Christian 31/10/2012
Apenax Risox
Outra resenha cuja atualização se faz necessária.
A primeira foi escrita numa fase de emancipação e total ódio a este livro, por causa de certos motivos.
Hoje diminui bastante o sentimento de repelir o livro que edificou a doutrina dominante de uma instituição autoritária e presunçosa. O mais irônico da história é que, após o cristianismo se valer de tradições pagãs e usá-las na fabricação de sua mitologia, seus representantes futuros tenham perseguido tão violentamente seitas politeístas "hereges".
Hoje considero a bíblia um amontoado de histórias e farto manancial para inspiração, pois é inegável inventividade de algumas histórias, embora carregadas do apelo religioso exibindo as façanhas de YHVH.
Certamente passa longe de ser um livro sagrado ou ponto de referência moral, exceto a seguida por reacionários que insistem em acreditar e defender a misoginia, vários preconceitos e pensamentos incompatíveis com a sociedade atual. Há quem se recuse a acreditar que seja o produto do grande esforço dos "pais da igreja" de construir um corpo de textos - mais ou menos convincentes e que mantém bastante relação entre si, apesar da lista de contradições - para edificar uma religião. Martelados tais dogmas exaustivamente na população do ocidente, a qual influencia profundamente há quase 2 milênios, não surpreende o peso do grilhão ainda a prender grande parte das pessoas.
YHVH contraria totalmente a figura de um deus perfeito. Sua arbitrariedade é tão infinita quanto o poder exaltado por seus Profetas. É uma divindade egocêntrica, tirânica e de justiça esclerosada. Sua incompetência quase é risível. Mata crianças; castiga terceiros por erros alheios. Falhou miseravelmente na criação. Foi desafiado pelo seu arcanjo mais perfeito (mais um acréscimo nos fracassos da Criação). Irritado, destruiu o mundo inundando-o para acabar com os pecados, e a seguir faz a humanidade renascer; o "mal" persiste. Numa cartada decisiva, envia um messias de 500 graus de unção e poder; falha novamente. O "pecado" insiste em alastrar e as artimanhas de lúcifer - o maior troll dos milênios - tampouco terminam. Finalmente, depois de tantos esforços em vão - que não abalaram a auto estima do invencível jeová - chegamos ao presente momento. Aguardamos seu triunfante retorno e destruição do mundo (mais uma vez), na espera de que enfim leve a cabo sua meta de aniquilar satanás e criar o santo e purificado 1000 Year Kingdom.
Outra leitura pressupõem a criação de Satanás como parte do plano divino. Obviamente, isto é bastante lógico: cria-se um universo, divide-se entre duas forças opostas e joga-se pobres mortais ignorantes neste turbilhão. Ao, fim condenam-se alguns e elevam-se outros ao Paraíso, depois de milênios de sofrimentos, dilúvios, Messias e guerra ao maligno. Os pobres humanos levam sempre a pior, joguetes dos caprichos do Altíssimo ou de Lúcifer, numa espiral de sofrimento milenar extremamente desnecessária, considerando a onipotência do Criador. Um estalar de dedos de deus nos pouparia dos vários infortúnios da realidade material. A criação, portanto, se revela um grandessíssimo desserviço ou falta divina do que fazer.
Quem ler as passagens bíblicas tentando pensar de forma crítica, constatará a inexistência do divino e sagrado no livro. Perceberá tratar-se de compilação de textos organizados por interesses em submeter massas a uma ideologia forjada - objetivo logrado por seus arquitetos. A Igreja, embora aparentemente enfraquecida, exerce ainda considerável influência no pensamento da sociedade. A Bíblia, neste jogo, desempenha papel fundamental - é baluarte e princípio dos dogmas cristãos.
Enquanto defensores fervorosos pregam o iminente retorno do cristo, fiquemos todos no aguardo e vivendo livres das leis arbitrárias de YHVH. Caia a sombra do medo do inferno - incutida em nós há 2 milênios. Que o cadáver da unidade absoluta, da autoridade e cólera de YHVH e suas Igrejas corruptas se fragmente nas inumeráveis "verdades" do universo, enquanto o salvador promete demorar no mínimo eternamente.