Bobók

Bobók Fiódor Dostoiévski




Resenhas - Bobók


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Fernanda 29/05/2022

Metáforas e filosofia num conto curto e magnífico
Bobok foi escrito em 1873. Significa duas coisas: "feijão" e "disparate". Uma história filosófica contada no estilo do absurdismo para trazer à tona vários aspectos da intelectualidade de uma forma humorística. É essencialmente o relato do narrador Ivan Ivanovitch, escritor desajustado, que um dia passa seu tempo em um cemitério e se choca com uma caterva de fantasmas. Essas aparições representam diferentes emoções, formas de pensamento, aspectos culturais da sociedade, classes sociais, clichês russos, etc. Todos eles estão passando a vida após a morte um tempo juntos e a ideia central deste conto é a depravação. Agora, "depravação", como sabemos, é corrupção moral, que é a corrupção interna ou perversão da mente. Também é indicativo da "corrupção externa" do corpo quando uma pessoa morre. Portanto, esta história, especialmente a última parte, é sobre corrupção moral, que está associada à corrupção externa dos cadáveres dos espíritos ou almas que Ivan vê no cemitério. Trata-se de um conto com cenário para os pensamentos filosóficos dos últimos anos da carreira literária de Dostoiévski. A história é dividida em duas partes:
1- A vida literária, mas rebelde, do escritor fracassado Ivan Ivanovitch.
2- O episódio do cemitério entre as almas dos defuntos.

Na primeira parte de Bobok, Ivan menciona que pessoas de diferentes vocações ainda gostam de comentar sobre outras vocações e ideias diagonalmente opostas sobre as quais elas não sabem tanto. Consequentemente, um civil quer comentar sobre a vida de um marechal de campo e um engenheiro instruído comenta sobre filosofia e economia política, cometendo graves equívocos.

Na segunda parte, Ivan vai a um funeral e estranhamente deita-se em uma lápide de mármore e então começa a ouvir vozes. Se não fosse pela descrição da vida excêntrica de Ivan no início de Bobok, então, eu estranharia a presença dos fantasmas. Contudo, graças à excelente prosa de Dostoiévski, senti toda a situação hilária, de uma forma super sapiente.

Adorei esse conto que tem menos de 30 páginas e um conteúdo crítico excelente para refletirmos, principalmente sobre a hipocrisia das relações.
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Marina.Anicet 24/04/2022

Divertido!
Um conto curto e muito divertido. Gostei bastante. Início foi um pouco mais lento mas depois se torna bem ácido e envolvente.
Li que é uma resposta para a crítica de outro livro. Agora quero ler o outro!
Vale a pena, ainda mais por ser tão curtinho.
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Alice 12/04/2022

Gostei do humor e da perspicácia do autor nesse livro, bem sarcástico e me arrancou riso, bem rápido de ler mas as notas depois me deu a impressão de ser maior que o conto em si. Foi bem interessante as contextualização, é sempre muito interessante ler e ver que esse escritor é um caso de louco de tão atual as obras dele são para mim, li 3 e virei fã!
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Mari Pereira 10/04/2022

O conto é uma mistura de respostas sarcásticas de Dostoievski à crítica feita à sua obra (especialmente ao romance Os demônios), com uma conversa entre cadáveres em um cemitério.
É divertido, inteligente, ácido.
Vale a leitura. Mas é só um pequeno conto. Não tenham grandes expectativas.
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L Soares 31/03/2022

Bobok é apenas um conto, bem curtinho. E eu não fazia menor ideia do que esperar ou do que tratava.


?Uma certa pessoa? narra a sua história. Ao sair para se divertir, acabou em um enterro. E lá, se afastando do cortejo fúnebre, terminou por se deitar em um túmulo e adormecer por um tempo, e ao despertar ouviu uma conversa que não era para seus ouvidos.


Um diálogo dos restos mortais dos que ali deveriam descansar.


Em sua curiosidade a certa pessoa fica imóvel, ouvindo aquela conversa e seus tão diferentes personagens, e o despertar dos recém-enterrados, a quem os outros explicam como estão ali.


É um conto bem divertido e interessante. Que pra mim acabou muito cedo e inesperadamente, o que foi uma pena (muitos textos sobre o conto, que sem saber achei que eram páginas da história).


O início é um pouco truncado, e me lembrou outro livro do autor bem arrastado no começo, mas foi breve a sensação, daí para frente foi uma leitura tranquila e divertida.
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Amanda Thais 06/02/2022

Um bom livro para começar a conhecer a escrita do Dostóievski.
Um conto bom para ler em um dia, tranquilo.










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Nath @biscoito.esperto 16/01/2022

"Acho que não se admirar de nada é uma tolice bem maior do que se admirar de tudo. Além do mais, não se admirar de nada é quase o mesmo que não respeitar nada".

"Bobók" é um conto (bem curtinho!) popularmente conhecido por ser uma história gótica do Dostoiévski. Mas eu prefiro definir a história de duas outras maneiras:

01) Primeiramente, este conto é uma resposta aos críticos do Dostô. Naquela época, ele ficou tão pistola com os haters de seu livro mais recente, "Os Demônios", que decidiu pegar todas as críticas que recebera e escrever uma história que colocasse todas as reclamações em prática.

"Disseram que sou louco? Pois vou escrever um negócio sem pé nem cabeça. Parece que meus personagens saíram de um manicômio? Pois os senhores não viram nada! Sou muito niilista? Farei o próprio Nietzsche aparecer na Rússia para me mandar dar uma segurada". ㅡ E assim por diante. Tenho que apreciar um autor capaz de fazer isso.

02) Este conto é uma menipeia, e eu simplesmente caí numa espiral literário-filosófica pesquisando sobre este assunto. Basicamente, menipeias surgiram depois que o filósofo cínico Menipo de Gádara escreveu um ensaio sobre o "diálogo dos mortos", uma situação (obviamente) hipotética em que as pessoas poderiam ser 100% honestas sobre suas passadas vidas, já que não estão mais presas às amarras culturais e sociais de quando estavam encarnadas. Isso te lembra algo? Pois sim, Machado de Assis também escreveu sua menipeia.

Um conto gótico, uma resposta malcriada aos haters ou uma genial exploração da filosofia menipeia? Bom, por que não as três coisas? Afinal, Dostô tinha genialidade sobrando em tudo a que se propunha.


site: www.nathlambert.blogspot.com
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Juliane.Sturm 06/01/2022

Impressionante
Fiódor Dostoiévski sempre sendo incrível com seu sarcasmo e nesse conto "Bobok" (1873) ele foi fora da curva! ?

Já começou com sua maneira direta de "Diário de certa pessoa. Não sou eu, é uma pessoa completamente estranha. Acredito que nenhum outro prefácio seja necessário." deixando bem claro que sim, era sobre ele, e sim, era uma resposta irônica e sarcástica sobre seu retrato exposta que levou vários comentários maldosos sobre sua degradação física e mental e também sobre seu romance "Os Demônios" (1872).

O conto é narrado sob a forma de um diário de um escritor frustrado chamado Ivan Ivânytch. Certo dia o escritor sai pra se divertir, mas acaba num cemitério, onde ouve um diálogo entre pessoas já falecidas - e te falar, cada diálogo mais engraçado que o outro (eu amo sarcasmo!).

Por muitas vezes fiz analogia com o que vivemos atualmente em nossa sociedade - a verdade absoluta de alguns. Eu as colocaria em um asilo como Dostoiévski cita de uma anedota espanhola: "trancaram todos os seus tolos naquele asilo especial para se convencerem de que eles mesmos eram inteligentes" -  seria uma boa ideia, assim ao menos se prejudicariam, deixando a sociedade em paz.

Segue outro trecho que representa bem o que penso sobre a "verdade absoluta" imposta por muitos atualmente: "O mais inteligente de todos é, a meu ver, aquele homem que, ao menos uma vez por mês, chama a si mesmo de tolo - uma capacidade inaudita, em nossos tempos!" (raríssima eu diria) - ninguém sabe de tudo e infelizmente alguns ainda acreditam que nunca erram.

Fiódor finaliza demonstrando a importância de ver vários lados e deixando os "tolos" falando: "Visitarei as demais categorias, escutarei outros defuntos. É isso aí: preciso escutar por toda parte, e não apenas uma beirada, para adquirir uma noção." 

Sim, me empolguei com as citações, mas não consigo descrever este conto de outra forma do que: excelente!

Todos deveriam ler Dostoiévski - nunca imaginei que um conto gótico poderia te fazer pensar tanto sobre a sociedade. Aproveito e recomendo também "Memórias do subsolo" (1864) - fantástico para quem curte uma análise diferenciada.
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Franciele143 01/10/2021

Essa história narra a experiência de um homem que vai a um enterro e lá escuta vozes dos mortos conversando desavergonhadamente, no qual remete a inutilidade dos títulos humanos após a morte, a genialidade dessa obra vai além o autor atribui valores humanos após a morte, ele busca em uma espécie de necrologia mostrar o quão somos perversos e não consideramos a possibilidade real da morte e que lá o juiz será Deus, e nós aqui julgadores do saber lá após a morte nada saberemos nem tão pouco seremos, Dostoiévisk vai mais além e sua genealogia se compara ao fédon no diálogo entre Platão e Sócrates onde discutem sobre a existência das almas puras e o corpo corrupto, se pensarmos realmente o nosso corpo carrega marcas e títulos como fardos e que nada serviram para a vida eterna, considerando que nos primeiros meses após a morte a matéria aprodecerá e daqui não levaremos nada nem mesmo a roupa que o corpo é sepultado, já a alma ela será julgada e se pura viverá na paz, outra comparação muito ambígua é a manifestação de loucura ao ouvir vozes dos mortos remetendo a relação entre inteligência e imbecilidade que nos faz lembrar a obra O Alienista do querido Machado de Assis e sobre necrologia nos entrega Brás Cubas também do Machado remetendo ao convívio da sociedade seus status e hierarquia.
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Anderson916 29/08/2021

Recomendadissimo para iniciar nas obras de Dosto.
Bobok é um conto de Fiódor Dostoiévski, publicado originalmente no semanário Grajdanin, nº 6, em 5 de fevereiro de 1873, onde Dostoiévski trabalhava como redator-chefe. O termo "Bobok" é uma algaraviada que em livre-tradução significa algo próximo de "pequeno feijão".
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Ayan_lucca 14/07/2021

Esse conto ficou muito confuso na minha cabeça porem acho que se eu ler o livro os demônios eu possa entender melhor.
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Francisco240 14/04/2021

Uma resposta direta e afiada à crítica de "Os demônios"...
Dostoiévski responde com grande ironia em forma de conto à crítica literária russa da época que não digeriu bem seu livro. No entanto em reposta ele faz algo surpreendente: BOBOK.
Uma conversa em entre mortos e uma possível loucura de um rapaz; e sua sutileza com os personagens é incrível e apesar de ser um curto conto, seus parâmetros são bem extensos que muito provavelmente se mescla a muitos outros significados.
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Carol.Cuofano 06/04/2021

Magistral
Dostoiévski foi bombardeado com diversas críticas negativas ao seu romance "Os demônios". Para responder aos seus críticos, escreveu o conto Bobók. Uma narrativa bem curtinha, mas cheia de referências e 'indiretas'. Dostô, ganhando mais o meu coração a cada livro.
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erbook 16/12/2020

Crítica à sociedade russa do séc. XIX
Este conto do mestre Dostoiévski é uma resposta às contundentes críticas recebidas após a publicação do romance “Os demônios”, o qual, segundo especialistas foi profético ao antecipar as barbaridades históricas que ocorreram nos séculos XX e XXI.

De fato, nas palavras de Paulo Bezerra a respeito de “Os demônios”, “o romance se constitui numa antecipação em miniatura dos horrores que se registrariam nos séculos XX e XXI e que têm nas teorias de Piotr Stiepánovitch e Chigalióv a sua justificação ideológica. Stálin, Hitler, a Revolução Cultural chinesa, Pol Pot, o terrorismo das ditaturas latino-americanas contra seus povos, o terrorismo de Estado com seus ‘assassinatos seletivos’ contra o povo palestino e a resposta também terrorista desse povo, o terrorismo ‘tecnológico’ de Bush contra o povo iraquiano, etc., são elos de uma única cadeia de tragédias que Dostoiévski antecipou com sua percepção genial das tendências da história”. Essa obra é considerada o primeiro romance da história sobre terrorismo.

Com essa publicação, Dostoiévski foi chamado até de louco por parte da crítica especializada da época (séc. XIX). Assim, em resposta às pesadas críticas, nada melhor do que respondê-las com outra obra literária (Bobók).

No enredo do conto, um tímido escritor, insultado por editores, chamado de louco por outros, encontra dificuldades para publicar seus livros. Sai num dia para se divertir e acaba no enterro de um amigo. Ao andar pelo cemitério, lê algumas lápides e se senta para descansar. De repente, começa a ouvir as vozes dos mortos conversando e toda a crítica da sociedade russa do séc. XIX é abordada em poucas páginas.

Por meio desse elemento fantástico, o autor nos traz um filósofo que explica que as pessoas interpretam erroneamente a morte, pois a vida continua concentrada em algum ponto da consciência por 2 ou 3 meses até o denominado Bobók. Outro personagem sugere, então, que todos contem nesses meses finais suas histórias de vida sem mentir. Após protesto de um terceiro personagem (um general), todos começam a discutir, evidenciando que, na verdade, nada mudaram mesmo no além-túmulo. Entre os personagens há boa parte da sociedade russa da época (príncipe, dama, general etc.). A essa sociedade, Dostoiévski diz “não, isso eu não posso admitir; não, efetivamente não!”
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