Henri B. Neto 27/06/2013Resenha: ''Tangled'', de Emma Chase'Tangled'' foi um daqueles tipos de livro que simplesmente caiu de paraquedas em cima de mim. Para começar, ele possui aquele tipo de capa que, yeap, me faz praticamente correr para as colinas: um cara grandão e todo musculoso, fazendo topless. Sim, eu confesso que tenho preconceito com este tipo de arte, mas convenhamos, né?! Ela definitivamente não foi feita para atrair leitores do sexo masculino. Mas, mesmo com este ''pequeno'' porém, eu nunca tinha sequer ouvido falar dele... Pelo menos não até a Mah, do blog ''Toc por Leitura'', me indicar ele. Quero dizer, tudo o que ela disse foi: ''Henri, leia este livro, quero a opinião masculina dele!''. E como eu não sou uma pessoa nem um pouco curiosa (aham, sei...) é lógico que eu peguei ele na primeira oportunidade que tive.
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Antes de começar, a Mah me explicou que a trama era bem no estilo ''romance de sessão da tarde'' com pegação (vide a sinopse), mas o que havia chamado a sua atenção era a forma como a autora, Emma Chase, havia usado para dar voz ao seu protagonista - o playboy mimado e cheio de si Drew Evans. Então foi isto o que eu fiz... Comecei a trama querendo de verdade saber se a mulher tinha conseguido fazer uma narração genuinamente masculina ou se ela havia apenas usado o velho esteriótipo do cara bronco para a sua história. Então, já que fui praticamente o ''avaliador de cromossomo Y'' para um livro sobre um ''típico exemplar de cromossomo Y'', vamos as minhas considerações.
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E para começar, eu logo coloco na mesa que - no começo - eu meio que estava pegando uma raiva da autora, pois sentia que ela estava generalizando todos os caras, e criava um completamente caricato como Drew. Eu até pensava ''tá, 89,99,9 % da população masculina se comporta desta jeito em 75% do dia, mas não assim o tempo todo...''. Só que com o tempo eu fui percebendo que o Drew era mais um reflexo de um cara mimado que ainda não tinha virado um homem de verdade do que outra coisa. E, hey, era isto mesmo. Todas as ressalvas que eu tinha para fazer quanto ao ponto de vista dele começaram a desaparecer quando ele mesmo começou a confessar que se comportava mais como um garoto adolescente excitado do que outra coisa. E acreditem, eu cheguei à anotá-las em um caderno!
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Sim, sem sombra de dúvidas, esta foi umas das narrações mais masculinas que eu já vi uma autora fazer - e é assustador, pois alguns pensamentos dele realmente são verdadeiros. Dos mais sujos aos mais sinceros. O Drew faz parte daquele grupo de caras que gosta de ser rude - e, sim, eles existem aos montes. É a realidade e todos sabem disto. Apesar de ter achado ele bem caricato no primeiro terço do livro, como eu disse, depois eu vi que era meio que uma pinimba minha - pois estava achando que a mulher estava generalizando tudo, mas não era bem assim...
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O que eu quero dizer com isto tudo é: foi bem desconcertante algumas vezes, pois eu pensava - ''caramba, de onde ela tirou isto e como ela conseguiu saber disto''. Afinal, são coisas que nenhum, eu digo e repito, NENHUM homem falaria de bom grado para uma representante do sexo oposto. Coisas que fazem parte da irmandade masculina e que não devem ser expostas ao mundo. Quero dizer, não chega à tanto... Mas, sim, foi uma narrativa masculina BEM crível.
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Enfim, para a minha surpresa, li ''Tangled'' em uma noite. A autora construiu a sua narrativa como se Drew se abrisse para as leitoras (sim, no feminino) - dando uma oportunidade para que elas possam ver ao menos um pouco como a mente de um cara funciona. Após a minha relação ''conturbada'' com o protagonista no começo da trama, eu simplesmente não conseguia mais largar. Ele é bastante canastrão e cheio de si, mas o seu ponto de vista é simplesmente hilário. Eu, mesmo não sendo o tipo de homem que sente a necessidade de soltar um palavrão à cada cinco palavras só para reafirmar a minha masculinidade, consegui me identificar bastante com o personagem - o que é bem engraçado, e super estranho, pois não sou nada parecido com ele. Nem um pouco. Quero dizer, eu acho... Mas tudo bem, esta não é a questão. A questão é que o livro me surpreendeu positivamente, e devo tirar o meu chapéu para Emma Chase por seu feito em desconstruir e textualizar tudo aquilo que nós, homens, pensamos - mas que não temos a mínima coragem de contar para uma mulher.
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Henri B. Neto
''Na Minha Estante''
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