João Marcos 25/01/2023
Difícil de muitas formas
Os Sertões tem um texto denso, com um português rebuscado e descritivo demais, a narrativa é muito jornalística e científica. Esses fatores aliados tornaram esta a leitura mais difícil que já fiz.
Com certeza o maior trunfo do livro é a riqueza descritiva sobre uma das maiores guerras civis do Brasil, a Guerra de Canudos. Tendo presenciado parte da campanha, Euclides da Cunha não poupou detalhes sobre o conflito. É claro o despreparo total do exército brasileiro para enfrentar os discípulos de Antônio Conselheiro e o quão desproporcional foi a repressão do governo na intenção de fortalecer a República recém instalada.
O livro é basicamente dividido em três partes, a saber, A Terra, O Homem e A Luta. Em A Terra, a leitura já começa desafiadora, com longas descrições sobre a geografia local, usando muitos termos científicos. O único respiro para mim nessa parte do livro foram as descrições do autor sobre a flora local, apenas porque pessoalmente me interesso por botânica. Quanto à segunda parte, O Homem, é a mais incômoda. Quando trata sobre os sertanejos é o momento no qual o autor mais faz afirmações racistas e de determinismo racial. Difícil. Por fim, o livro encerra com a descrição do conflito em A Luta. Uma parte extremamente descritiva com estratégias e formações militares e repetitiva, já que a campanha do exército custou a suplantar os homens do Conselheiro.
É sem dúvidas um livro importante por tratar da Guerra de Canudos tão profundamente e também para entender o pensamento da época, baseado no determinismo racial que não era exclusividade de Euclides da Cunha. Ainda assim, é um livro muito difícil, não recomendo a leitura para quem não está ciente de tudo que vai encontrar.