Evelyne 21/11/2013Ao passadoEu nunca fui a uma manifestação. Eu tenho 16 anos e sempre vivi num Brasil que reclamava sentado em frente ao sofá assistindo ao Jornal Nacional, enquanto as denúncias de corrupção dos políticos eram feitas por William e Fátima, mas que no dia seguinte sempre voltavam para o seu trabalho, continuavam a criar os filhos, para no fim do dia reclamar de como tudo estava uma merda, de novo, seja por causa da corrupção, do transporte que deu dor nas costas, da crise econômica.
Esse ano achei que a geração Y, e a minha a Z, filha e neta dos “amigos” aos quais se refere o título, seriam os protagonistas de uma nova revolução popular no Brasil, pagando minha língua, que invejou a primavera árabe.
Esse é o livro da (até o momento) penúltima geração engajada do nosso país – estou considerando a última como a geração que levou ao impeachment de Collor, já que o gigante voltou a tirar aquele cochilo de costume – a geração de nossos avós, pais, tios mais velhos, a que já há alguns anos está presente nos nossos livros de história do ensino fundamental e médio.
E agora eu penso que: será que é esse o que marca o passado? É isso que o define? Estar nos livros de história? É isso o que distancia “oficialmente” a geração atual da anterior?
Pode ser, não sei, mas fui criada como se as revoluções brasileiras fossem coisa do passado, distantes, (tanto quanto a Francesa, a Russa, e a “Idade dos metais”, todos os assuntos que nunca vi serem manchete ocupando o mesmo ponto na linha do tempo que ainda tenho na mente), e esse livro foi mais eficiente do que todas as aulas de história da vida, do que todos os relatos informais. Sem o saudosismo dos pais, tios, avós contando. Sem a frieza e a imparcialidade dos livros didáticos (isso não foi exatamente uma crítica, mas um toque humano e pessoal na história não cairia nada mal, fica a dica).
É gente contando a história do meu país, e no quando ela se confunde com sua própria história, sem a obrigação, o fardo de estar falando isso para ser personagem de um documentário, ou em ser preciso para alguém que precisa disso para um trabalho (porque são muito típicas de trabalho de história, essas coisas), com todos os pormenores pessoais e intransferíveis de um relato íntimo e incrível.