spoiler visualizarJuan.Victor 15/10/2019
Melhorou
(SPOILER DE MAGO APRENDIZ NA SINOPSE *Primeiro parágrafo apenas*) O livro continua a história do jovem Pug. Agora, escravo dos tsurani a 3 anos, ele é descoberto como um mago e levado para completar seu treinamento em um mundo em que os magos são infinitamente mais valorizados. Para isso se concretize, de fato, Pug deve jurar lealdade ao Império Tsurani. Seu melhor amigo, Tomas, se encontra a quilômetros de distância, em um mundo diferente, lutando contra os invasores como nenhum outro guerreiro e ganhando notoriedade entre os elfos e anões. Sua maestria em combate tem relação com a armadura encantada que veste. Para usá-la, Tomas arisca-se a perder sua própria humanidade. Arutha, Príncipe de Crydee, luta desesperadamente contra os invasores e tambem traidores oportunistas pela guerra para salvar seu reino.
Apesar desse livro aumentar o protagonismo de Pug, ele ainda não é o melhor personagem, nem o mais bem desenvolvido. Você acompanha sua evolução de forma bem rápida e misteriosa e o lado mais interessante de sua trama, é sua obrigatoriedade e devoção ao Império inimigo de seu povo. Essa dualidade não é o foco total, mas quando ela desabrocha no final, é interessante. Já os romances desse livro são péssimos e muito incoerentes. Pug, que no primeiro livro temia muito a paixão desesperada e apressada da filha do duque por ele, aqui se mostra um garoto que quer se casar logo no primeiro encontro sem qualquer motivo aparente. Tomas que tinha uma paixão de adolescente por Aglaranna, a rainha dos elfos no primeiro livro, se torna seu amante. Um ser de idade tão avançada, que já foi casada e agora é viúva, tem uma experiência e conteúdo que não é mostrado em NENHUM momento, e aceita ser amante de alguém tão arrogante e temeroso quanto Tomas que cada vez mais ganha feições de uma raça que já escravizou a raça dos elfos, o que explicaria Aglaranna teme-lo ou questiona-lo, mas isso não acontece, sobrando para os outros regentes elfos com muito mais sensatez, questiona-lo sobre seus atos e futuras decisões. Em nenhum momento a grande Rainha dos Elfos se mostra imponente ou destemida, ela simplesmente se apaixona a primeira vista por Tomas após este se tornar um grande e musculoso guerreiro usando uma armadura magica e misteriosa. Tomas aos poucos vai se transformando em algo além de um humano, praticamente ganhando feições de uma antiga raça que já escravizou elfos em um passado distante, e este fardo, arrogância mágica e mistérios envolvendo sua armadura e seu papel no reino vão ganhando espaco aos poucos, mas não chegam a uma conclusão satisfatória. Amo personagens femininas, mas personagens femininas genéricas e estereotipadas são totalmente dispensaveis, e não é só Aglaranna que se torna descartável aqui, mas a própria irmã de Arutha e filha do duque, a antiga paixão de Pug, Carline, se torna uma personagem vazia e fraca neste livro. Ela que cresceu no final do primeiro e deixou de ser uma personagem boba, gerou muita expectativa que não é recompensada nesse volume, aparecendo muito menos que no primeiro e de formas totalmente esqueciveis.
De longe Arutha se mostra o melhor personagem da saga e talvez seja por isso que Raymond foque o terceiro livro nele. Arutha é o mais humano e menos bobo em suas decisões. Carismático, jovem e impulsivo, Arutha vive a mais de 3 anos tentando manter Crydee segura e isso o amadurece, fazendo com que você torça por ele e entenda sua maneira de pensar antes de tomar as decisões. É perceptível o crescimento dos personagens depois de tantos anos, mas mesmo após tantos anos, parecem que ainda tomam decisões bobas. Aglaranna prova que idade não é sinônimo de sabedoria (deveria ter percebido isso a tempos). Tomas com certeza é o personagem menos carismático entre os três ao meu ver. Totalmente estereotipado, com pouca personalidade, agora um guerreiro extremamente hábil (praticamente da noite para o dia), amante de uma rainha dos elfos boba e passiva, com conflitos muito mal explorados mas que não deixam de ser interessantes. Este livro tem um final mais digno que o primeiro, e no geral acaba sendo mais interessante que seu predecessor, mas ainda assim volto a repetir que não vale o esforço. Há sagas melhores, com personagens e acontecimentos mais empolgantes. A escrita continua leve e bem dinâmica como no primeiro livro. Escrever bem é característica de Raymond, mas não é suficiente para prender quando personagens tomam decisões que não convencem o leitor. Após ler o primeiro e segundo volume desta saga, só tenho frustrações, infelizmente.
Observação/desabafo:
O que me levou a ler esses livros? Eu ganhei o primeiro volume de aniversário uma certa vez e começando a lê-lo achei interessantissimo a ideia de um universo colidindo com outro, ou no caso, dois mundos colidindo por portais mágicos. Isso é bem interessante e instigante no começo, mas o problema dos personagens e a falta de magia e protagonismo do próprio protagonista me tiraram a vontade de continuar lendo esta saga. No começo achei que ela seria pé no chão, quando li Eragon, da saga Herança, e Eldest também, sempre me perguntei o que seria daquele mundo se descobrissem que depois do mar havia outra civilização, outra raça. Seria como os europeus descobrindo as Américas? De que forma isso se daria? Nesta saga vemos um pouco disso e isso me fez continuar lendo. A ideia é interessante, mas de ideias boas tem-se várias, só acho mal executada e no final a única coisa que lembro é da ideia, porque falta personagens e acontecimentos mais memoráveis e o principal, MAGIA e tudo que a relaciona. A magia não é o foco, é apenas um subsídio, quase uma desculpa, para história acontecer aqui.