Núbia Esther 23/09/2013Em 2007, em um aeroporto em Montreal, Guillaume Musso acabou trocando por descuido seu celular com uma desconhecida. O evento poderia ter se restringido apenas ao incômodo de ter que providenciar a troca dos aparelhos, mas Musso percebeu ali um estopim que poderia render uma boa história. E é assim que começamos a enveredar pela trama de O Chamado do Anjo.
Madeline Greene é florista em Paris e estava em Nova Iorque em uma viagem romântica com o noivo. Jonathan Lempereur tem um pequeno restaurante em São Francisco e estava em NY apenas para buscar o filho para as férias de final do ano com a ex-mulher. Madeline e Jonathan nunca haviam se visto, mas no aeroporto lotado eles se esbarram, espalham suas coisas pelo chão e após uma breve discussão seguem o seu caminho. Talvez jamais se vissem novamente, mas ao recolherem seus pertences acabaram trocando os aparelhos celulares e quando perceberam a confusão já estavam distantes mais de dez mil quilômetros um do outro.
“Aparentemente, não há nada efetivamente comprometedor, mas você sabe muito bem que as aparências enganam.
(…)
Com a testa grudada na vidraça, observa as luzes que ainda brilham na noite dizendo que do outro lado da cidade, um homem talvez esteja com os olhos pregados na tela do seu celular, explorando prazerosamente o lado obscuro de sua vida privada e vasculhando metodicamente as entranhas do aparelho em busca de seus dirty little secrets.”
Os celulares alheios, utilizados inicialmente apenas para combinar a troca dos aparelhos, acabam tornando-se alvos de pequenas indiscrições. Jonathan vê algumas fotos, Madeline ouve uma mensagem de voz… Sem perceber acabam fascinados pela vida um do outro e cada vez mais determinados a desvendar seus segredos. No início o romance de Musso vai se delineando como uma típica história romântica, e os diálogos implicantes de Madeline e Jonathan, mesclados pelo interesse mútuo mal disfarçado nos levam facilmente a essa conclusão. Só que o autor tinha mais planos para essa história, tem romance sim, mas também sobra espaço para uma trama investigativa. Introduzindo alguns mistérios, um passado torturador e elementos conspiratórios, Musso carrega sua narrativa de tons mais sombrios e um ritmo frenético.
Indo e voltando no tempo, ora com Madeline, ora com Jonathan, Musso vai desvendando o intricado quebra-cabeça envolvendo a vida dos dois. Aos poucos ele vai casando os enigmas de sua história com propriedade, preenchendo lacunas e iluminando caminhos que lhe deixam no afã para descobrir qual será a conclusão da trama. Com personagens cativantes e um mote original, Musso criou um thriller de tirar o fôlego, sem se esquecer de enfatizar os relacionamentos e o lado psicológico da trama. O Chamado do Anjo foi uma ótima leitura, daquelas impossíveis de largar. A mescla de romance e suspense mostrou-se uma ótima combinação e Musso entrou para a lista de autores que merecem ter sua carreira acompanhada.
[Blablabla Aleatório]
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