siazlara 14/05/2024
A metamorfose
"Quando certa manhã Gregor Samsa acordou de sonhos intranquilos, encontrou-se em sua cama metamorfoseado num inseto monstruoso."
Gregor Samsa era um caixeiro viajante que através do seu trabalho sustentava a sua família, mas em uma certa manhã ele se vê impossibilitado de fazê-lo, por ter subitamente se metamorfoseado em um grande inseto.
Com isso a narrativa já se inicia no seu clímax e o desenrolar dela se torna entediante e monótono, a princípio, eu tive aversão a isso, mas depois de terminar a leitura eu pude perceber que havia um propósito do autor com essa descrição enfadonha dos fatos que seguiram a transformação de Gregor.
O autor queria justamente expressar como Gregor estava se sentindo, como sua vida estava sendo, obrigando-nos a nos colocarmos no lugar do personagem e a compartilharmos da agonia do mesmo, mas quando o leitor cansado da inatividade do livro o fechasse, o personagem ainda estaria ali em cada palavra do livro, sofrendo em sua agonia, mesmice e inércia.
Com a metamorfose de Gregor a família se vê perdida após o mesmo parar de gerar renda por conta de sua condição, tendo que voltar a trabalhar, vender suas jóias e alugar quartos em seu apartamento.
Com o passar dos meses e sem a melhora de Gregor ou sua transformação de volta ao seu estado normal, pelo fato dele não poder beneficiar a família, eles vão o deixando cada vez mais de lado e o tratando até com certa ignorância e negligência.
Nisso, Franz Kafka enfatiza como muitas vezes não somos valorizados pelo o que somos, mas sim pelo benefício que trazemos, e quando uma vez deixamos de ser úteis, somos abandonados e esquecidos para morrer, e é assim que percebemos o egoísmo humano, a arrogância, a falta de empatia de modo que não sabemos se somos realmente amados ou simplesmente convenientes.