A desumanização

A desumanização Valter Hugo Mãe




Resenhas - A desumanização


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Sara.Marques300 01/03/2020

Repeti: a morte é um exagero. Leva demasiado. Deixa muito pouco.
Contexto geográfico: Islândia (Vilarejo de pescadores)
Impressão: poético e profundo

A desumanização, conta a história de uma menina que aos 11 anos, a Eudora, perde a sua irmã gêmea (Sigridur). Desolada pela morte de sua mais fiel companheira, tem que aprender a lidar com a "morte", e o caos que ela causa. Esse é seu maior desafio.

"O meu pai, que era um nervoso sonhador, abraçou-me brevemente e sorriu. Um sorriso silencioso, o modo de revelar ser tão imprestável quanto eu para o exagero da morte. Comecei a sentir-me violentamente só". 344

Dentro de casa, sua mãe entra em um processo de negação tão grande, que encontra na mutilação um meio para lidar com a dor da perda da filha. O pai meio aéreo a isso tudo, tenta a sua maneira ajudar sua esposa e sua filha, mais fica nítido ao longo da história que ele também precisava de ajuda.

"Devias morrer, dizia ela ao deitar. A tua irmã está sozinha e não te pode vir acompanhar. Mas tu podes. Tu podes chegar à morte com tanta facilidade... Se não te acautelares, morres distraída. E eu respondia: não me peça para morrer mãe... O único longe para ti há de ser a morte. Perto da sua irmã".

Outros personagens compõem a história, alguns até desnecessários. E um deles, é o Einar, que com o decorrer do livro você percebe que apesar de ser bem mais velho que a personagem principal, quase da idade do pai dela. Ele tem comportamentos meio infantilizados. É juntamente com Einar, que umas das cenas mais impactantes é narrada. Dá uma boa reflexão/discussão.

"Einar dizia: a menos morta gosta de mim. Eu tinha pena do Einar".

"Menos morta", era como ela era conhecida. "Sofro por ti, e sofrer por ti ainda é a felicidade que me resta".

O processo de DESUMANIZAÇÃO, narrado.
"Desumanização, porque por muitas vezes para sermos considerados mais humanos, precisássemos ser menos humanos". (Valter Hugo Mãe).

Curiosidades: significado do nome das meninas
Eudora: resto.
Sigridur: esposa, ou a noiva, amada e bela.
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Bookster Pedro Pacifico 01/03/2020

A desumanização, Valter Hugo Mãe – Nota 9,5/10
Acho que é impossível ler apenas uma obra de Valter Hugo Mãe. O autor, um dos meus favoritos, consegue entrelaçar narrativas simples, mas intensas, com uma escrita impressionante. É como sempre falo: parece que cada palavra foi escolhida a dedo. Em A desumanização, essa fórmula se repete. Acompanhamos uma história contada por uma garota de 11 anos, logo após a morte de sua irmã gêmea. É a morte e o luto a partir da perspectiva de uma criança. Acostumada a compartilhar tudo com sua irmã, desde o nascimento, a dificuldade encontrada é em como viver como uma só. Halla passa ser a metade de um inteiro, a “irmã menos morta”. Diante desse episódio tão marcante, a protagonista passa a descobrir os segredos da família e do vilarejo em que vive. Não é uma leitura fácil, até mesmo pela sua alta carga poética. Alguns trechos exigem mais de uma leitura, mas aos poucos você se acostuma e acaba engrenando no ritmo e estilo do autor. O cenário melancólico de uma Islândia congelante consegue dar ainda mais profundidade à obra. “A máquina de fazer espanhóis” e “Homens imprudentemente poéticos” ainda são os meus livros favoritos do autor. Mas, como disse, todos os livros do autor merecem ser lidos!

site: https://www.instagram.com/book.ster
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ThiagoCalado 20/02/2020

A desumanização
Livro incrível textos racionais, de tirar o sossego do leitor. Vou demorar dias para digerir esse livro.
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Viviana.anjos 20/02/2020

Amei esse livro
A única coisa que eu tenho a dizer é que esse livro é maravilhoso...
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Jorge 09/12/2019

Dor
O sofrimento escrito de uma forma poética. Meu primeiro contato com o Valter Hugo e já me deparo com essa obra de arte. Uma mistura de sentimentos que não consigo decifrar. Fantástico. A leitura desse livro foi uma experiência incrível.
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Edna 29/09/2019

A dor incompreendida
"A humanidade começa nos que te rodeiam, e não exatamente em ti."

A história se inicia com o sofrimento de Halls, de 11 anos que acaba de perder sua irmã gêmea, e faz com que sua vida passe a ser a convivência com a dor, a mãe está totalmente inconformada e joga esse peso com um misticismo em cima da criança que já sofre com a dor, fazendo com que Halla, como a chamam, passe a imaginar que realmente a alma da irma morta a pertença e é nesse clima melancólico, triste e mórbido que seguimos com a inconformidade da Mãe,
que segue uns rituais, com os quais tenta amenizar a dor, mas deixa o clima muito tenso e por outro lado o Pai que procura amenizar a dor se ocupando com trabalhos artesanais e com palavras, com poesia tentando abrandar todo sofrimento psicológico e físico.

"O meu pai impedia-me de chorar pelo ofício da racionalidade."

Uma maturidade que forçada, crianças que como Halla vivem as barbárie e todo o processo pelo sofrimento pela sobrevivência em um mundo destrutivo nessa desumanização.

#Minhasimpressões

Uma Obra com uma narrativa crua que narra a dor e o Autor usa uma poética crua que fez lembrar Mia Couto em "A menina sem palavras" e alguns contos de "A confissão da leoa" que consegue narrar a dor através da Poesia, sendo que Mia Couto consegue suavizar essas dores e VHM, libera diretamente e o Leitor use como melhor lhe convier, pode gritar nos seus abismos ou simplesmente sentir e transpor.

Meu primeiro contato com as obras do Autor, achei reflexivo e com muitos trechos para pausar, sofrer com a personagem e crescer com toda a libertação pela compreensão e perdão.

"Os poemas são instintivo, eu disse. ..As vezes um poema sente-se como um candeeiro dentro da cabeça."

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Tibúrcio 25/08/2019

A Desumanização
Quem nunca, na infância, brincou em frente ao espelho fazendo caretas, usando roupas dos nossos pais, brincando de entrevista ou, apenas, se admirando? Vamos nos descobrindo e observando nossas mudanças ao longo do tempo. Então, chega aquele momento que nos cansamos de nossa imagem, ou melhor, não nos reconhecemos mais. Estamos apenas diante do espelho, fazendo o “jogo do sério” buscando no olhar algo em comum.

A Desumanização, de Valter Hugo mãe, é um livro que traz essa sensação de sentir-se estranho. É continuarmos diante do espelho e ver nosso reflexo ganhando vida. Uma sensação inexplicável para contar uma história simples: em uma aldeia de pescadores na Irlanda, onde Halldora, aos onze anos, perde sua irmã gêmea Sigridur. Pela primeira vez na vida, Halla está sozinha e precisando conviver com a brutalidade de sua mãe, que não sabe lidar com essa perda e por isso, castiga – e se castiga – de todas as formas possíveis a “irmã menos morta”, aquela que sobreviveu, além dos comentários dos aldeões acreditando que Halla também deve ter o mesmo destino da irmã. No decorrer do tempo, a criança constrói um porto seguro em si mesma, as memórias de sua irmã guardadas no coração. Passa a visitar o alto da montanha onde Sigridur foi enterrada como “uma criança plantada”. É também nos versos do pai que ela encontra algum consolo e na afeição de Einar, um rapaz que aparentemente sofre de transtornos mentais. Halla vai crescendo lentamente, com o espírito pesado pelas perdas e sofrimentos pelos quais passa e, aos poucos, a menina vai perdendo espaço para uma mulher prematura que a muito perdeu o brilho da vida.

A narrativa segue um tempo próprio, analógico e sem plot twist. Mãe retrata delicadamente o sofrimento infantil sob o cinza da Irlanda em meio aos seus montes e fiordes. Halla é, praticamente, abandonada no frio do seu luto, enquanto a mãe irrompe em sofrimento e ódio, e o pai observa condescendente. É nesse momento que Halla rompe seu cordão umbilical que a liga a infância, distanciando-se das promessas de fidelidade aos sonhos de sua irmã e buscando se construir através de suas dores. Aprende com o pai que a existência de algo depende de outra pessoa para que esta reconheça sua existência e chega à conclusão de que sua construção dar-se-á pela exclusão a tudo o que Sigridur representa.

Essa descoberta é fundamentalmente feroz ao consideramos essa transição por qual Halla passa – da infância à adolescência – durante todo o livro. Halldora carrega o espírito da irmão como uma cruz, porém, aos poucos, ela aprende a definir-se como uma pessoa em si que tem suas vontades e particularidades e é aí que Halla começa a se enxergar como um reflexo da imagem de sua irmã e que passa a ganhar vida própria.

Durante a leitura deste livro nos fazemos várias perguntas: Onde um indivíduo começa e outro termina? O que nos define enquanto pessoas? Quem somos e o que somos? São perguntas que não ser responde completamente porque simplesmente não há algo completo para essa questão. Descobrimos que Einar deve sua deficiência mental a uma tragédia, e não podemos deixar de nos perguntar como seria ele caso não tivesse passado por isso. A própria Halla? Seria esse ser tão fechado e silencioso que é caso não tivesse perdido sua irmã? Sua mãe? Seu pai? Como seriam se Sigridur estivesse junto deles?

A escrita de Valter Hugo Mãe é simples e sem filtros, como a fala de uma criança, porém há o peso e a dor de uma sinceridade de algo traumático que só quem passou consegue sentir tão intimamente. Dizer que a leitura é fácil e rápida – já que o livro tem pouco mais de 180 páginas – seria um erro; os parágrafos são extensos, não há marcações de diálogos, mas a poesia portuguesa nesse texto torna essa leitura uma experiência incrível.

A Desumanização já havia sido publicada aqui pela extinta, mas amada Cossac Naify, que possuía edições primorosas. Esta edição é da Biblioteca Azul, com um ótimo prefácio do Leandro Karnal, mas o destaque fica para as ilustrações do Fernando Lemos, que conseguiu transformar o texto nessa arte linda dando ideia de imagens distorcidas e refletidas em cristais de gelo. Confesso que me incomodou um pouco a falta de orelha no livro e a tinta nas páginas porque com o manuseio elas vão desaparecendo, mas não tira a beleza do livro.
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Vitória. 02/08/2019

"Só existe a beleza que se diz", obrigada por nos "dizer" e assim partilhar conosco a beleza de A Desumanização, VHM.
Nossa, que livro bonito! É o primeiro contato que tenho com o Valter Hugo Mãe e a escrita poética dele foi uma surpresa muito boa pra mim. A sinopse diz basicamente tudo sobre a história, o livro apenas se aprofunda mais nos sentimentos das personagens, na Islândia e em dois ou três anos após a morte da gêmea. É tudo muito bonito e triste.
Pesquisei algumas imagens do lugar onde a história se passa e entendi a vontade da fuga de uma jovem que viveu a vida toda ali e quer conhecer mais do mundo. No entanto, fico muito agradecida por ter tido contato com um lugar que nunca antes fora projetado na minha mente, eu amo que é isso que os livros nos proporcionam, visitar no inconsciente lugares tão longes e distintos da nossa realidade. É quase impossível não querer estar presente de corpo e alma, pelo menos uma vez na vida, nos fiordes do oeste islandês depois de conhecê-los, e fico feliz que se um dia me for permitido essa visita, é da Halldora, do Einar, da Sigridur, da morte, da perda e desse livro maravilhoso que lembrarei
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Ellen - @anotacoesliterarias 26/06/2019

Melancólico e poético
A desumanização de Valter Hugo Mãe é um livro sobre o luto e tem uma narrativa melancólica, triste e poética.
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Ele é narrado em primeira pessoa por Halla, uma menina de 11 anos que está sofrendo a perda da sua irmã gêmea Sigridur.
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Após a morte da irmã ela passou a ser vista pelas pessoas como a menos morta, porque a irmã era seu norte, ela que dava voz as duas, que elaborava as brincadeiras, os passeios e quando ela morre, Halla fica sem rumo, sem saber o que fazer, nem como lidar com a dor da perda. O pai um poeta tenta consola-lá, mas ele é ausente, a mãe que está sempre presente, se entrega a dor e tem sinais de loucura que a assusta, fazendo com que ela fique muito mais tempo fora do que dentro de casa.
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No dia do sepultamento da irmã, falaram p Halla que ela foi plantada e ela passa a visitar o túmulo esperando que aquela semente brote e fica divagando sobre o que irá nascer ali. E, quando se dá conta que continuará crescendo e a irmã não, ela pede para o pai poda-lá como um bonsai para ela ficar sempre na altura da irmã.
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Sozinha, Halla acaba se relacionando com a única pessoa que a irmã pediu para ela manter distância, o Einar, um cara mais velho com retardo mental que tem um diálogo mais infantil que o da Halla, aliás os diálogos da Halla é tão profundo que as vezes nós esquecemos que ela é uma criança, mas quando isso acontece ela lembra o leitor que só tem 11, 12 ou 13 anos (o período que se passa a história) e que está sofrendo com perda da irmã.
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O livro é curto, tem só 160 páginas, mas é impossível ler rápido devido a profundidade dos acontecimentos nele narrados. Tem a perda, luto, abuso, negligência, mágoa, ódio...e a saudade.
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"Sofro por ti e sofrer por ti ainda é a felicidade que me resta."
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Amanda Bento 27/03/2019

quase como se Machado de Assis tivesse ido pra Islândia
esse livro me deixou desconfortável, terminar foi um pouco difícil. quero ler outros livros do autor pra saber se o desconforto é parte da técnica ou foi um recurso.
alissonferreira.c1 27/03/2019minha estante
Em que sentido te deixou desconfortável? Fiquei curioso.


Amanda Bento 28/03/2019minha estante
No sentido de ter abuso sexual de uma menina de 11 anos


alissonferreira.c1 28/03/2019minha estante
Nossa, que pesado. Já cortei da lista.


Amanda Bento 29/03/2019minha estante
pois é, é um tema muito pesado




Ana Aymoré 16/03/2019

Como ver com as costas dos olhos
"Nós não somos mais do que a carne do poema. Terrível ou belo, o poema pensa em nós como palavras ensanguentadas. Somos palavras muito específicas, com a terna capacidade da tragédia."
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O que nos salva da desumanização em "um tempo de profunda maldade"? O romance breve de Mãe, com a densidade característica da linguagem dos símbolos, constitui-se, de fato, no sistema literário do autor, como um metaromance, no qual a crítica do autor português às estruturas - estatais, familiares, econômicas, sociais, das mentalidades coletivas - que se constituem para a nossa invariável pobreza (de corpo e alma) e para a nossa infelicidade acentua-se e sintetiza-se, no diapasão aparentemente distanciado da fábula nórdica.
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Pois para muitas/os de nós, a Islândia soa como um espaço distante demais, irreal. Mas se a olharmos, através da escritura de Mãe, com "as costas dos olhos" (a leitura literal fracassa nesse romance, não tem jeito), podemos nos ver ali - somos nós através das palavras ensanguentadas de Halla. Sofremos, como só pode sofrer - e agir - com coragem a menina violada, o apagamento do outro que é também nossa quase morte; a violência que se inscreve na pele, oriunda do próprio seio familiar; os estupros insensíveis, cotidianos, das mulheres na sociedade dos homens, os quais quase não perceberíamos se não fosse a fecundação natimorta; a devoração da boca de deuses terríveis que só existem para nos julgar; a hipocrisia dos maus disfarçados de santidade e atenção desinteressada na comunidade.
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Nesse inferno gelado em que vivemos imersos, a mensagem segue sendo a mesma: a literatura tem a potência de nos salvar de nós mesmos, de nossa progressiva desumanização civilizada. Encontrar uma rota de fuga que seria, que é (o romance se encerra com uma nota de esperança, afinal) a realização do reencontro das irmãs-espelho: o ser longe.
arlete.augusto.1 19/06/2019minha estante
Parabéns pela resenha. A escrita de Mãe é instigante e difícil de digerir, mas fascinante.




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