Camille.Pezzino 04/01/2023
RESENHA #204: A MORTE IMPOSSÍVEL
Alguma vez, você parou para pensar o nome de certo personagem? Por que o autor resolveu escolher aquele nome dentre tantas possibilidades? Será que é coincidência ou foi uma proposta ousada do autor?
Agatha Christie, a brilhante Rainha do Crime, sempre traz algo para me surpreender. Dessa vez, fiquei me questionando duas coisas que podiam parecer incoerentes ou simples acasos: por que o nome de seu narrador em primeira pessoa era Mark Easterbrook? E por qual motivo a escritora resolveu colocá-lo como historiador do Império Mongol?
Ainda que pareça não ter nada a ver com o enredo e o crime, tinha algo me incomodando. “Mark Easter Brook”, separado, pode muito bem dar algo como a marca, a Páscoa e o riacho. O que esses elementos têm em comum com a trama? Tanto o título quanto o crime possuem relações com a Bíblia.
Assim, duas coisas me chamaram atenção: o riacho pode ter muito bem a ver com a água e a sua correnteza, algo que afasta demônios e também trata de dar vida; e, não menos importante, a Páscoa é sobre a ressurreição de Cristo. Assim, em um romance que o título fala sobre o cavalo da Morte, por que não ressurgir com a vida e resolver o mistério? Talvez seja essa a marca do personagem. Ainda mais interessante é que o personagem estuda o maior império conhecido, mas, até hoje, não é o estatuto religioso que sustenta muitas das diretrizes do Ocidente? Pode não ser um Império como o de Khan, mas ainda assim conecta diferentes indivíduos de múltiplas nacionalidades (além de ter durado tanto tempo!).
Dessa maneira, o nome do personagem prenuncia – como uma prolepse, ou seja, adiantamento narrativo – que esse romance trata da ressurreição de um crime, além de ser sobre algo religioso: um padre – aquele que abençoa e afasta demônios, como o riacho – é assassinado depois da última confissão de uma vítima. E não é que se encaixa perfeitamente? Eles estão tentando salvar pessoas em risco também, vale lembrar uma outra possível leitura. Daí, senti que pensar tanto num nome não foi uma perda de tempo, pelo contrário, só mostrou como a escritora é sensacional.
QUER SABER MAIS? ACESSE EM: https://gctinteiro.com.br/resenha-204-a-morte-impossivel/
site: https://gctinteiro.com.br/resenha-204-a-morte-impossivel/