentaria, passando por alfinetadas mútuas e brigas no elenco, cujo fim do estado democrático supostamente teria findado graças ao arqueiro. Mas seriam águas passadas, pois ambos atualmente se admiram muito graças às profissões que ambos seguiram após aposentarem as chuteiras.

A saída de Walter do Corinthians foi traumática. Tudo começou com uma desavença com o técnico Jorge Vieira e depois com a diluição do que ele entendia ser a essência da Democracia. Com a nova diretoria, acostumada a velhos hábitos da cartolagem brasileira, ele também não teve uma boa relação, sofrendo uma crise com a torcida após desperdiçar um pênalti contra o Atlético-MG, foi retirado aos cinco minutos do segundo tempo somente para sair vaiado pela torcida. Através do empresário Juan Figer, ele foi transferido para o Porto, numa época em que o aporte de brasileiros no futebol europeu não era tão comum. Depois ele ainda teria uma passagem vitoriosa pelo futebol italiano, sendo artilheiro e ídolo no Ascoli e no Torino.

A sinceridade de Casagrande é uma característica apreciada e elogiada por todos que o cercam, inclusive por admiradores ilustres, como Washington Olivetto e Galvão Bueno. Até em suas rusgas o ex-jogador é absolutamente preso à verdade, mesmo quando isto não é totalmente conveniente. Isso acontecia nos seus comentários in loco durante os jogos, porém essa característica se mostra ainda mais intensa ao comentar seu temível drama do vício. O que antes poderia ser encarado como algo possivelmente ruim, tornou-se uma indiscutível demonstração sentimental de autenticidade, quando, em lágrimas, comemorava a vitória do Corinthians sobre o Chelsea, em 2012, no Mundial Interclubes. A louca gangorra que era a vida de Casagrande é completamente diferente de sua rotina atual, morando sozinho e saindo pouco de casa, apenas para não cair na tentação de re-experimentar as sensações das bad trips proporcionadas pelo uso recreativo da droga. Dedica-se somente ao trabalho e ao hobby cinéfilo, explorando Lars Von Trier e Quentin Tarantino. As últimas páginas são voltadas ao capítulo com a alcunha, dada por Casagrande, de Ele Mesmo, onde o ex-artilheiro esmiúça as mais recentes experiências e traça prospectos sobre como será seu futuro. Tal posfácio acrescenta ainda mais honestidade ao seu relato, que no geral se preconiza e se caracteriza pela quase completa ausência de arrependimento, mesmo em meio a muitos erros. Além disso, a obra apresenta suprema honestidade nas palavras, numa das poucas biografias autorizadas sem uma linha sequer de caráter chapa branca ou apologia a uma vida sem desvios morais. Casagrande e Seus Demônios é um enorme esforço de pesquisa por Gilvan Ribeiro, e de desabafo por Walter Casagrande Júnior.


site: http://www.vortexcultural.com.br/literatura/resenha-casagrande-e-seus-demonios-casagrande-e-gilvan-pinheiro/
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Gabi 10/06/2014

Sincero
Essa é a primeira palavra que chega a minha mente quando penso no livro: sincero, voraz, autêntico, comovente e engraçado. Ler sobre um cara autêntico, interessante, roqueiro, corintiano, sofrido, me identifiquei muito com ele. E gostei, não senti nada mascarado na leitura.

Escrito em terceira pessoa, com passagens de frases do próprio Casagrande e de outras pessoas, a leitura é rápida, ágil e fácil, muito gostosa, me senti tentada a ler a introdução e de lá me joguei no resto do livro até terminá-lo, no mesmo dia, em poucas horas. Interessante observar que um capítulo emenda no outro, o assunto de um entra no início do outro capítulo, achei que isso deixa que a leitura flua de modo inteligente, nos chamando a atenção. Nada é ocultado das páginas para os leitores; eu me emocionei com os relatos das drogas, com as homenagens que o Casa recebeu, com sua história nos gramados e com sua família, principalmente com seus filhos e os amigos, do futebol ou não.

Sem mais delongas, um livro sincero, de coração. :)
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Gustavo 06/04/2014

KNOCKIN' ON HEAVEN'S DOOR?
Como toda e qualquer história de personalidades que mergulham nas drogas, essa não seria mais uma eletrizante passagem de um dos maiores ídolos do Corinthians (não! Eu sou são-paulino).

O mais interessante nas histórias de consumo de drogas, é que a saída dele sempre guarda algo em particular do usuário, a do "Casão" é bem boring, mas é surpreendente.
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