Sarah Malta 27/02/2013
Acho que, desde que o filme saiu, eu venho querendo ler este livro. Minhas sinceras desculpas a quem ainda não assistiu a adaptação cinematográfica, mas eu honestamente achei muito linda, e quis logo de cara saber da onde tinha vindo tudo isso. Vocês sabem. O livro é sempre melhor.
Então, há umas duas semanas, eu fui à Livraria Leitura, no Pátio Brasil Shopping. Estava NA promoção. De trinta reais, caiu para vinte, e eu fui pagar, linda, leve e feliz, quando tive a melhor surpresa de sempre:
Eles erraram a etiqueta. O livro custava R$ 9,90.
Quase abracei o vendedor enquanto chorava em seu ombro (mas me controlei), e, como tinha trinta reais no bolso, ainda comprei Um Porto Seguro (do Nicholas Sparks, esse mesmo que vai sair filme ainda esse ano), e falarei sobre ele também em breve.
Por que agora é vez de Morte e vida de Charlie St. Cloud, o livro que inspirou o filme que me fez parar de ver Zac Efron como Troy, e que eu devorei em uma aula vaga de matemática e menos de uma tarde.
Esse é um livro sobre perdas, milagres e segundas chances. Charlie St. Cloud é um milagre; ele voltou a vida depois de um acidente de carro. Não tinha mais pulso, ou batimentos cardíacos, e a morte estava quase certa quando o bombeiro o ressuscitou. Porém, antes de voltar a respirar, Charlie fez uma promessa ao seu irmão mais novo, Sam: ele nunca o abandonaria.
Sam, como vocês já devem imaginar, morreu. Mas Charlie foi abençoado com o dom de ver o espírito do irmão mais novo - e, consequentemente, de alguns outros mortos também -, e cumpriu sua promessa veementemente por treze anos. Todo dia, ao pôr do Sol, os irmãos St. Cloud encontravam-se na floresta para praticar arremessos de beisebol e comentar sobre o RedSox, dois fanáticos pelo time que eram. Charlie termina do ensino médio, é claro, forma-se e se torna um paramédico, mas prefere trabalhar no cemitério para ficar mais perto do irmão. No decorrer da história, ele tem 28 anos. Mas Sam está estacionado nos 12 desde o dia do acidente.
As coisas começam a mudar quando Tess Caroll, uma garota de gênio forte que tem sua própria empresa de velas (de barco, é claro), aparece repentinamente em seu cemitério, ao lado do túmulo do pai. Essa garota, incrível como é, planeja até mesmo fazer um tour pelo mundo sozinha no seu barco. Charlie, apaixonando-se, se vê preso a dois mundos, e é obrigado a escolher um deles.
Então o.k., vamos falar sobre opiniões. Pra mim, esse não é um livro cinco estrelinhas (classifiquei no Skoob como quatro), por que... não sei, simplesmente não é o melhor livro do mundo. Sem desmerecer, é claro, a escrita de Sherwood, por que eu posso garantir que a narrativa é simplesmente divina. Os detalhes da cidade, e termos técnicos relacionados a barcos, são inúmeros e você percebe que o autor pesquisou e se esforçou para fazer um bom romance. E, bem, fez. Embora por algum motivo não tenha conseguido me encantar completamente, e tudo o mais. Acho que meu gosto literário está ficando mais aguçado com o tempo.
O livro também remete muitas crenças (o autor conversou e leu livros médiuns antes de escrevê-lo, pelo que consta nos agradecimentos), muitas questões que você com certeza já pensou sobre, mas que por acaso pode não ter uma opinião formada; ou, já pensou tanto, que tem uma crença pronta e centrada dentro da mente. Caso você seja muito religioso, é aconselhável esquecer alguns parâmetros e mergulhar no texto, por alguns minutos. Ou você não aproveitará nada em absoluto.
Apesar dos pesares, Morte e vida de Charlie St. Cloud é mesmo "como um grande romance deve ser" (Nicholas Sparks), afinal, contém todos os fatores procurados pelas leitoras em massa desse estilo de romance: um herói sensato e sexy, bastante tragédia, drama, e um romance impassível, vulnerável e profundamente arrebatador (além de algumas cenas mais quentes, vale frisar). E, não vou negar, eu adoro esse tipo de romance que classificam como "água-com-açúcar" ou "mulherzinha" (termos banais e pejorativos, na minha opinião, mas alguém perguntou?). Este livro lembra muito o estilo e escrita de alguns outros do Nicholas Sparks, justamente pela densidade e dramaticidade da história toda. Gostei muito sim, por que é uma história bonita que envolve mais do que um simples romance não-tão-jovem, mas também um relacionamento entre irmãos que vai além do nosso mundo corpóreo. O ritmo de leitura é extremamente agradável, quer dizer, eu li 220 páginas em três horas. É um daqueles livros que não dá para cansar, e que você realmente pensa que sua vida depende de finalizar no mesmo dia.
Também é um pouco triste, e me arrancou algumas lágrimas, sim.
Mas no geral, foi uma boa leitura. A diagramação está muito boa, e é uma história bonita e muito bem escrita. E, vamos falar sério, não há nada melhor do que pegar um livro e devorá-lo sem vergonha nenhuma, não é?