Carous 24/06/2020Não concluí o outro livro de Natalie Standiford que li, então já considero um progresso ter ido até o final desse. Jonah não é um personagem fácil de gostar, mas não me causou ranço como os personagens outro livro da autora.
A história só começa a fazer jus à fofura da capa e ao belíssimo trabalho gráfico nacional (sério, tá soberbo) lá pelo capítulo 11, motivo pelo qual, minha nota final é 3. Muito embora a partir desse ponto eu tenha começado a me interessar pelos eventos e verdadeiramente me importar com todos os personagens. Antes eu gostava razoavelmente da Bea - pois não havia nada a criticar, ainda que fosse apenas uma protagonista juvenil satisfatória - e das suas colegas de escolas - Anne, Tiza e ASUE -. As três garotas eram simpáticas e amigáveis. Receberam Bea muito bem. Estavam longe de ser a amizade tóxica ou os esterótipos de meninas más que praticam bullying que achei que seriam.
Porém, para eu dar uma nota maior que esta o livro precisava ter me mantido interessada desde o primeiro capítulo e não foi o que aconteceu.
Beatrice é normal. Ela não se destaca como personagem principal, mas também não chega a ser insossa o suficiente. É até uma garota sensata diante de tudo o que enfrenta no último ano escolar. Presa numa dinâmica familiar muito esquisita e numa amizade muito dependente e unilateral com o depressivo Jonah, ela até se saiu muito bem.
Demorei para gostar e entender os pais de Bea - e nem acredito que estou dando destaque a esses personagens secundários. - São retratados como pais normais, não perfeitos e talvez um pouco relapsos com a filha porque o casamento está em crise e cada um deles também. O pai foi o que me pareceu mais próximo de um responsável normal. A mãe... eu achei que a justificativa para o comportamento dela seria alguma doença mental, mas foi um mero caso que não deu certo. Ok, né? Pobre Beatrice que teve que viver naquela casa de pernas pro ar se matutando o que diabos estava acontecendo.
Minha experiência de vida me fez ter um pouco de simpatia pelo Jonah. Mesmo se não estivesse envolvido em dramas familiares pesados, ele claramente é uma pessoa melancólica e possivelmente sofre de depressão negligenciada pelo pai e pela escola - os comentários pouco gentis dos colegas de escola são justificáveis para mim, pois são jovens que nunca estiveram diante de problemas ruins de verdade, então falham em entender o jeito de Jonah -. Ainda sim, ele é o que eu classificaria de pessoal difícil.
Então ora eu queria confortá-lo, ora eu queria pedir para ele deixar de ser tão babaca, tão recluso, tão estranho, tão egoísta. Sua amiga Bea também não estava vivendo o melhor da vida. Ainda assim separava um tempo para se importar com os outros ao redor, se importar com os dramas dele. Mas Jonah era muito focado nele mesmo. E no irmão. E em criticar todos os colegas de classe e afastar Bea deles. Não achei isso legal e, secretamente, torci para que ele e Bea rompessem a amizade. Ambos tinham carga muito pesadas e precisavam estar com pessoas mais felizes e leves para ajudá-los a enfrentar essa barra.
Jonah se redimiu - um tiquinho - como amigo no penúltimo capítulo. Talvez em meio à melancolia, luto e depressão, ele tenha amadurecido.
Estranhei o texto da autora. Não era envolvente, sagaz e irônico como o livro anterior dela - avancei bastante por causa disso. Larguei porque sou contra relacionamento com muita diferença de idade, principalmente se um é estudante do último ano do ensino médio e o outro é estudante de mestrado -. Era mais engessado, frio. Não sei se foi proposital, já que Bea se chamava de Garota Robô e lance principal do livro era nenhum personagem desabafar seus sentimentos - ou se o lado jornalístico da autora falou mais alto aqui.
Estou satisfeita de não ter abandonado a leitura quando vi que não estava fluindo. Dar uma segunda chance realmente compensou.