Juh Lira 05/03/2015"O Sangue do Olimpo" (ou porque eu estou frustrada)Ainda não sei exatamente o que pensar a respeito do último livro da série Os Heróis do Olimpo, que com este último fecha o ciclo de cinco livros da batalha dos semideuses romanos e gregos para combater a mãe-terra Gaia. Seguindo uma construção de enredo e desenvolvimento diferente da série anterior, Percy Jackson & Os Olimpianos, as histórias foram narradas por pontos de vistas diferentes pelos sete semideuses da Profecia (Percy, Annabeth, Piper, Jason, Hazel, Frank e Leo).
O que eu esperava ser um último capítulo digno e épico para toda a história incrível construída desde o final do O Último Olimpiano, acabou tornando-se uma decepção para mim como leitora e fã do autor e da série. Não sei explicar o que exatamente aconteceu, mas eu diria que provavelmente pela primeira vez, tio Rick escolheu o caminho mais fácil e óbvio para resolver o conflito armado durante toda a saga, o que explica a minha decepção com o final frustrante.
Eu esperava mais. Bem mais. Estamos falando de dois acampamentos (grego e romano) com regras diferentes, costumes diferentes unidos para combater a inimiga de todos os olimpianos - Cronos perto de Gaia é um grão de areia que irrita os olhos. Ou seja, não é nada. O que eu senti é que havia uma pressa para finalizar história, enquanto que capítulos desnecessários poderiam ter sido melhor aproveitados para este fim.
A narração de Jason e Piper infelizmente foi outro problema, mas isso já é mais pessoal. Leo foi único que me arrancou gargalhadas e sorrisos bobos pelo seu jeito brincalhão e descontraído, enquanto que a falta de carisma de Jason e Piper me entediou em boa parte de seus pontos de vistas narrativos. Amigos próximos sabem que os dois são os que eu menos gosto de todos os sete, então imagina a tortura... Porém eu aplaudo a evolução da Piper como personagem, embora o uso da sua recém-descoberta confiança e poder foram exagerados, o que deixou as outras duas garotas, Hazel e Annabeth, totalmente na sombra. Mesmo assim, ela continua uma personagem sem sal e o Jason continua sendo um chato para mim #notsorry.
Refletindo, eu entendo que minha antipatia com o casal não ajudou nos meus sentimentos ao finalizar a leitura. Tenho consciência que Percy e Annabeth tiveram bastante destaque assim como Hazel, Frank, Leo, Nico e Reyna durante toda a série, enquanto que Jason e Piper sempre ficaram mais na penumbra, em um sub-plot não tão emocionante como os dos seus colegas do Argo II. É justo os dois terem mais destaque no último livro, mas isso não quer dizer que eu achei bom, right? Porque ao meu ver os dois foram personagens mal desenvolvidos e contraditórios em si durante toda a série, o que culminou no "desastre" narrativo durante este último livro.
Infelizmente, eu não consegui sentir a mesma emoção comparado com as borboletas no estomâgo que se apossou de mim durante a leitura de O Filho de Netuno, por exemplo. (Ainda é o meu favorito de toda a série, apesar de A Marca de Atena e A Casa de Hades não ficarem muito atrás, o que deixa O Herói Perdido e O Sangue do Olimpo nos últimos lugares).
Entretanto o livro teve os seus melhores momentos com as narrações de Reyna e Nico, dois personagens intrigantes e muito complexos com passados dolorosos e sombrios. Incrível como Nico amadureceu em tão pouco tempo e aprendeu a se aceitar mais, isso incluindo o relacionamento pai-filho com o deus Hades. Reyna apertou o meu coração por todo o sofrimento que o autor revelou sobre o passado dela, mas o meu respeito e admiração por ela só aumentou por sua bravura e coragem. Dois personagens que possuíam solidões diferentes mas que compartilharam forças - tio Rick acertou em cheio ao unir os dois em missão juntamente com o engraçadíssimo treinador Hedge que serviu como um prazeroso alívio cômico no meio de tanta tensão.
(É uma pena que nenhum dos dois foram um dos sete semideuses da profecia, faria muito mais sentido do que Jason/Piper #haterdected)
A aparição das Caçadoras de Artémis e das Amazonas foi um bônus muito bem vindo, porém a participação delas foi muito pouca - elas poderiam facilmente ter aparecido uma última vez na batalha final, não entendi porque elas simplesmente sumiram depois alguns capítulos. A amizade (quase que instantânea) entre Annabeth e Piper também foi bastante interessante ao ver os dois pontos de vistas diferentes das semideusas e seus modos opostos de agir.
Entretanto eu senti falta de mais interações entre personagens tais como Hazel-Nico, Hazel-Leo, Percy-Leo, Percy-Annabeth, Hazel-Frank, Frank-Leo, Annabeth-Hazel, Annabeth-Frank, Percy-Hazel etc., que eu aprendi a adorar nos livros anteriores e que neste último praticamente foram nulas. Eu não me recordo de isso ter acontecido nos outros livros; sempre em alguma passagem ou outra esses personagens tinham seus momentos de destaque, muito diferente deste último.
Um comentário sobre Percy e Annabeth: depois de todo o trauma e perrengues que eles passaram no Tártaro em A Casa de Hades, é inaceitável para mim os dois parecerem tão out of characters neste livro. Just.......
E o final? Adoro finais Disney onde tudo dá certo e cheios dos clichês que todo mundo ama, mas para funcionar tem que ter um bom desenvolvimento durante todo o livro. Foi tudo simples demais e rápido demais e quando pisquei, já tinha acabado a batalha - houve momentos emocionantes entre Nico, Will e Octavian, sem mencionar Leo. Mas só disso que eu me lembro com carinho, porque o resto.... Parece que o tio Rick esqueceu de narrar :(
No geral, somente uma boa leitura, mas um livro fraco para uma série tão legal e tão cuidadosamente pensada e narrada. Impossível não sentir desapontada.
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