Katharina.Pedrosa 30/01/2024
Que menino insuportável
A obra de Collodi apresenta notáveis divergências em relação à animação da Disney, contudo, guarda grande semelhança com a versão de Guillermo Del Toro. Nesta edição, contamos com uma tradução direta do italiano, e, em minha perspectiva, isso proporcionou uma leitura fluida, mesmo considerando que o texto foi originalmente redigido no século 19.
Sobre a história, Gepeto ganha um pedaço de madeira falante e decide transformá-lo em marionete. Só que esse menino- marionete (ou marionete-menino) já tem vida: sai falando, andando e se metendo em confusão.
Logo nas primeiras páginas, Pinóquio esmaga o grilo falante com um martelo. E em outro momento, dorme perto de uma fogueira e as pernas viram cinzas. Então, não acho recomendável para crianças
Tive muita dó do Gepeto, que é muito pobre, e vende suas próprias roupas para comprar os livros didáticos de Pinóquio. Que na primeira oportunidade vende os livros, pega o dinheiro e sai se divertindo pelo mundo. Nessas andanças, Pinóquio passa pelo teatro de marionetes, encontra a raposa e o gato ( que além de roubá-lo, tentam matá-lo), conhece a fada azul ( que é o terror da pedagogia). Cada capítulo, segue a mesma fórmula: Pinóquio desobedece - se dá mal - sofre a consequência e a aventura é concluída, o que torna a história um pouco repetitiva. Demora para que ele retorne a Gepeto e se redima, para conseguir realizar o sonho de ser um menino de carne e osso.
Minha personagem favorita foi a Fada Azul, que simulou sua própria morte diversas vezes quando Pinóquio necessitava de sua ajuda, tudo para ensinar-lhe uma valiosa lição. Adicionalmente, há uma cena em que Pinóquio está enfermo e reluta em tomar seu remédio. Nesse momento, a Fada Azul ordena que o coloquem em um caixão, argumentando que se ele não tomar o remédio, aquele será o seu destino. Mesmo que ela use métodos duvidosos, foi ela quem mais ensinou as lições que Pinóquio precisava aprender, sobre: obedecer ao pai, estudar e não confiar em estranhos. Então, depois que finalmente fez por merecer, Pinóquio realizou o sonho de se tornar um menino de carne e osso.
"É porque, nós meninos somos todos assim: temos mais medo dos remédios do que das doenças"