Conchego das Letras 16/05/2017
Resenha Completa
Que saudade estava de falar mal de um livro. Definitivamente eu demorei para ler e gostar de A Redenção. Já já explico a razão.
Novamente Fabiano Morais se esmerou na adaptação do academicismo e dos termos menos usuais para nossa língua, a tradução não deixa a desejar, assim como não dá aquela sensação forçada na leitura. Papel, fonte e diagramação também são no mesmo padrão dos anteriores, ou seja, muito bons.
Então do que você não gostou, tia Bel? Simples, Sylvain vinha em um crescimento, criando personagens cativantes e envolventes, que tinham uma profundidade psicológica – sinceramente, nunca entendi as pessoas que insistem em comparar esse tratado de psicologia com aquela coisa chinfrim de 50 tons, mas enfim... cada um com seu cada qual.
Voltando... Sylvain criou, nos dois primeiros volumes, a despeito da profundidade psicológica ser ou não arrastada, duas pessoas coerentes e que se desenvolvem durante a passagem de tempo:
Julianne sai de uma menina assustada e traumatizada para uma mulher sensual e segura de seus pensamentos. Seus questionamentos são coerentes e sensatos, baseados em lógica e observação.
Gabriel também sai de seu casulo, deixa de ser um rabugento para se tornar um romântico apaixonado que recita poesia em um pomar, mas que ainda mantém seu pedantismo.
Eles não criam outras personalidades, apenas deixam, como quando cobras trocam de peles, seus medos e problemas, aprendendo a viver como um casal.
Isso até o livro 3. A conclusão da trilogia deixa muito a desejar quando Sylvain renega tudo o que construiu até aqui e volta a uma Julianne medrosa, confusa e sem voz própria, que apenas quer rebater o que apresentam a ela sem parar para pensar ou ponderar. Gabriel não fica atrás, não usa mais a sensatez ou o raciocínio lógico para tomar decisões; age como um animal, guiado apenas por instintos.
O livro é ruim? Se analisado sozinho não, mas quando comparado com os outros dois, deixa muito a desejar em termos de envolvimento com os personagens.
Julia e Emerson mereciam um final mais digno, na minha opinião.
Recomendo a leitura para quem quiser saber o final da série, mas não é o melhor do autor. Chegamos ao final da história do Professor Emerson e sua mulher, só que isso não é o final... Ainda teremos algumas receitinhas baseadas nos livros, porque Sylvain, além de nos apresentar a literatura clássica e alguns dos pintores mais famosos do mundo, ainda é responsável por jantares interessantes. Ficaram curiosos? Aguarde... Em breve!
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