Larissa | @paragrafocult 20/09/2019
"O ódio vai mantê-lo vivo onde o amor falhou."
Agora que finalizei, tenho que admitir que o personagem me cativara um pouco mais. O livro conta a trajetória de vingança de Jorg, um rapaz de catorze anos que é líder de um grupo de assassinos e saqueadores que ganham a vida assim, invadindo lugares, saqueando, estuprando algumas mulheres. Sua mãe e seu irmão caçula foram mortos na sua frente enquanto estava preso em um arbusto de roseira-brava e essa memória o persegue desde então. Ele se sente de certa forma culpado por não ter se desenvencilhado do arbusto e ido defendê-la mesmo que nós, leitores, saibamos que um garoto de dez anos nada poderia fazer contra os homens que ali estavam. No começo da leitura eu não conseguia me acostumar com a ideia de um garoto de catorze anos fazendo tudo o que ele fazia. É algo surreal, afinal, Jorg está muito além da sua idade. É extremamente inteligente, engenhoso e o ódio e sentimento de vingança que ele guarda dentro de si são enormes, muitas vezes quase o cegando. Juntando isso com o fato de ele ser muito arrogante (talvez por ele ser um príncipe, mesmo que não esteja vivendo como um) fiquei com um pouco de dificuldade de gostar dele a princípio.Prince Of Thorns não tem exatamente um vilão e um mocinho. Jorg é um assassino frio, cruel, muitas vezes matando ou desejando matar quem lhe contraria e com pouca empatia e sentimento de piedade. O que faz com que você não o odeie é porque no fundo entendemos o motivo de todo esse ódio: ele quer vingança. Não só do mandante do crime como de seu pai também, afinal, o pai ao invés de retaliar, fazer algo contra os assassinos de sua mãe, ele apenas fez um acordo comercial com o inimigo, abafando e esquecendo o caso.
Após ser resgatado do arbusto, Jorg foge do castelo e passa a viver com os assassinos na estrada, virando seu líder com o passar do tempo. Após quatro anos, Jorg finalmente decide voltar ao castelo e por em prática a sua vingança. O que não vai ser uma tarefa fácil afinal o rei se casou novamente e junto da sua nova rainha, está a espera de um filho que caso Jorg continue desaparecido, será o novo rei. O Rei em nenhum momento teve minha simpatia. Desde o começo já vemos como é um, cara ridiculamente calculista. É nítido o quanto ele e Jorg são parecidos. Em todo o livro, é o único personagem que realmente consegue intimidar Jorg e deixá-lo com aquela vontade secreta de agradá-lo, de vê-lo o chamar de "filho".
Em nenhum momento Jorg se permite ser o adolescente que é. É sempre sério, focado e duro consigo e com todos. Em alguns raros momentos seus sentimentos vêm a tona mas o mesmo logo volta a escondê-los, se tornando uma pessoa que não vê problema algum em sacrificar um amigo, colega ou qualquer outra pessoa para conseguir o que deseja. No começo vemos apenas Jorg na estrada com seus companheiros mas quando ele volta ao Castelo de Ancrath, encontra seu pai e parte para o Castelo Vermelho o livro dá uma guinada enorme e fica ainda melhor. Temos alguns elementos fantasiosos como bruxos, fantasmas, monstros. Algo que amo em livros de fantasia. O que torna Prince Of Thorns diferente dos outros do gênero que li é essa dualidade dele, por ser um personagem que não é aquele mocinho perfeito e pelo livro não ser tão leve quanto O Senhor dos Anéis, por exemplo. Na verdade, Jorg muitas vezes parece mais um vilão do que um mocinho.A narrativa do livro é em primeira pessoa pelo próprio Jorg, o que torna mais fácil essa aproximação com o personagem que nos permite saber melhor o que sente, tudo com um toque de humor negro. Entre alguns capítulos, temos umas cenas de flashback de quatro anos antes, mostrando não apenas o dia do assassinato de sua mãe e seu irmão, como o processo de quando ele acordou após o resgate e sua fuga com os assassinos. A capa do livro é dura e a arte da capa é maravilhosa, já o final do livro é satisfatório e deixa a gente com muita vontade de pegar o próximo e já emendar a leitura.
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