Mariana Dal Chico 25/08/2020“As Flores do Mal” de Charles Baudelaire, originalmente publicado em 1857, logo foi alvo de censura e ganhou uma segunda edição com 6 poemas suprimidos e inclusão de mais 35, em 1961.
Esse foi um livro que me acompanhou por muitos meses, de fevereiro a junho.
Fiquei encantada com a ousadia do autor ao introduzir temas como prostituição, álcool, drogas, decadência do corpo humano, diabo; na poesia que até então, exaltava a Beleza das coisas. Baudelaire protesta contra qualquer tentativa de embelezamento da realidade e da romantização do amor.
Sua estrutura vem da poesia clássica, mas as palavras cirurgicamente empregadas se aproximam da fala do homem comum de sua época, que até então não eram consideradas vocabulário para arte escrita.
Em alguns momentos, o tema central do poema é a cidade, um marco na escrita do autor. A multidão é um elemento constante em seus poemas, mas dificilmente se encontra uma descrição específica dela, sabemos que a massa está presente pelo que se destaca através dela.
Foi uma experiência de leitura maravilhosa, já reli diversos poemas ao longo desses meses e tenho certeza que manterei esse hábito por muitos anos. Entrou para a lista de favoritos da vida.
A minha edição bilíngue é da @penguincompanhia reúne a publicação de 1861 e poemas acrescidos postumamente em 1868, a apresentação e tradução são de Júlio Castañon Guimarães, e ainda conta com textos de J. Barbey DÁurevilly, Guillaume Apollinaire e Paul Valéry.
“…
A invejar dessa gente a paixão persistente,
Das putas velhas, sua fúnebre alegria,
E todos negociando ali, alegremente,
Um sua beleza, outro a honra vazia!
…”
[trecho de O Jogo, p. 305]
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