A fantástica vida breve de Oscar Wao

A fantástica vida breve de Oscar Wao Junot Díaz




Resenhas - A Fantástica Vida Breve de Oscar Wao


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Tito 21/06/2010

Sobre um invencível fukú familiar (10^6.d10 de força), à sombra de uma Mordor tropical.
Ana 26/09/2010minha estante
tenho esse em espanhol. Vi numa livraria no Uruguai, achei que nunca seria publicado em português, e quando vi .. já tinha sido! É bom, então?


Léo 03/10/2010minha estante
Hahaha nunca uma resenha disse tanto em tão poucas palavras!


@Agulha3al 28/04/2011minha estante
sensacional...




escorpimonia 21/01/2023

Tocante
Essa é uma daquelas leituras que classifico como "não sei o que falar, apenas o que sentir".
Desde o começo me conectei com o Oscar e senti sua solidão e tristeza, fiquei muito comovida e achei maravilhoso o autor ter apresentado personagem que demonstra as suas fraquezas.
Lola também é uma personagem incrível, sinônimo de força e resignificação.
O livro é incrível e a narrativa é emocionante e triste ao mesmo tempo, porém trazendo aquela sensação de "realidade".

Livro mais do que indicado.
Natzera 21/01/2023minha estante
Tão linda ai ai ai? ?


escorpimonia 21/01/2023minha estante
Você que é linda, minha leitora favorita ?????


Natzera 21/01/2023minha estante
Você que é a minha ?




Pappa 19/07/2010

Drama Latino
Este livro conta a história da família de Oscar de Leon, um dominicano que, na passagem da infância para a adolescencia, torna-se extremamente obeso, e as pressões da família sobre o latino vivendo nos EUA (tem que fazer sucesso com as mulheres) e um provável fukú (maldição) que paira sobre eles, acaba tornando-o retraído e depressivo. Vai desde a infância de sua mãe, passando pelos surtos da irmã e as viagens à casa de sua avó, de volta à terra natal.

Um ponto interessante deste livro é que cada capítulo conta uma passagem da vida de um dos personagens principais: Oscar, sua mãe e sua irmã Lola. Os capítulos trazem vários tipos de narradores diferente (Lola narra alguns, um narrador onisciente outros, os capítulos finais sobre Oscar são todos narrados por Yunior, o namorado da irmã, com quem Oscar mora por um período durante a faculdade). Este estilo de escrita me agrada, e torna a experiência da leitura bastante proveitosa.

O livro traz também um pouco da história da República Dominicana, no período da ditadura de Trujillo. O autor faz questão que todos saibam o quão horrível este homem foi para seu país, e chega a exagerar um pouco, tornando-se repetitivo algumas vezes nesta crítica (ok, não há exageros quando se critica um ditador, porém na centésima vez que o cara é chamado de Ladrão de Gado Frustado já entendemos o que o autor quis dizer). Mas justamente este tema traz as melhores passagens do livro na minha opinião. O medo da população e como ele é usado pelo governo, como um país inteiro se curva perante um monstro, é muito bem retratado.

Toda a trama é permeada por comentários sobre a cultura nerd (O Senhor dos Anéis, Star Wars, RPGs etc), que dá um toque pessoal e engraçado no desenvolvimento da história.

Não vou revelar muito sobre o final, limitando-me a dizer que ele fecha bem a trama, sendo outro ponto forte a meu ver. É daqueles livros que não deixam pendências, resolvem o caso e finalizam.

Vale a pena ler, por se tratar de uma leitura fácil e que se torna rápida por isso, e uma história interessante. Fica a única ressalva que tive a impressão em alguns pontos que a tradução do livro falhou. Apesar de que várias palavras são deixadas em espanhol intensionalmente (o que achei válido, até como ferramenta para melhorar a ambientação), algumas poucas frases me pareceram perdidas, sem significado.
Marina 19/07/2010minha estante
Ótima resenha! :)
Acho que uma coisa que eu não estou achando tão legal no livro são as notas de rodapé gigantes. Tem fatos mto interessantes, mas às vezes fica cansativo de ler naquelas letrinhas. Talvez se ele tivesse conseguido inserir de outra maneira aquelas explicações teria sido melhor.
Tbm tenho a impressão de algumas frases perdidas. Mas será que não é referência à algo que nós não sabemos o que é?
Abraço!


Ferreira.Souza 22/10/2020minha estante
em fim
um livro bom




Fabio.Nunes 03/01/2024

Ótimo
A fantástica vida breve de Oscar Wao - Junot Díaz
Editora: Record, 2022

Eis que 2024 começa bem! Um livro contemporâneo indicado por um amigo e que me surpreendeu.
Díaz é um dominicano que traz nessa obra a história de Oscar, um descendente de dominicanos que vivem nos EUA. Um menino/jovem obeso introvertido, aficcionado por fantasia e Sci-Fi, com tremendo potencial imaginativo que compensava suas dificuldades em viver no mundo real e ser aceito pelas pessoas fora de sua família.
Além dele, conhecemos a história de sua irmã Lola e de sua mãe Hipatia.
Por meio desses personagens, principalmente a mãe, nós adentramos um pouco na história da República Dominicana, e conhecemos melhor o período do ditador Trujillo, mais um dos terríveis ditadores que tomaram o poder na América Latina no século XX.
Com capítulos alternados no tempo e com diversas vozes narrativas (principalmente a do ex-cunhado de Oscar - Yunior), Díaz nos brinda com uma obra densa e ao mesmo tempo jocosa, nos fazendo rir em vários momentos, mas sem perder a tensão inerente à estória.
O autor também cria personagens críveis, não só em si mesmas mas com relação às demais. Não à toa ganhou o prêmio Pulitzer de ficção.
Difícil definir esse livro, alguma coisa com certeza ficou de fora dessa resenha, mas gostei demais do processo de leitura, e por isso recomendo fortemente.
Flávia Menezes 03/01/2024minha estante
Começando com o pé direito 2024 e com uma resenha que instiga por trazer mais de um país e cultura da qual não estamos tão habituados a ouvir falar. Parabéns pela resenha, Fábio! ????


Fabio.Nunes 03/01/2024minha estante
Obrigado Flavinha! Dizem os entendidos no assunto que esse livro é um clássico da alta literatura contemporânea.




Helder 09/08/2013

Um livro sobre quase nada
A vida de Oscar Wao foi mais breve do que eu imaginava. Há tempos tinha vontade de ler este livro, mas no fim não curti muito. A linguagem que devia ser moderna me cansou um pouco e percebi que nem sou tão nerd assim, pois entendi no máximo uns 60% de todas as citações do livro.
E sobre o que é este livro? Aliás, será que li somente um livro? Existem ali algumas estórias e acho que a que menos me conectou foi a do próprio Oscar. Em diversos momentos achei-o fracassado e asqueroso demais.
O que concluo após este leitura é que Junot Diaz quis dar um passo muito grande e eu não consegui acompanhar, ou melhor, não consegui me interessar muito.
Um dos “livros” quer contar as desventuras dos Dominicanos, desde a época de Trujillo até a herança herdada deste período cruel. São estórias ou histórias bem tristes, mas não me pareceram inéditas.
Gostei da estória de Beli e de seu pai doutor também, para mim as melhores partes do livro. Já Lola não me disse muito ao que veio , assim como Yunior, que deveria ser o alter ego do autor, mas para mim ficou meio perdido.
E de Oscar, que esperava um grande romance, onde ele vencesse seus traumas e conseguisse realizar seus sonhos, não tive nada.
Sendo assim, o saldo quase ficou negativo. Podia ter lido somente a ultima pagina.
Um livro sobre quase nada.

Não recomendo
Ladyce 02/01/2016minha estante
Ótima resenha, Helder. Melhor do que a que eu faria. Certamente muito mais generosa. Mais uma vez concordamos sobre o que lemos. Estou a meio caminho do final do livro e por duas vezes já ando tentada a deixá-lo de lado. Para mim, literatura deveria ser universal. Mas essa obra não é. Se você não está familiarizado com o mundo nerd, você sabe que está perdendo algo. Estou achando o ritmo sincopado bom, mas dispensaria com prazer as longas notas de rodapé. A linguagem cheia de gíria dominicana também pode em ocasiões se tornar um problema. Na minha opinião três estrelas são reflexo de sua generosidade. Mais uma vez tenho uns probleminhas com os agraciados pelo Pulitzer. Deve ser uma coisa de gosto mesmo. E olhe, que além de morar mais de 20 anos nos EUA, ainda sou casada com um Prof. de Literatura Americana, era para eu gostar dos premiados. Mas em geral gosto dos premiados na Grã-Bretanha. Tenho mais afinidade com eles...


Aline 09/01/2017minha estante
Gostei de várias passagens do livro, mas o conjunto da obra não me convenceu, tampouco chamou atenção. Acho que tive o mesmo sentimento que vc.




Leonardo 18/02/2016

Um bom livro, mas não é genial
Sou daqueles que gostam de listas e sei que não estou sozinho neste mundo. Por mais que saiba que listas de melhores isso ou aquilo sempre serão subjetivas, não resisto e me vejo muitas vezes pesquisando “melhores ..... da década” ou, para universalizar mais a busca, “best ... of all time”, “best ... of 2016 so far” e assim por diante.
Na maioria dos casos, os pontinhos são substituídos por “novels”, “jazz albums”, “movies”, “short stories” e vários subtipos. E lá vou eu explorando as listas e concordando aqui, discordando ali e, principalmente, criando, aos poucos, o meu cânone imaginário, aquela relação de livros/filmes/músicas que quero ler/ver/ouvir.
Como o assunto no momento são os livros, atenho-me a eles. Puxando da memória, lembro rapidamente de pelo menos cinco livros que eu nem tenho (com exceção desta ora resenhado), mas que fico só pensando em quando poderei ler:
- A fantástica vida breve de Oscar Wao – Junot Díaz
- As Incríveis Aventuras de Kavalier e Clay – Michael Chabon (esgotado em todos os fornecedores, difícil demais de encontrar)
- Submundo – Don DeLillo
- Dentes brancos – Zadie Smith
- A visita cruel do tempo – Jennifer Egan
Como falei, estes são apenas cinco livros que lembrei rapidamente, mas há muitos, muitos outros. Eventualmente resgato um destes livros do limbo canônico em que os coloquei e passo então à difícil e prazerosa tarefa de confrontar a expectativa que criei com a real impressão que eu tive com a leitura.
E esse tipo de busca já me rendeu resultados muito interessantes. Foi por meio deste método que descobri Cormac McCarthy, um dos favoritos na lista de Harold Bloom no seu Como e por que ler?
Mesma coisa em relação a Lolita, Matadouro 5, Faulkner, Philip Roth, Nathanael West, 2666 e tantos outros que sempre estão presentes em listas de melhores livros de todos os tempos e coisa que o valha.
Por que toda essa longa introdução para falar de A fantástica vida breve de Oscar Wao?
Ora, porque este era um dos livros mais bem posicionados no meu cânone imaginário, por figurar em várias listas de melhores livros da década. Para citar brevemente, o livro de Junot Díaz figura num top 10 dos anos 2000 da revista Time e a BBC fez uma lista dos doze melhores livros do século XXI e adivinhe quem está em primeiro lugar?
Além disso, para mostrar o pedigree do livro, A fantástica vida breve de Oscar Wao arrebatou simplesmente o National Book Critics Circle Award e o Pulitzer de Ficção em 2008, além de vários outros prêmios pelo mundo.
É ou não é de impressionar?
Que história o livro conta?
O que eu sabia antes de ler o livro é que, como esperado, “A fantástica vida breve de Oscar Wao” conta a fantástica história de Oscar Wao. Ele é um jovem dominicano gordo, completamente nerd, apaixonado por RPG, mangás, animes, histórias de ficção científica e... bem, creio que você saiba bem o que significa ser um verdadeiro nerd. Mas não é só isso. Oscar Wao é completamente sem jeito com as mulheres, uma verdadeira negação e, para piorar o cenário, ele é simplesmente louco pelo sexo feminino. Vive se apaixonando e, claro, não sendo correspondido. Sua situação é tão desesperadora que ele se convence de que as histórias antigas que contam a respeito da sua família são reais: ele é mais uma vítima do Fuku, uma espécie de maldição própria da República Dominicana que leva muito azar para quem dela for vítima.
A história de um nerd azarado com as mulheres e que acredita ser vítima de uma maldição? E esse livro ainda ganha o Pulitzer de Ficção e é selecionado em várias listas de melhores livros da década? Minha expectativa em torno dele estava elevadíssima, o que é SEMPRE, SEMPRE um grande erro. Pode anotar isso aí, por favor.
Li muito rapidamente A fantástica vida breve de Oscar Wao. A prosa de Junot Díaz é provavelmente o principal motivo do sucesso do livro. O narrador, que mais tarde se revela um dos personagens da história, é irreverente, brinca o tempo todo com gírias, mistura termos em inglês com termos em espanhol, insere o tempo todo piadinhas nerds, como por exemplo quando alguém sofre um acidente e ele quer dizer que foi muito grave, diz que fulano sofreu 18d de dano. Se você não entende essa gracinha, esse não é um livro pra você.
Ao mesmo tempo em que a narrativa é um dos grandes chamarizes do livro, para mim acabou sendo um dos dois pontos que reputo como sendo frágeis, e que fizeram com que eu considerasse o livro apenas “ok”, quem sabe faltando 100 de xp para chegar ao próximo nível.
O primeiro ponto, que ainda não tem a ver com o estilo da narrativa, é que o livro não é exatamente sobre Oscar Wao, mas sobre a família de Oscar Wao. Acompanhamos histórias de três gerações dos Cabral, uma maneira de o autor demonstrar como o Fuku, a tal maldição, antes de chegar até o jovem protagonista causou estragos em toda a sua família. Os capítulos são intercalados: ora acompanhamos o avô de Oscar Wao e sua tragédia pessoal ao se deparar com Trujillo, ditador dominicano descrito pelo livro como um dos homens mais perversos que já existiram; ora acompanhamos a história da mãe de Oscar, Belicia Cabral, que também passou por muitos percalços durante sua vida; por fim, acompanhamos as histórias de Oscar e de sua irmã, Lola.
O título do livro fala da vida breve de Oscar Wao, e este título é meio enganador, já que o livro dá muita atenção não só à história do avô e da mãe de Oscar, como à história de Lola, sua irmã. Claro que isto não é um problema do livro, mas acabou sendo uma pequena decepção para mim porque eu esperava uma coisa e encontrei outra.
Quanto ao segundo ponto, considerando a premissa do livro, eu esperava uma história divertida. Acontece que a NARRATIVA é, de fato, muito divertida, muito bem humorada, mas a HISTÓRIA de Oscar Wao e de sua família não tem nada de divertido; pelo contrário, é uma tragédia, uma sucessão de grandes tragédias. O Fuku é cruel demais.
O problema, pra mim, foi a incoerência entre a narrativa divertida e a história pesada, que envolve tortura, morte, abandono, estupro e tantas outras situações negativas.
Eu já tinha visto isso antes, e enquanto lia, lembrava-me de três livros:
- O Pintassilgo, que tem uma narrativa não tão irreverente, mas que me pareceu ser leve demais, descontraída demais para o tema barra pesada que o livro aborda. No livro de Junot Díaz esta sensação foi ainda mais forte;
- Jaime Bunda, livro de Pepetela, um dos livros mais divertidos que já li na vida. A narrativa é fantástica, com direito até ao autor “demitir” e substituir o narrador no meio do livro por considera-lo relapso com a narrativa. Apesar de haver situações graves na história (denúncia da cultura do estupro, pobreza, corrupção), o tempo todo fica claro que o livro vai andar na linha do humor. Pepetela acerta na mosca, na minha opinião;
- Matadouro 5. O narrador aqui usa de um humor desesperado, insano, inquietante para denunciar algumas das maiores tragédias da história da humanidade. Kurt Vonnegut consegue um feito dificílimo ao acertar o tom, porque o riso que se segue às suas piadas é nervoso, culpado.
Na minha opinião, Junot Díaz deveria ter escolhido entre o caminho de Pepetela e o de Vonnegut: ou não se levar a sério, ou ser insano em seu humor. Ele não conseguiu o equilíbrio, e você se vê rindo de uma piada quase inocente num momento para em seguida se deparar com a descrição de uma tortura ou uma tentativa de suicídio que nada (obviamente) tem de engraçada.
Há ainda um terceiro ponto, um bônus, no quesito não achar o livro genial como insistem em rotulá-lo: sim, a vida de Oscar Wao foi breve; não, não vi nada de fantástica nela.
É um drama, uma história sofrida, especialmente quando somada à história da sua família, mas efetivamente não há nada de fantástico, de maravilhoso, de espetacular. Talvez se o título não fosse tão enviesado e se não houvesse tanto hype em torno deste livro eu tivesse gostado mais.
Ao final da leitura, eu me perguntava: por que este livro arrebatou tantos prêmios e é tão exaltado assim?
A única resposta razoável na qual consegui pensar foi formulada a partir de algumas informações:
- Segundo autor latino americano a vencer o prêmio Pulitzer de ficção;
- História com gosto exótico, já que boa parte dela se passa numa República Dominicana de décadas atrás, cheias de pobreza, superstições, cultura estranha aos padrões americanos;
- A força motriz das tragédias que ocorreram na família de Oscar Wao tem nome: Rafael Trujillo, ditador sanguinário apoiado historicamente pelos EUA. Creio que rola um sentimento de culpa aí;
- O nerd Oscar Wao acaba fugindo para os EUA e tudo que ele idolatra, a base e o caldo da cultura nerd são americanos.
Pra mim, enfim, A fantástica vida breve de Oscar Wao acabou sendo beneficiado, mesmo que não intencionalmente, pelas questões políticas e sociais que o cercam. É como se, grosseiramente falando, a comissão do Pulitzer tivesse achado que estava na hora de um autor latino americano ganhar...
Sinceramente: não dá para entender como tantos críticos podem dizer que A fantástica vida breve de Oscar Wao seja melhor que livros como Não me abandone jamais, de Kazuo Ishiguro (2005), Reparação, de Ian McEwan (2001), A estrada, de Cormac McCarthy (2006), 2666, de Roberto Bolaño (2004), Onde os velhos não têm vez, de Cormac McCarthy (2005), apenas para citar livros que eu li.
Mas essa é minha lista, e lista é questão de gosto, afinal de contas.
Não se deixe frustrar por meus comentários decepcionados: apesar de eu não achar A fantástica vida breve de Oscar Wao um livro genial, ainda assim ele é um livro bom. Tem suas limitações, mas eu certamente não perdi meu tempo lendo.
Arrisque-se e me convença de que estou errado, de que é realmente o melhor livro da década. Aguardo ansioso pelos seus argumentos. De verdade.


site: http://catalisecritica.wordpress.com
Machado 26/10/2016minha estante
To querendo começar a ler esse livro, venho adiando a anos a leitura, gostei da sua resenha, dissolveu minhas expectativas, e talvez seja melhor assim..


Evelin.Pinheiro 21/04/2019minha estante
Queria ter lido sua resenha antes de comprar/ler esse livro. Não entendo as pessoas que deram 5 estrelas,V pra mim são 2 ou 3. Você falou tudo que eu pensei, e eu também li porque o achei em uma lista de ganhadores do Pulitzer. Achei decepcionante e foi um suplício ler até o final. A sua resenha sim pode ser chamada de fantástica, parabéns.




Elaine.Barea 07/04/2017

Vale a leitura
Livro comovente, engraçado e muito bem escrito.
Racestari 05/11/2019minha estante
Livro delicioso!


Elaine.Barea 12/11/2022minha estante
Engraçado e triste. Pesado e divertido. Um livro bem escrito com situações impossíveis de se imaginar. Gostei !




Higor 09/05/2023

"LENDO PULITZER": sobre um remake de clássicos latino-americanos
Se por um lado é incrível ver livros fora da caixinha, como "A fantástica vida breve de Oscar Wao", romper barreiras e alcançar méritos inimagináveis, como o de ganhar o Pulitzer e ser eleito o melhor livro do século 21, por outro, é um tanto frustrante lê-los e ver que foram superestimados.

Tudo bem que o Pulitzer não é o melhor parâmetro em questão de premiações, afinal, sua irregularidade é notória, mas mesmo que qualquer lista de melhores livros seja subjetiva, escolher um livro dominicano para ser o primeiro dentre os melhores livros, não do ano ou da década, mas de um século que está apenas começando, chama a atenção, não?

O leitor logo se questiona, curioso, por menor que esteja: o que este livro tem, o primeiro romance em uma bibliografia de duas coletâneas de contos, de tão interessante para desbancar nomes consagrados e populares, como Ian McEwan, Chimamanda Ngozi Adichie, Elena Ferrante e Zadie Smith, dentre tantos outros? Para mim, nada. Tanto que, em listas mais recentes, ele cai vertiginosamente de 1º para 63º, o que é muito mais coerente.

Importante ser justo e falar que "A fantástica vida breve de Oscar Wao" é, sim, um livro interessante, em que a narrativa atrai a atenção do leitor, mas também é preciso admitir que o livro não se sustenta sozinho e, pior, parece mais um remake de tantos outros clássicos latino-americanos consagrados, como se o livro fosse uma versão modernizada para atrair novos leitores, um público alvo recente ou em um nicho específico, certamente de receosos ou que consideram clássicos como Gabriel García Márquez, Mario Vargas Llosa, Juan Rulfo e tantos outros como chatos, difíceis ou antiquados de se encarar.

Digo isso porque os grandes temas abordados em "Cem anos de solidão", "Ficções", "A casa dos espíritos", "Pedro Páramo" estão presentes em "A fantástica vida breve de Oscar Wao". As ditaduras latinas, o realismo fantástico e até mesmo as gerações de famílias e suas narrativas emblemáticas se fazem presentes, mas de maneira organizada, ora tímidas, ora mais modernas e descontraídas, mas nada de tão renovada ou louvável.

Seriam, então, as referências às culturas geek e pop o grande atrativo de "A fantástica vida breve de Oscar Wao"? A mistura eficiente de espanhol com inglês em uma mesma frase, como se fosse um novo idioma usado pelos latinos nos Estados Unidos?

Claro que todo livro não precisa ser necessariamente, original, ou iniciar um novo estilo ou escola literária, mas apesar de "A fantástica vida breve de Oscar Wao" ser divertido de se ler, o que já é um dos objetivos de um livro, é bastante comum ver outros leitores falando: este livro fala sobre a Ditadura na República Dominicana, mas para entender melhor esse contexto histórico, leia livro tal. Se "A fantástica vida breve de Oscar Wao" se propõe a falar sobre tal assunto, ele não se basta? Ele não se sustenta sozinho, mas precisa de apoios, de outros romances ambientados no mesmo contexto, para poder caminhar?

"A fantástica vida breve de Oscar Wao", de Junot Diaz, não precisaria se apoiar em "A Festa do Bode", de Mario Vargas Llosa, para ser um bom livro a abordar a Ditadura Militar da República Dominicana, muito embora saibamos que se inspirou nele - ou mergulhou de cabeça na fonte - para escrever um dos mais emblemáticos capítulos de seu livro.

Acredito que o autor tenha potencial, tanto que o livro começa muito bem, mas se perde com a parte da mãe, principalmente, e quando volta, não parece mais tão promissor, e sim morno, pouco natural e apelativo até, como se forçasse o leitor a acreditar que o destino de Oscar Wao fosse um, para depois fazer um plot twist e apresentar um desfecho que leitor nenhum esperava.

Um tanto fora da caixa, "A fantástica vida breve de Oscar Wao" é um bom livro, com muitos defeitos, mas não o melhor livro do século ou sobre o assunto. Incrível para uns, dispensável para outros, é um livro democrático, pelo menos.
Tana 06/07/2023minha estante
Parti desse para A Festa do Bode de Llosa!




Bookster Pedro Pacifico 20/07/2022

A fantástica vida breve de Oscar Wao, de Junot Díaz
Vencedor do Prêmio Pulitzer de ficção em 2008, a obra do autor domenicano Junot Díaz estava esgotada das prateleiras brasileiras há um tempo e ganhou nova edição da @editorarecord! E que coisa boa foi poder ler esse livro e saber que outros leitores também poderão encontrá-lo facilmente nas livrarias!

Antes de contar um pouco sobre esse romance, preciso dizer que o estilo de Díaz foge de qualquer tentativa simples de categorização. Ele mistura aspectos históricos (e muitos), com cultura nerd e um humor ácido, tudo isso sem abrir mão de personagens complexos e bem construídos.

O personagem principal é Oscar Wao, que dá nome ao livro. Mas diferentemente do que o título indica, o jovem Wao não tem uma vida fantástica. O protagonista tem origem domenicana, mas vive uma vida pouco sociável e rodeada de cultura nerd em um gueto de New Jersey. A busca por um primeiro beijo e um primeiro amor parece nunca ter fim na sua adolescência. Sua mãe e sua irmã também têm um papel importante no romance, sobretudo considerando a relação conturbada - e até mesmo violenta - que existe entre as duas. La Inca, avuela do garoto, também se destaca!

Aos poucos vamos conhecendo um pouco mais sobre o passado dos familiares de Oscar, que viveram na República Dominicana, assim como aprendemos sobre a história sangrenta do país, quando foi governado pelo ditador Trujillo (eu já havia lido A festa do bode, de Llosa, que trata sobre o mesmo período histórico). E, aparentemente, as tragédias que recaem sobre esse jovem têm origem em Fukú, uma antiga maldição que está presa na sua família.

Eu amei a leitura! O início pode parecer um pouco confuso com a troca dos narradores, mas aos poucos você se acostuma. O autor traz muitas referências a filmes, livros, músicas, o que deixa a obra ainda mais interessante (algumas dessas referências eu não conhecia, mas tá tudo bem)! Sei que pode não ser um livro coringa, que agrada a todos, mas eu te convido a dar uma chance de ter uma leitura marcante e diferente do que estamos acostumados a ler! Excelente!

#literatura #bookster #livros #junotdiaz

Nota 9,5/10

site: http://instagram.com/book.ster
José Marques 21/07/2022minha estante
Que bom vê-ló ativo por aqui! ?




Julio.Argibay 28/04/2017

A fantástica breve vida
Que livro fantástico! Eh um dos meus prediletos. A estória se mistura entre realidade e a ficção. E eh ambientada nos EUA e na República Dominicana. E tome lição de história sobre a pior ditadura do hemisferio ocidental, com o caudilho Trujillo. Algum tempo depois surge o Oscar, um personagem inesquecível, os outros componentes dá familia, também, são otimos. Haja emoção, brigas, amor. Imperdível.
Racestari 05/11/2019minha estante
Também achei o livro fantástico!




Menezes 07/11/2009

Venha Luke....

“(...)Oscar se trancou no quarto, tirou a roupa no banheiro - já não compartilhando mais com a irmã,, que estava morando na faculdade, a Rutgers -, e se examinou no espelho. A banha! As estrias quilométricas!O corpo horrivelmente tumescente! Parecia ter saído direto de um quadrinho de Daniel Clowes. Fazia lembrar garoto grande e negro de Palomar, o lugarejo criado por Gilbert Hernandez.
Meu Deus!, sussurrou ele. Sou um Morlock.
NO dia seguinte, no café da manhã, ele perguntou à mãe: Eu sou feio?
Ela suspirou. Bom, hijo, você definitivamente não se parece comigo.
Pais dominicanos! Não á para deixar de gostar deles. (...)”

A pior parte do livro é decidir quando eu paro com o excerto. Sério essa cena continua e vai ficando cada vez mais engraçada, o livro de Junot Diaz é uma chuva interminável de bom humor no meio das maiores tragédias. A saga de uma família dominicana contada de maneira à la Quentin Tarantino, indo e voltando no tempo em sua luta contra o fuku, uma espécie de Lei de Murphy eterna que o livro prega como assolação dos males de todos, que é simplesmente o azar nosso de cada de dia e no meio disso um menino que tinha tudo para ser popular e conquistar todas as garotinhas do bairro, pois afinal ele é dominicano, Oscar que atingido pelo fuku acab se tornando um adolescente gordo, ned e fissurado em Senhor do anéis. Nosso narrador é imperdoável, “ Oscar não conseguia disfarçar como eu (ou você) sua condição de otaku, fissurado em mangá” e por isso ele vai ser o eterno rejeitado por um mundo que não lhe pertence, a velha retórica quixotesca tingida com um escrita de cultura pop.
Pelo fato de Oscar ser um nerd, cdf que quer ser o Tolkien latino, o livro é também um redemoinho de referência que nós nerds como eu (E VOCÊ!!!!!!!!!!), vão se rachar de rir, alias a citação do livro é do Quarteto Fantástico (O que Galacticus sabe sobre as vidas breves), o que é, com o perdão do trocadilho, fantástico. A salada poderia ser só essa mas não é, em sua escrita ele confunde as línguas em um portunhol (no original um spanglish) hilário, mistura as décadas, mistura dúzias de notas enormes de história dominicana om sua história simples de um menino que não queria ser nerd, e e´só simples entre aspas, se você não conhecer um pouco dos universos citados e adorados por Oscar você se perde totalmente nas partes com ele ou seu narrador, que só é revelado no final do livro como sendo um personagem e outro nerd, contudo um nerd velado.
Ei Big Bang Theory é a série mais vista no Eua! Nunca se tirou tanto sarro dessa raça estranha, contudo devo dizer que o livro também é uma pegadinha, e aí é que ele cresce exponencialmente para se tornar um clássico. Sua crítica ao estilo de vida e a história da republica dominicana recente é escancaradamente a essência de tanta loucura. Temos duas coisas que se contrapõem, a falta de vida de Oscar em suas experiências mais básicas que sintetizam o que seria a vida com a ditadura fascista imposta por Rafale Trujilho, ou vulgo Ladrão de Gado Frustrado durante mais de 30 anos. Eu saí de mais 300 páginas quase como um expert em história dominicana, e muito emocionado com todas as provações que o sensível Oscar Wao (a origem desse apelido é muito engraçada e duvido que alguém descubra sem ler o livro ) passa até seus momentos derradeiros, em que ele consegue vive finalmente.
De confessar que nunca gostei de livros que utilizassem muito humor, um mesmo filmes assim, contudo esse ano mostra como as coisas podem mudar. Os livros que amis mexeram comigo foram aqueles que mais ri: Oscar, Zazie e Caim. Com eles eu ri horrores e convido a quem tenha interesse em entrar nesse bom humor a acompanhar Oscar nas aventuras da vida e quem sabe até possa entrar em nossa comunidade singela em que anéis destroem o mundo e o personagem mais legal dos quadrinhos tem 1,60, fuma charutos e tem garras de animal. Venha Luke junte-se ao Lado Negro da Força!!!!!!
http://memtepsicose-metempsicose.blogspot.com
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Marina 28/07/2010

Apesar do título, o livro não se resume à vida de Oscar. Boa parte dele (se não mais da metade), é reservada à história da vida de seus parentes: sua irmã, sua mãe e até seu avô que nunca conheceu.
O autor tem um estilo de escrita bem leve e divertido, há muitas piadas irônicas e várias referências nerds (algumas eu nem entendi). Outro ponto legal é que cada parte do livro possui um narrador diferente. Gosto especialmente dos capítulos narrados por Yúnior, um rapaz com quem Oscar dividiu quarto na faculdade e era apaixonado por Lola, sua irmã.

Um ponto que eu achei negativo foram as notas de rodapé gigantes que aparecem com frequência. As informações são bem legais, mas é cansativo ficar lendo naquelas letrinhas minúsculas.

Enfim, acho que minha avaliação só não foi maior porque eu esperava outra coisa. Achei que o livro seria focado no rapazinho gordo do universo geek. Mas o vislumbre que o escritor nos dá da ditadura da República Dominicana (origem de Oscar e sua família) é muito interessante, nunca tinha lido nada sobre esse país, foi bom conhecer um pouco!

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Antonio Celso 07/01/2013

Uma sensação incrível de humanidade. A firme percepção da escrita e leitura como instrumentos de resistência humana na passagem da brutalidade ao do esclarecimento. Acredito ser isto, ou um pouco disto, que senti ao termino do livro “A Fantástica vida breve de Oscar Wao” de Junot Díaz.
A certeza da escrita / leitura, em sua inerência ao Homem universal, imporem sentido ao processo civilizatório. E as duas, escrita e leitura, no interior da escola como fatores significativos do desenvolvimento dos homens indivíduos no interior deste legado. A certificação de o quanto é importante a literatura para aprofundamento do conhecimento na sociedade moderna. A literatura como o próprio sustentáculo de reflexão sobre a dinâmica do processo de humanização.
No texto, “A Fantástica vida breve de Oscar Wao” de Junot Díaz, o livro só reafirma a força civilizatória da literatura. Através dela, a possibilidade de redobrar nossos conhecimentos sobre questões atuais. Questões da história recente que ficam desprendidas do nosso cotidiano ou do passado recente que pouco dominamos.
O livro conta a história de um “nerd” dominicano. Um garoto obeso, viciado em desenhos animados, games, quadrinhos e livros de aventura. Mimado pelos parentes na infância tem a infelicidade de tornar-se obeso o que faz virar centro de cruentos afagos dos amigos de escola. Situação de violência psicológica que cria um verdadeiro buraco negro emocional em sua vida. Passa a viver como se vegetasse na Terra ou perdido num mundo distante.
Assim, Oscar Wao começa a construir um mundo de fantasias a partir de suas leituras e obsessão pelos games e quadrinhos. Um universo próprio diante do mundo de realidade exterior que o exclui cada vez mais. Sente o mundo real e verdadeiro cada vez mais e distante de seu cotidiano. Tristeza e isolamento que se estabelece como o fundamento de sua vida, ou muito próximo da pura angustia. Um rejeitado por todos. Sem nenhuma aceitação das mulheres e colegas de escola. O próprio definhamento social. Uma marca de impotência permanente que vai acompanhá-lo por toda vida.
Este é o núcleo central que o autor vai utilizar para construir um poderoso e interessante painel sócio, político e cultural da República Dominicana em suas relações com o Caribe e os Estados Unidos da América. Apresentar o perfil do dominicano e sua herança religiosa proveniente da mistura dos negros africanos com os saberes autóctones. O uso destes saberes como ferramenta de sobrevivência diante de um processo de integração desse povo na periferia do processo de implantação do mundo urbano industrial do capitalismo moderno fora dos EUA.
A história desenvolve-se nas últimas décadas do século XX, entre os anos setenta e final de noventa. Mais usa a trajetórias culturais e religiosas do caribenho para retroceder no período colonial e suas raízes africanas. Mais que passear entre presente e passado, remexe nos aspectos políticos que marcaram a história dos personagens e de seu país. A partir, das crenças populares e do período vivenciado pelos personagens, o texto faz resgates explicativos da história social de cada um deles que se conecta e vai revelando paralelamente ao enredo central, à realidade sócio-política da República Dominicana.
De forma magistral o texto mescla expressões da língua oral com a escrita. Mistura termos da língua espanhola, e os dialetos caribenhos com o inglês. Com certeza grande parte do podemos sentir da força do texto está nesta bem dosada mistura de conceitos de linguagem, textualidade, que bem sabemos na cultura americana, vai para além da escrita, da fala e do corporal do latino. A linguagem como uma realidade sincrética, sem dono ou influenciador. A linguagem como instrumento de sobrevivência social.
O texto pode ser dividido em três núcleos distintos. O primeiro tem a trajetória de Oscar Wao e do narrador. O segundo apresenta a cultura pop e a estrutura escolar deste período que servem como referências culturais que sustentam a relação de Oscar com o mundo exterior. E o terceiro e mais poderoso, pelo menos na minha visão, coloca no centro de toda a trama narrativa a ação política do ditador Rafael Leónidas Trujillo Molina que pela violência institucionalizada que seu regime impôs à República Dominicana, se tornou uma força psicológica que articula todos os demais personagens. Acredito que esta é a idéia central passada pelo autor no final do livro.
O primeiro núcleo que gira em torno do personagem Oscar Wao, constrói uma tipificação extremamente sensível de um adolescente carente e segregado pelos colegas de escola. Seus sonhos e buscas pela normalidade dos sentimentos humanos formam uma teia angustiante de dissabores, que em parte, muitos dos leitores com certeza vivenciaram. A sutileza do cômico misturado a perversidade dos prazeres mais mesquinhos que não se realizam. As atividades mais normais para qualquer ser humano nesta idade parecem sempre inacessíveis para Oscar Wao. Acredito que sua caracterização até mereça uma análise mais profunda e pormenorizada pela riqueza do desenvolvimento da narrativa.
O segundo núcleo é a construção da relação entre o narrador e Oscar Wao e o gosto dos dois pelas fantasias desenvolvidas na transição entre a ansiedade da adolescência e plenitude dos prazeres concedidos pela suposta autonomia do mundo adulto. Na verdade, a sua sobrevivência no mundo de constante infelicidade é possível pelo seu relacionamento compulsivo com os games e as fantasias das aventuras dos quadrinhos e literatura de ação compartilhado com seu amigo, no caso o narrador.
Neste núcleo o autor apresenta um movimento intertextual muito instigante. Junot Díaz explicita todo seu conhecimento sobre este “espaço cultural” resgatando momentos significativos da cultura pop que impregna a juventude da moderna cidade tecnológica. Um espaço de linguagem pouco destacada nas literaturas reconhecidas como narrativas acadêmicas.
Por todo o desenrolar da vida de Oscar Wao, temos apontamentos de momentos significativos de grandes sagas de RPG, games e seriados televisivos, as aventuras juvenis que marcaram o período. Filmes como Akira ou Matrix ou os “trash enlatados”. A literatura de ficção científica, os livros ou autores, são usados para exemplificar situações vividas pelos personagens além de suas aspirações e de suas realizações nos relacionamentos com outras pessoas do mundo jovem. O universo dos quadrinhos de ficção, desde os alternativos aos das grandes editoras como a DC e a Marvel são constantemente pinçados. A saga Toukeana “O Senhor dos Anéis” aparece de variadas formas tanto no que diz respeito a história e sua narrativa como em seu universo conceitual. As citações, para quem conhece este universo, aparecem como uma orientação a mais sobre a trajetória na vida do personagem. As exposições são dosadas e mantém uma ótima unidade com a construção da escrita a partir das expressões orais que vão sendo desenvolvidas junto aos escritos.
Em grande medida, este procedimento destaca um conjunto de instrumentos de comunicação audiovisuais integrados a um universo de uma geração que viveu a implantação do mundo das NTCI, Novas Tecnologias Aplicadas a Informação, e, que temos poucas referências nas obras literárias editadas. Esta propriedade ou característica abona este texto como um poderoso objeto de debate em curso de comunicação e expressão. Frisando que este livro recebeu o premio Pulitzer, da Universidade de Columbia, de ficção no ano de 2008.
O terceiro e último núcleo retrata o período ditatorial na Republica Dominicana entre 1930 a 1961, considero o mais rico dos três. Principalmente pelo perfil biográfico que constrói de Rafael Leónidas Trujillo Molina, como bem destacado no decorrer do livro, senão o mais bárbaro, um dos mais violentos ditadores que já existiu na América Latina.
O perfil de Trujillo, quase que um espectro na vida do dominicano, é desenvolvido a partir de longas notas de rodapé. Inicialmente estas notas podem ser recebidas com enfado, mas aos poucos as percebemos como um suporte histórico do próprio universo sanguinolento no qual transita a narrativa. As longas notas, aos pouco passam a soar como aforismos. Até que, retomando Umberto Eco em seus comentários sobre Alex Falzon, o aforismo adequadamente utilizado na literatura, sobressai para além do autor e da obra em si. Ganha sentido próprio de verdade. Isto é o aforismo como tal em seu conceito definido e firmado teoricamente. Principalmente no que diz respeito ao objetivo final do aforismo de que ele significa uma verdade incontestada e para além do seu autor.
Mais interessante ainda é que na sequência do texto de Umberto Eco, no livro em questão também temos o que é apontado como o mais difícil de construir na literatura. O paradoxo em seu significado maior.
“Então, aforismo seria uma máxima que pretende ser reconhecida como verdadeira, embora pretenda parecer arguta, enquanto o paradoxo se apresentaria como máxima prima facie falsa que, somente depois de madura reflexão, parece destinada a exprimir aquilo que o autor considera como verdadeiro. Por causa do hiato entre as expectativas de opinião comum e a forma provadora que assume, acaba por ser arguta.
Trujillo assim aparece em suas descrições pelo autor e ganha vida no interior da obra. Esta situação é marcante no desenvolvimento do texto.
Os personagens que circulam no entorno, ou relacionam-se com Oscar Wao, aproximam, sustentam ou negam a imagem ou rastro produzido por Trujillo. De forma muito interessante, os momentos em que Trujillo é desenvolvido pelo escritor, não está diretamente relacionado com as desgraças que assolam as vidas dos mesmos. Ao que parece as desgraças desdobram de Trujillo, como se ele fosse um ente fátuo sobre o povo dominicano. As pessoas caem em desgraças mais pelo posicionamento psicológico de permissividade, sócio político da situação da sociedade que pela ação direta do ditador.
O entrelaçar destes três momentos narrativos do livro o torna extremamente rico. Em seu termino nos vemos envolvido em profunda reflexão sobre os fundamentos teóricos da literatura mais complexa.
Podemos sentir a literatura como processo reflexivo ancorado nas experiências concretas de seus personagens ou mesmo do autor. Certificamos que não existe texto sem contexto. Comunicação, para assim firma-se como tal, deve ser mais que um momento histórico untado pelo talento do autor. Mais também deve carregá-lo e redimensioná-lo em seu interior. Texto e contexto. Melhor um que outro na condizente produção intelectual de comunicação. Um momento histórico so tem sentido contextualizado no tempo e espaço pelo braço intelectual do autor. Meu sangue só sairá no fim de tudo ou assim me parece obra e autor. Mais o “tudo” é o entorno do autor que a obra deve viver para além do seu sangue. O viver da obra é mais que o do autor, é o sobreviver, sobrepor ao criador. Aquilo que conhecemos como além paraíso. De quem não podemos saber como sobreviverá. O verdadeiro sentido da intertextualidade.
Assim podemos sentir um dos princípios básicos da literatura moderna ou o seu poder de instrumentalização intertextual na observação do entorno social em que se movimenta o autor e sua obra. Nesta dimensão intertextual acontecem as interfaces de elementos psicológico, sociológico, ou da organização social, econômica e política, que sustentam a orientação estética da historicidade da obra.
A intertextualidade é mais que painel cultural de diferentes elementos estruturais da comunicação produzida pelos homens daquele momento histórico. Retomando Cervantes em seu prólogo em Don Quixote de La Mancha, quando interrogado pelo amigo sobre o uso complexo de poemas e outras citações de autores no interior de narrativa acentua a importância de uma obra sustentar-se em referencias de outras, muitas vezes mais significativas.
A sustentação estética do autor pode ocorrer a partir de paralelismo ou referências a autores ou estruturas canônicas. Obras significativas referenciam outras, mais a utilização tem sentido para além da simples contemplação. Buscar o novo ou no mínimo procuram superar os cânones. Mais que argúcia do autor o desdobrar dos cânones nos conflitos sociais do contexto histórico. Verdades em ternos de redefinição para além do autor e da própria obra que assim toma vida e também passa a protestar qualquer estado de ingerência da humanidade.
Este é um grande predicado do livro “A Fantástica vida breve de Oscar Wao” de Junot Díaz. O leitor pode perceber o quanto Junot Díaz aproximou-se deste fundamento teórico construído pelos grandes pensadores. Com certeza, o livro é um espaço importantíssimo no estudo do que na atualidade procuramos entender como Intertextualidade literária, se é que isto existe separadamente em algum lugar.
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Ulysses.Rubin 25/03/2014

Inesquecível
Que preciosidade!

Li A Fantástica Breve Vida de Oscar Wao há três ou quatro anos, mas lembro-me de muitas passagens. Recordo o primeiro pensamento que passou por minha cabeça quando o fechei: este livro é a cara do século XXI.

Nosso herói nasceu na República Dominicana, mas seu nome é referencial a um dos grandes nomes da literatura em lingua inglesa. Os elementos mais importantes para a contextualização da história (fuku, Trujillo) pertencem à cultura de seu país de origem, mas a interferência do protagonista sempre vem acompanhada de referências típicas da cultura popular norte-americana. Todo o livro é pontuado por essas dualidades, inerentes ao nosso tempo. É informativo e fantasioso, engraçado e triste, pop e erudito.

Oscar é um personagem fascinante, o mais azarado dos heróis. É impossível não torcer por ele. Há um momento de ambígua redenção, que me fez sorrir e lacrimejar ao mesmo tempo. Uma das muitas provas da complexidade e humanidade do trabalho de Junot Diaz.

Recomendadíssimo!
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