Marc 05/03/2022
Esse livro me achou e mesmo sendo infantil e curtinho, decidi arriscar. “Uma releitura de Pinóquio pode ser interessante”, pensei. E lá fui eu, com o livro debaixo do braço, feliz e pensando que mesmo que a leitura fosse curta, não poderia ser ruim. Mas, não há texto, personagem ou símbolo que o progressismo toque e não deturpe. Basicamente, esquecendo toda a questão do amor e desenvolvimento da personalidade que torna Pinóquio humano, surge uma pequena fábula sobre a constituição da identidade no confronto com o espelho e com o outro — até a aceitação de quem se é. Muito psicanalítico, Lacaniano, até. Então, não se trata mais de aprender com o mundo, escapar de suas armadilhas e amar, mesmo que tudo na vida indique a direção contrária; agora se trata apenas de se afirmar, aceitar aquilo que se é, inclusive em sua falta de humanidade, para depois sair modificando o mundo. Apenas as ilustrações são realmente bonitas, por isso não considerei uma total perda de tempo, mas estão, obviamente, condicionadas pelo texto. Não entregue isso para seu filho, prefira o original e leia para ele, interpretando os personagens.