Bobók

Bobók Fiódor Dostoiévski




Resenhas - Bobók


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trizisreading 31/12/2023

Bobók, bobók, bobók!
'Bobók' é um conto escrito por Dostoiévski em 1873 com a finalidade de responder às críticas recebidas pelo romance "Os Demônios" do autor. Usando-se de seu conhecimento sobre literatura, Dostoiévski escreve o Bobók, de forma cômica e que, embora trata-se de um conto curto, com menos de 50 páginas, possui um amplo repertório de assuntos a serem refletidos através da interpretação de seu texto.

Para melhor entendimento dessa obra, é necessário prévio conhecimento sobre a vida do autor, bem como de algumas obras às quais o autor pode ter se inspirado, uma vez que o autor traz referências à Socrátes, à crítica recebida por ele em sua primeira obra "Gente Pobre" por Belinski, Platão, etc. Sendo assim, caso esse seja seu primeiro contato com alguma obra do escritor, recomendo que comece lendo o final do livro, que são dois artigos escritos por duas pessoas que tem amplo conhecimento sobre o assunto e que deixa mais fácil a compreensão da obra e suas referências.

A obra conta a história de "uma pessoa" que em busca de distrações, vai parar no cemitério. Estando lá, começa a ouvir uma conversa entre mortos. Daqui, extrai-se a possibilidade de, estando o narrador a ouvir uma conversa entre mortos, só pode ele ser um louco. Nessa obra, há diversos pontos sobre a loucura, reflexões e afins, que fazem referência ao romance "Os Demônios".

Na conversa ouvida, é possível extrair muitos pontos que o autor quis levantar, sendo um dos mais notáveis o fato de que, estando todos mortos, não há mais a distinção entre classes, sexo, etc. Ou, pelo menos, ninguém ali parece se importar com tais atribuições.

É um conto que traz bastante reflexão, mas que recebe bastante avaliações negativas por ser de difícil compreensão, sobretudo por conter muitos pontos intrínsecos da vida e obra do autor, exigindo-se assim, um conhecimento prévio, tal como foi supracitado.
Claudia.livros 31/12/2023minha estante
Eu acho absolutamente fundamental ler a biografia do Dostoiévski para acompanhar sua obra. Qdo li Os Demônios não tinha a biografia de Joseph Frank ainda e muita coisa passou despercebida ou não fez muito sentido. Mas agora, lendo a biografia, tudo se encaixa muito melhor e daí enxergamos ainda mais a genialidade de Dostoiévski. Parabéns pela resenha, ficou ótima.


trizisreading 31/12/2023minha estante
realmente faz muita diferença na compreensão, obrigada pelo feedback! adoro seu perfil ??


Claudia.livros 31/12/2023minha estante
Obrigada ?




Rodiney 18/12/2016

Admirado!
Não deixo uma resenha, mas essa bela passagem: "Admirar-se de tudo é, sem dúvida, uma tolice, não se admirar de nada é bem mais bonito e, por algum motivo, reconhecido como bom-tom. Mas é pouco provável que no fundo seja assim. Acho que não se admirar de nada é uma tolice bem maior do que admirar-se de tudo. Além do mais, não se admirar de nada é quase o mesmo que não respeitar nada. Aliás, um homem tolo não pode mesmo respeitar"
Nataly 17/06/2017minha estante
Exatamente a parte que mais me chamou atenção!


Rodiney 18/06/2017minha estante
Legal, nath




Carolina Del Puppo 01/05/2023

Adorei, leria de novo. Este livro é uma resposta direta às azedas críticas do livro "os demônios", realmente não havia melhor maneira de rebater aos pseudos intelectuais da época (e atuais também) do que jogando com suas próprias cartas, escrevendo e sendo esse "puta" gênio.
Menard 01/05/2023minha estante
Poxa, cada pouco descubro um livro novo do Dosto! kkkk




Exusiaco 15/01/2016

Conto escrito como resposta a ataques da crítica contra "Os Demônios", Bobok condensa a genialidade do mestre russo.

Narrado como um monólogo de um autor no limiar da loucura, sua linguagem expressa forte tensão entre loucura e razão. A obra pode ser vista como uma variante de Memórias do Subsolo. Numa primeira parte, o narrador procura se defender da acusação de insano por seus detratores na imprensa.

Na segunda parte, o narrador, ao acompanhar um enterro, dentro do cemitério se depara com vozes subterrâneas dos mortos de variadas mentalidades. Sem a corda podre que os mantinha na ordem social em vida, os mortos carnavalescamente se vêem libertos e se desnudam de qualquer vergonha num animado e fantástico embate verbal. Eles estendem seus vícios morais após a morte, só que de uma forma mais escancarada.

Dostoievski bebeu da fonte das Menipéias clássicas, como de Luciano de Samósata para compor essa sátira alfinetante de costumes de uma aristocracia em forte decadência. O russo demonstra que o gênero menipéico possui grande vigor mesmo na modernidade e, sendo revigorado, se mostra provido de atemporalidade.

A obra, traduzida do russo por Paulo Bezerra, traz um esclarecedor posfácio e estudo do tradutor, da obra e suas veredas linguisticas, e também de Mikhail Bakhtin.



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Filino 02/03/2016

Uma pequena obra-prima
Numa curta, divertida, irônica e instigante história, o mestre russo destila toda a sua genialidade. Não dá prá falar muito, porque o mínimo que se mencione sobre a história faz com que se perca um pouco das surpresas que aguardam o leitor.

Os textos que acompanham a edição também lançam boas luzes sobre alguns aspectos caros à reflexão de Dostoiévski e mostram como a historieta se encaixa perfeitamente nos temas que lhe são mais caros.
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Fernanda Sleiman 30/11/2018

Maravilhoso
Conto curto que se lê em uma sentada, mas a preciosidade se revela na contextualização histórica feita pelo tradutor Paulo Bezerra na publicação da editora 34! Vale muita pena ler, são poucos os livros de tom humorístico (que não deixa de ser sério) de Dostoiévski, esse é um, capaz de arrancar risos sem abrir mão da crítica a sociedade russa da época!

Recomendadíssimo!
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PH 31/12/2018

Um convite à verdade ou a constatação de uma mentira?
Este foi o primeiro livro de Dostoiévski que comprei na vida. Trata-se da história de um escritor desacreditado por todos, tido como louco, que em dado momento sai para se divertir e acaba em um enterro. Simples assim. Cansado, tira um cochilo em cima de uma sepultura e então subitamente começa a escutar vozes vindas debaixo da terra. Atento, descobre que os mortos ainda podem falar (por cerca de 2 ou 3 meses) antes da decomposição de seus corpos, e que resolveram estabelecer um pacto de conduta comprometido com a verdade.

Se já estão mortos e nada mais importa, por quais motivos então seguir as regras sociais que se sustentam em uma série de dissimulações? Por isso um dos mortos diz: "com o intuito de rir, aqui não vamos mentir". Esse contexto acaba gerando uma série de situações inusitadas e genuinamente cômicas, mas na hora exata em que eles iriam falar todos os seus podres da forma mais desavergonhada o escritor subitamente espirra e o silêncio volta a reinar no cemitério. ⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀ Esse é um ponto interessante, pois me fez lembrar do próprio dispositivo de análise que, no final das contas, não é nada mais do que um convite a uma fala verdadeira. À despeito desse convite, o analista sabe que há sempre uma dimensão de escamoteamento e/ou impossibilidade no discurso do analisando. Não se fala toda a verdade porque a verdade é não-toda, ou seja, o simbólico não recobre todo o Real.

Podemos pensar a partir disso que Bobók em certo sentido nos mostra essa compreensão clínica dentro de um contexto fantástico, afinal, nem mesmo os mortos podem dar vazão completa às suas pulsões. A castração aqui é um elemento essencialmente subjetivante.

Ainda sobre Bobók, Slavoj Zizek situa tal conto como a produção mais radical da tese equivocada de que “se Deus não existir, então tudo é permitido”. ⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀
⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀
Como disse no post anterior, tudo se passa como se teoricamente os mortos-vivos pudessem dizer o que eles quisessem, gozar de qualquer forma, e eles o fazem, na visão de Dostoiévski, por habitarem uma espécie de mundo sem Deus. Nesse sentido, o autor russo buscava ilustrar o caos ao qual estaríamos submetidos se não dispuséssemos de uma instância superior. Estamos aqui diante de uma fantasia ao mesmo tempo anárquica e ateísta.

No entanto, Zizek sustenta que o conto retrataria na verdade uma fantasia religiosa. A razão p/ tanto está inscrita no fato de que os cadáveres do cemitério experimentam uma vida depois da morte, o que é em si mesmo a prova da existência de Deus. Deus está lá para mantê-los vivos. E se de fato estamos diante de uma fantasia religiosa a última conclusão a ser tomada é que os mortos-vivos só podem estar sob o efeito compulsivo de um Deus maligno, pois eles entraram no jogo obsceno de falar tudo que quisessem não por uma espécie de ideal ético, mas por conta de uma injunção superegoica que os impele ao gozo. Desta forma a situação não é “agora podemos finalmente dizer e fazer tudo aquilo que antes era proibido”, como se essa ação estivesse fundamentada em uma posição de liberdade. Na verdade, eles têm de fazer! Não há outra escapatória possível.

Por isso talvez seria mais apropriado, na visão de Zizek, operar uma inversão na tese de que “se Deus não existir, tudo é permitido”. No lugar teríamos o “se Deus existir, então tudo é permitido”, posto que se o crente concebe a ideia da existência plena de Deus ele acaba se percebendo como um instrumento direto dessa vontade divina. Portanto, mesmo os atos mais ignóbeis possíveis são redimidos de antemão, pois são feitos em nome de Deus. É esse o gozo superegoico escamoteado no discurso religioso que reaparece como fantasia perversa neurótica e ataca os fundamentos do próprio laço social.
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Lara 02/08/2019

Bobók
Apesar de ser um livro curto por se tratar de um conto, não deixa de ser excelente e recomendável. Dostoiévski nesse conto nos faz emergir mesmo que de maneira sutil na questão de isolamento dos ditos como loucos, sobre a ambivalência do que é ser inteligente (mais inteligente dos homens é aquele que ?ao menos uma vez por mês chama a si mesmo de
imbecil?), e na questão de títulos "carregados até a morte". Ainda não pude ler Os demônios ao qual Bobók foi direcionado devida as críticas, mas espero em breve lê-lo.
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Gabriel.Tesser 04/09/2019

A carnavalização do texto de Dostoiévski é fora de série. Bobók é um livro curtinho, com muito a dizer sob camadas de história alegórica, fantástica e que, ao mesmo tempo, faz crítica a uma sociedade que parece não aprender com seus erros (e assim segue).
O texto é cheio de coisas hilárias e enigmáticas. Os narradores que o autor cria em seus livros são tão profundos e suas personagens nos ensinam a fazer uma autocrítica transformadora (pelo menos para mim).
Veja só: é a história de um cara que saiu para dar uma volta, tranquilo, e parou num velório. Lá, ele adormece em uma lápide e acorda ao escutar a conversa entre os mortos das tumbas próximas. Um é vizinho da lápide do outro, mas de classes sociais diferentes, todos apodrecendo e contando seus podres em uma esfera de argumentação onde o pudor e a moral já não são mais obstáculos, pois revelam seus “segredos” obtusos.
É impressionante o estilo criativo de Dostoiévski, quando usa desse livro para criticar a sociedade que lhe metera pau em um de seus romances (Os demônios). Teria muita história para contar, porém eu descrevo mais as sensações que as obras me causam e este é um dos livros que ficam guardados na mente, pois não tem como não comparar com sua própria realidade política ou social.
Qualquer livro deste autor parece ser uma festa da significância e vale a pena cada segundo investido na leitura de sua obra.
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JoAo.Belos 28/02/2020

Muito bom
Livro muito bom para quem gosta de sátira e análise comparada da literatura brasileira com a russa.
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elieltoncastr_ 30/04/2024

"Saí para me divertir, acabei num enterro."
Um conto breve, mas instigante e divertido. A história de Ivan Ivánitch parece ser abençoada por ninguém menos que a Loucura de Roterdã. Há cinismo e críticas ácidas nas entrelinhas das partes mais simplórias do texto, o que torna cômica toda essa ideia de pós-morte concebida por Dostoiévski.
"Lá em cima tudo isso estava preso por cordas podres. Abaixo as cordas, e vivamos esses dois meses na mais desavergonhada verdade!"
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Mônica 18/06/2020

Bobók
No conto Bobók, Dostoiévski responde aos críticos de seu romance Os demônios. Segundo as críticas o autor estava louco. Ora porque não usar isso a seu favor?

O narrador do conto é um autor decadente que recebe diversas críticas de seus amigos. Ele se pergunta sobre a loucura na sociedade, além da relação entre inteligência e imbecilidade. O personagem chega a afirmar que o homem mais inteligente é aquele que "ao menos uma vez por mês chama a si mesmo de imbecil".

Ao decidir que precisa se distrair, acaba parando em um cemitério. É quando começa a ouvir vozes. São os mortos conversando de dentro de seus túmulos. Os diálogos são críticas à sociedade, uma vez que na morte não existem barreiras hierárquicas, sociais, etárias, sexuais, religiosas, etc.

O conto é muito divertido, mostrando o lado bem-humorado de Dostoiévski, que parecia ser capaz de escrever sobre qualquer assunto sempre com qualidade. A edição também conta com um excelente texto de apoio de Paulo Bezerra que ilumina as ideias por trás do texto de Dostoiévski.
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Lucas 16/08/2020

Meu primeiro Dostoiévski
Dostoiévski, sem dúvida, é um dos maiores escritores da história. Se no Brasil temos Machado de Assis, a Rússia tem Dostoiévski. O livro, sem dúvida, é um ótimo começo para a obra do autor. Não é nem o primeiro, nem o segundo escrito dele, como um professor meu usou em Machado de Assis "Papéis Avulsos", nesse conto o autor brinca de escrever. Parece colocar muito de si no personagem, um pouco como já li em Bukowski, mas para um conto tão curto, é realmente surpreendente e fácil para ele fazer isso.

Sempre fico muito na dúvida quando vou comprar um livro, quando vou lê-lo, se procuro por uma edição em específico, se procuro ler em inglês, na língua original do autor. Bom, não falo russo, mas a tradução e os comentários de Paulo Bezerra, nessa edição, me dão total confiança de que não foi feita qualquer tradução ou tradução ao pé da letra, mas ele explica em seus comentários como faz escolher as palavras, como faz a decisão de usar uma palavra e não outra e o leque de possibilidades que há no russo e não há no português ou em qualquer língua. Apreciei de mais seu trabalho nesse pequeno conto e me encantou a profundidade e inteligência que ele conseguiu traduzir de Dostoiévski do russo para o português (O exemplo mais gritante na minha memória agora, meses depois que li, foi Dukh, que no russo tanto significa espírito como odor forte - note, como é sutil da edição não só colocar o espírito como algo que te levanta, enobrece, mas odor forte, como que em português eu lesse 'inhaca' ou 'caxinga' que só teríamos aqui).

Os comentários e texto do tradutor, novamente, não poderia colocar de maneira diferente: a obra, per si, já é incrível, algo colocando em perspectiva, de quando foi publicado, não tínhamos visto tantas vezes (para os curiosos, acho que entenderam no paralelo com Machado de Assis feito anteriormente); já, os comentários, a tradução feita, parecem te segurar pela mão e te levam para essa perceptiva, de entender o olhar russo, o olhar da época, o olhar do conto no meio da obra do Dostoiévski e que nos transporta pala lá, com um empurrãozinho das ilustrações de Oswaldo Goeldi.

Está recomendado o conto, que agora, parece, para mim ter que ser servido por essa tradução e acompanhado por esses comentários.
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Anderson.Rios 10/09/2020

Bobók Bobók Bobók
"Acho que o mais inteligente é quem ao menos uma vez na vida chama a si mesmo de Imbecil" Bobók é a pequena obra que junta todo o microcosmo da escrita dostoievskiana em jm conto. Aqui, você pode verificar átomos do autor russo. Nesse sátiro texto, o narrador (que também é escritor) diz que saiu para se divertir e foi parar em um cemitério, e então escuta as conversas dos corpos enterrados. E lá, os aristocratas, mulheres, homens, críticos, livres afinal, dialogam em seus meses de consciência pós morte, soterrados a reflexão. Conto com 7 palmos de profundidade, um caixão de humor, e uma toneladas de crítica e sátira. E talvez ali, você encontrara as pessoas mais livres da literatura, mortos, indiferentes, divertidos, com a metafísica aniquilada (ou quase), sem se importarem com opiniões, críticas, pesos. Livres de qualquer julgamento. Livres e eternos no banquete infinito dos vermes.
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