Ari Phanie 28/10/2021E é assim que se escreve um livro de suspense/terror, folks.Alguns spoilers logo ali, anjo...
Eu não assisti o filme homônimo de Roman Polanski, e nunca li nada concreto sobre O Bebê de Rosemary, mas é claro, sabia que se tratava de um filme/livro de terror e suspense. E não sei porque, eu tinha certeza que a história era sobre uma babá demoníaca que tenta raptar um bebê e mata seus pais. Ah, as coisas que eu imagino com pouca informação. Enfim, essa não é a história que o livro conta, mas eu acertei na parte do “demoníaco”.
O livro gira em torno de um jovem e feliz casal que decide se mudar para o seu prédio dos sonhos em Manhattan. O que pode dar errado, é Manhattan? Mas segundo o melhor amigo do casal, o prédio, além da arquitetura gótica, também possui uma história pra lá de macabra, envolvendo canibalismo, seitas e alta taxa de suicídio. Esse amigo praticamente tenta impedir os dois de irem morar no tal prédio. Se um amigo tenta me avisar sobre um lugar assim, nem na calçada eu passo. Esse foi o primeiro sinal para Rosemary e Guy, mas é claro, eles ignoram e vão lá morar no pedacinho do inferno. O segundo sinal foi o suicídio de uma das vizinhas do casal com quem Rosemary tinha acabado de fazer amizade. E é a partir daí que a merda é jogada no ventilador.
Preciso dizer, esse livro reforçou o meu hábito de evitar vizinhos sempre que posso kkkk. E, principalmente, demonstrou que nem sempre é uma boa ideia aceitar comida trazida por vizinhos. E outra, que talvez seja melhor evitar visitas de vizinhos. E mais, evitar presentes desnecessários de vizinhos, SOBRETUDO, presentes que tem cheiro estranho e pertenceram a alguém que acabou de morrer. Molecagens à parte, mas a história é basicamente um alerta contra vizinhos kkk. E mostra que é sempre bom ter uma dose saudável de desconfiança e saber demarcar limites. Desconfiar e impor limites é algo que não está no repertório de Rosemary. Ela é, na realidade, ingênua e manipulável, e é assim que os seus vizinhos conseguem o que querem. Guy é apenas egocêntrico, e é através disso que eles também conseguem chegar até ele. Eu diria que a culpa de tudo é da ambição do Guy. Ele é um dos piores maridos da história da literatura pra mim. E depois disso, acontece uma doidice atrás da outra após o jovem casal fazer “amizade” com os vizinhos idosos do lado que, à propósito, cantam uma música estranha à noite. Meu!
Depois da cena fatídica da “produção do bebê” que é uma das coisas mais aterrorizantes que já li na vida (e olha que leio true crimes), o tom de suspense e de apreensão não deixa você largar o livro. Eu sou medrosa pra um cacete, mas eu não conseguia parar de ler. Repetia “Nosso Senhor é meu Pastor e nada me faltará” e ficava pensando sobre como seria na hora de dormir, mas mesmo assim, a escrita do Ira Levin me mantinha presa.
Apesar da ingenuidade da Rosemary, bastou uma pista deixada pelo seu amigo para que ela ligasse todos os pontos e concluísse a história. Mas ela continuou bancando a ingênua na hora de fugir, e deu no que deu. Confesso, o final não me agradou, mas não é um final ruim. Eu só esperava algo muito mais sanguinolento e macabro, porém, o Levin meteu besteira de “instinto maternal” no negócio, o que ficou surreal de uma maneira sinistra, e isso não é algo ruim, só foi anticlimático pra mim. Enfim, eu passo longe de histórias que envolvem satanismo, se eu sei. Se eu não sei acontece de ler e afinal ver que se trata de um bom livro que não é para todo mundo, e que vai me tirar o sono, mas que ainda sim fico satisfeita de ter lido. É provável que eu nunca mais leia nada do autor de novo, mas vou sempre recomendar esse livro a partir de agora.