Konshal 10/12/2023
Você foi Aquiles...
MÚSICA PARA ACOMPANHAR A LEITURA: Olhos Vermelhos, de Jão
Desprezado pelo pai e sem valor prático como príncipe na Grécia antiga que valorizava homens másculos e fortes, Pátroclo, ao menor sinal de estorvo, é prontamente exilado pelo rei Menécio para garantir a estabilidade política de seu reino.
Durante o seu exílio, Pátroclo conhece o também príncipe Aquiles. Este demonstra um grande interesse por aquele, um tremendo golpe de sorte para alguém tão azarado. E o interesse de Aquiles ia além de uma simples amizade.
Filho de um humano com uma deusa (que desaprova veementemente o seu relacionamento amoroso), Aquiles sempre levou consigo a fama e a promessa de ser o maior guerreiro entre os homens de seu tempo. Além do treinamento militar exclusivo que realizava desde criança, Aquiles também teve a oportunidade de contar com os profundos conhecimentos de Quíron, um nobre e sábio Centauro, com quem conviveu durante anos como seu discípulo. E, durante todo esse tempo, Pátroclo foi uma companhia inseparável.
A história de A Canção de Aquiles demora para engrenar e quando isso ocorre, para os meus padrões, ocorre tarde demais. Sendo uma releitura de personagens famosos e históricos, o início do envolvimento entre Pátroclo e Aquiles deveria ser um tanto quanto mais interessante. Quando estes se tornam aprendizes de Quíron, a dinâmica que preenche a parte central da história não é das mais interessantes. É apenas ok. Só o desfecho, aqui já colocando os protagonistas na Guerra de Troia, é onde a narrativa desperta um mínimo de entusiasmo. E como eu disse antes, o faz tardiamente.
Durante a guerra que Pátroclo deixa de ser um mero apêndice em sua própria história para desenvolver funções mais relevantes dentro da trama. Dos conhecimentos médicos ensinados por Quíron à prática da diplomacia ao reconhecer que, com a indiferença de Aquiles em determinado momento do conflito, o seu lado da guerra estava fadado ao fracasso. Ter apenas (um pouco mais que) 25% de aproveitamento de leitura agradável num livro não é o ideal!