Resenhas - O Livro da Loucura e das Curas

MárciaDesirée 13/11/2013

“Comecei a refletir mais profundamente sobre meu desejo de encontrar meu pai. O quanto eu o conhecia? Talvez seja por isso que eu levava as cartas comigo e as lia com o hábito devotado que uma mulher poderia aplicar à leitura do Livro das horas.” (Pág. 224).


Gabriella Mondini é uma mulher à frente de seu tempo. No fim do século 16, quando as mulheres não tinham direito de opinião ela era uma médica dedicada e tenaz. Ela seguiu a carreira de médica encantada por assistir e auxiliar seu pai com os pacientes e contrariando a mãe que insistia para que ela fosse uma menina comum. Mas Gabriella tinha um dom que não podia ignorar e fazia de tudo para ajudar a quem precisasse. Quando seu pai viaja pelo mundo para estudar as plantas e completar o livro que escreviam juntos, Gabrielle ficou sozinha tendo que aguentar os humores da mãe e com a tarefa de cuidar dos doentes e dar continuidade ao livro. Ela era auxiliada pelo fiel casal Olmina e Lorenzo que praticamente a criaram, até que pela longa ausência do pai ela é proibida de medicar, sua grande paixão. Ao longo dos dez anos em que o pai viajou, ele sempre escrevia para Gabriella, narrando os locais e tudo o que encontrava. Até que um dia ele escreveu uma última carta, avisando que não haveria mais e que ela não o procurasse. Desesperada e inconformada ela toma a drástica decisão de seguir o caminho citado em cada carta, em busca do seu pai, corajosamente acompanhada pelo fiel casal de empregados. Ao longo desta perigosa jornada, passando por vários países da Europa, ela enfrenta situações adversas ao universo feminino, onde sua capacidade como médica é questionada e pode até levá-la à fogueira, ao mesmo tempo em que agrega seus conhecimentos medicinais, trocando experiências com todos os tipos de praticantes de medicina e herboristas, arriscando sua vida e dos amigos. Enquanto enfrenta todos os riscos para encontrar com o pai, ela vai se deparando com aqueles que conviveram com ele durante sua viagem, surpreendendo-se com as narrativas que de nada lembram sua personalidade. Comecei a ler o livro com a curiosidade no ponto mais alto. Ele tem uma belíssima capa e a sinopse realmente me interessou. O amor de Gabriella pelo pai é engrandecedor e sua perseverança em encontra-lo é um atrativo a mais na narrativa. Porém me incomodou a lentidão. A leitura não fluiu no ritmo que estou acostumada e em alguns momentos fiquei até cansada, mas isto não diminui o brilho da narrativa. A bravura de uma mulher que sai atravessando a Europa, enfrentando perigos e desafios nos faz apaixonar. É uma bela história com uma pincelada poética do amor entre pai e filha.

Renata 23/10/2013

Gabriella Mondini é uma médica no fim do século 16, seus poderes de cura vão além do conhecimento adquiridos nas aulas com seu pai, ela tem um dom que não é bem visto aos olhos da sociedade da época! Porém, tudo seria mais fácil se seu pai estivesse com ela, como uma espécie de tutor, só assim ela poderia atuar como médica! Mas fazem dez anos que seu pai, também médico, fora embora, abandonando Gabriella e sua mãe, que não se davam desde sempre, e tudo ficou pior quando a Guilda proibiu definitivamente que ela atuasse como médica sem a presença de um mentor!
Inconformada com toda a situação a qual estava submetida, tanto em casa com o desprezo e tormento da mãe, quanto pela proibição de medicar, Gabriella resolve procura conforto na busca por seu pai, na esperança de que o mesmo ainda esteja vivo e colhendo informações para seu livro! É nesse ínterim que a nossa protagonista sai acompanhada por seus dois escudeiros, o casal Olmina e Lorenzo que a conhecem e trabalham para a sua família desde que era apenas uma menina e sabem a importância do pai para a moça!Do alto de seus trinta e poucos anos, viúva e agora sem pai, nada a impede de cruzar a Europa em busca daquele que é o seu maior expoente!
O Livro da Loucura e das Curas dividiu a minha opinião desde o início, o formato me pareceu muito um jogo no qual o competidor tem um objetivo, uma missão que nesse caso seria a de Gabriella encontrar o seu pai. Durante o caminho ela encontra pessoas que vão de certa forma lhe trazendo pistas e novos elementos para que ela monte o quebra-cabeça que é o paradeiro do sei pai! Esse formato muito claro me incomodou um pouco e fez com que a leitura fosse arrastada em algumas partes, principalmente nos momentos em que ela está escrevendo seu livros sobre as doenças!
Por outro lado, a narrativa lírica da autora traz uma doçura ao texto que parece que a gente está lendo uma pintura, com muitos detalhes e descrições poéticas dos acontecimentos, são um deleite para qualquer leitor! A construção das personagens é bem interessante e durante toda a trajetória da Gabriella a gente percebe suas descobertas tanto a respeito da personalidade e cárter do pai quando sua auto-descoberta e a autora nos guiou muito bem por esse caminho! As partes mais interessantes do livro sem sombra de dúvida, eram as conversas de Gabriella com seus companheiros de viajem e as cartas recebidas de seu pai que a guiavam por onde ele havia passado, porém o livro segue uma constância, a narrativa não leva a nenhum pico de emoção ou aventura a mais, mesmo nos momentos em que a aventura estava claramente presente, eu não consegui me empolgar!
Enfim, como disse no começo, eu gostei da narrativa da autora, gostei da forma como ela escreve, até gostei da história, mas a constância me incomodou um pouco, não me fez querer devorar o livro sem parar, levei inclusive mais de uma semana para ler as 350 páginas! Este é o romance de estréia da Regina O’Melveny que já teve seu poemas premiados e certamente eu darei uma segunda oportunidade! A diagramação do livro está linda, a capa é perfeita e a diagramação interna é, a já conhecida da Editora Novo Conceito, perfeita!

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