Camis 11/05/2014Após uma doença fatal ter dizimado uma grande parte da população, um governo autoritário, liderado pelo Rei, assumiu o controle e estipulou algumas ordens para que houvesse paz após o caos causado pelas mortes. Agora, 16 anos depois do início da praga, o estado de saúde da população já foi controlado, os garotos e homens foram enviados para campo de trabalho forçado para produzirem o necessário para satisfazer as necessidades do Rei e das pessoas que vivem na Cidade de Areia, e as meninas foram mandadas para as Escolas, uma espécie de internato com regras severas e que zela pela saúde e boa educação de todas elas, dizendo-lhes que assim que atingirem a idade certa e forem enviadas para o prédio além da Escola, terão a chance de usar seus talentos desenvolvidos no internato e se tornarem grandes profissionais.
Eva está a um dia de se formar. Ela foi a melhor aluna da Escola durante anos, recebeu uma medalha de honra por seu talento, é dotada de uma beleza fenomenal e acredita em uma vida tranquila e segura além dos muros do internato onde viveu. Mas na noite anterior a sua formatura ela descobre que a vida prometida pelas suas professoras não passa de uma mentira, e que o que o futuro lhe guarda é triste e repugnante.
As garotas que se formam não são enviadas ao prédio sem janelas, que elas podem observar pelo jardim da Escola, com o objeto de se tornarem grandes arquitetas, médicas ou pintoras. Eva descobre que bem ali, logo após o lado que cerca a Escola, as garotas são acorrentadas em camas de hospitais e são forçadas a dar à luz bebês e mais bebês, com o fim de aumentar a população mundial, como escravas parideiras.
Eva não pôde acreditar que foi tão tola ao ponto de acreditar em todas as mentiras da escola, e agora ela sabe que precisa fugir. Existe uma cidade para refugiados chamada Califia, na antiga cidade de São Francisco, onde ela estará segura. E era pra lá que ela estava fugindo com Arden, outra fugitiva da Escola, quando conheceu Caleb.
Durante toda a sua vida Eva foi ensinada a não confiar nos homens. Segundo suas professoras eles haviam causado doenças, desilusões amorosas, e guerras. Não eram confiáveis ou dignos da piedade e do amor feminino, exceto o próprio Rei. Mas mesmo indo contra tudo aquilo que foi mandada acreditar, Eva não consegue entender porque se sente tão bem ao lado daquele garoto que parece arriscar sua vida por ela sem motivo algum. Talvez ela tenha aprendido tantas mentiras na Escola, que agora, vivendo em fuga no meio da mata, seja hora de começar a aprender por si só.
Anna Carey desenvolveu seu roteiro inteiro fundamentado na originalidade. É o tipo de distopia que eu não havia lido ainda, mas que desde o momento em que vi a capa e li a sinopse já tinha me sentido atraída. Mas, infelizmente, foi um livro que não atingiu minhas expectativas, e apesar de não poder ser considerado ruim, creio que não pode também ser chamado de “excelente”.
O cenário do enredo é os Estados Unidos após uma grande devastação, em que casas estão abandonadas e saqueadas, carros estão enferrujados no meio das antigas ruas, e as cidades viraram um ambiente selvagem à medida que o mato e a floresta foram invadindo-as. Na hora de descrever os locais, Anna não peca. Como Eva foi para a Escola aos 5 anos, ao passar por um McDonalds ela apenas o descreve como “o local com um grande M curvado e amarelo”, o que dá um toque de realidade ao livro.
Porém, acho que o problema mesmo foi Eva. Ela é uma personagem que viveu a vida toda às cegas, acreditando em mentiras e no futuro próspero que nunca existiria. Porém, a medida que a realidade a atinge, ela se torna destemida e vai evoluindo no decorrer do livro. O problema é que Eva não encanta o leitor. Por mais bela, doce e determinada que seja, ela acaba por se tornar uma mocinha um tanto clichê e sem graça. E mesmo o romance com Caleb, que poderia ter sido um toque perfeito ao livro, me deixou com um sentimento de “é só isso?”.
Na verdade, a única personagem que realmente me cativou foi Arden, que é corajosa, guerreira, engraçada e dotada de uma sinceridade ácida. Arden é uma coadjuvante que poderia muito bem ter ocupado o papel principal e levado o enredo para outro patamar. E mesmo Arden, que poderia ter sido a diversão do livro, a autora não soube aproveitar.
Talvez a continuação seja melhor, e realmente gostaria de continuar lendo a série, porém, não tenha grandes expectativas como eu. Se você começar a ler o livro pensando que não vai ser tão legal, pode acabar terminando por achá-lo o melhor do mundo. Pelo menos é o que sempre acontece comigo, e é o que eu recomendo no caso de Eva.
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